22 julho 2015

«conversa 2121» - bagaço amarelo

Sempre tive mulheres como amigas. Ter uma mulher como amiga é diferente de ter um homem como amigo. É mais exigente, quero eu dizer. Primeiro porque a confusão entre o que é, ou não, amizade se pode tornar um terreno pantanoso; segundo porque as mulheres têm a mania de não se enganarem a si mesmas.
Para se ser amigo de um homem são precisas duas coisas: gostar de cerveja e conseguir ver um jogo de futebol no café. Para se ser amigo de uma mulher são precisas mil e quinhentas coisas, entre elas muito tempo e uma confiança nunca quebrada. A cerveja e o jogo de futebol também podem existir, mas mais lá para o fim da lista.
Foi com as mulheres que eu aprendi o que é a Amizade, aquela que vai para lá da divisão de um prato de tremoços enquanto se comemora um golo do Sporting. Tudo porque as mulheres sabem fazer a distinção entre esses tremoços e ir para as cambalhotas na cama. Os homens não sabem. Eu, pelo menos, sempre tive dificuldade.

- Queres dormir comigo? - perguntei.
- Porquê?!
- Talvez eu queira ser mais do que teu amigo! - atirei como se fosse a última carta num jogo de póquer.
- Nunca vais conseguir ser mais do que meu amigo.
- Porquê?
- Porque isso não existe. Se fores para a cama comigo, passas a ser menos do que meu amigo.

Continuei a comer tremoços.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»