O dedo, o indicador da mão esquerda, ganhou uma dor latejante. Larguei o esfregão, a faca e o copo que tinha entre as mãos e disse uma asneira que só as paredes ouviram. É estranho. As paredes lembram-me sempre de ti. Talvez por ser com elas que falo da solidão que é não te ter.
Rio-me. Acho que a maior parte de nós não dá a devida importância às paredes. Em silêncio, construímos muros que nos separam, como os que dividem Jerusalém da Cisjordânia ou o México dos EUA. Só nos manifestamos quando eles caem, como quando caiu o de Berlim. De alegria, claro. Temos a mania de gritar felicidade e de engolir a tristeza.
Talvez um dia destes eu derrube estas paredes e grite ao mundo que gosto de ti. Talvez o mundo organize uma banda com tambores e oboés. Será o dia da revolução. Até lá, direi asneiras às paredes.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»