19 abril 2015

Elevador da Glória


Não nego que seduzi o professor para fazer direito por linhas tortas mas o canudo já cá canta e quem tenha uma licenciatura impoluta que me atire a primeira pedra. Aliás, foram noites esforçadas em que afincadamente nem reparei nas rugas que lhe enchiam o pescoço nem as mãos perceberam as carnes moles do seu rabo graças a auxiliares de memória de estudos anteriores.

Não nego que troquei o catedrático por um administrador da empresa onde consegui lugar pela cunha de um amigo de nossa casa, depois de um sábado em que acertámos os pormenores desse emprego estiraçados na banheira com muita champanhota. O administrador ainda estava em muito bom estado de uso, tanto que ainda era capaz de me pegar ao colo e lambuzar-me as mamas enquanto me transmitia o seu poder e mais a mais, catapultou-me para um lugar cimeiro da firma, dando-me pela primeira vez o prazer de poder mandar em pessoas e ver os gajos chocarem uns com os outros na pressa de me darem lume ou chegarem um cafézinho como se fosse um alinhamento em estado de prontidão para todos os recados.

Não nego que passei a ter assento nos restaurantes de negócios e depois de alguns investimentos falhados em dirigentes desportivos e construtores civis, lá consegui trocar o administrador por uma homem da área financeira que até já me deu uma fundação inteirinha para dirigir.

Só me parece que era escusado os colegas da faculdade chamarem-me Elevador da Glória.