Senhora do corpo
esbelto, em má hora fui nascido!
que nunca perdi cuidado
nem afã desde que vos vi.
Em má hora fui nascido,
senhora, por vós e por mim!
Com est’ afã tão alongado
em má hora fui nascido!
que vos amo contra vontade
e vos causo mágoa.
Em má hora fui nascido,
senhora, por vós e por mim!
Ai eu, cativ’ e coitado,
Em má hora fui nascido!
que servi sempr’ em vão
onde bem nunca consegui.
Em má hora fui nascido,
senhora, por vós e por mim!
Português antigo
Senhor do corpo delgado,
en forte pont’ eu fuy nado!
que nunca perdi cuydado
nem afan des que uos ui.
En forte pont’ eu fuy nado,
senhor, por uós e por mi!
Con est’ afan tan longado
en forte pont’ eu fuy nado!
que uos amo sen meu grado
e faço a uós pesar y.
En forte pont’ eu fuy nado,
senhor, por uós e por mi!
Ay eu, cativ’ e coytado,
en forte pont’ eu fuy nado!
que serui sempr’ endõado
ond’ un ben nunca prendi.
En forte pont’ eu fuy nado,
senhor, por uós e por mi!
Pero da Ponte
Este poema faz parte do iBook “Coletânea da Poesia Portuguesa – I Vol. Poesia Medieval”
disponível no iTunes.
Transcrição do Português antigo para o moderno de Deana Barroqueiro.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa