19 fevereiro 2015

Podes me chamar, amor.

Não tenho medo de te chamar quando eu te desejo. Não tenho receio algum. Porque sei, todo momento tu também me queres. Desejo mútuo que não procura hora adequada.

Não tenho vergonha alguma em te falar sacanagens ao telefone. Escrever-te mensagens que já trazem nas letras o desejo ardente. É só uma questão de tempo e logo as palavras se tornarão gemidos.

Não. Não tenho nenhum escrúpulo em te tocar e deixar que me toques, como a dedilhar ao violão, ou ao piano, numa suave canção, vibrando a cada nota musical. Deixo que tu escolhas os lugares do meu corpo. Mas, sem que tu percebas, vou te conduzindo por onde eu (também) quero, contorcendo-me à medida que me tocas. Tuas mãos, despudoradas, abrem caminho para o meu prazer.

Não nos preocupa o tempo. Aliás, quando isso acontece sequer sabemos o que se passa lá fora.

A pequena pausa para as conversas divertidas. Nossos rostos com expressões de saciados. Olhares de cúmplices.

Repetes a todo instante que tenho a boca mais gostosa de todas, enquanto não paras de me beijar. Não quero que pares de me beijar, mas quero, entre beijos, que me toques o corpo novamente ardendo em desejos. É quando as carícias acontecem em simultâneo. E completamos a simbiose do desejo.

Fazes uma leitura erótica de mim, como se estivesses lendo um livro, impúdico. Surpreendentemente, já leste o livro inúmeras vezes, mas a cada toque, para virares a página, tu ainda te delicias com o que vês.

Ficamos assim, de maneira dissoluta, entre quatro paredes, como se o exterior não existisse.

Não. Não mudemos nada. Não cobremos nada um do outro, a não ser essa liberdade de me chamares quando o desejo te consumir...


(Eu)