O que eu sei é que nunca ouvi ninguém dizer o contrário, que atrás de uma grande mulher há sempre um grande homem, talvez porque quem diz estas coisas nunca espera ver uma mulher à frente de um homem.
Se atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher, quer dizer que atrás de um homem pequeno também pode haver uma grande mulher. Já as mulheres pequenas confinam-se aos traseiros dos homens também pequenos. Há, portanto, mais mulheres grandes do que homens. Ainda assim, sugere-se que uma mulher nunca aparece à frente.
Outro problema semântico deste provérbio é que assume que atrás de um homem pequeno nunca há uma grande mulher, ou seja, a grandeza de um homem é determinada pela mulher que lhe segue atrás. Se ela é pequena, ele também.
Ficamos a saber que os homens para serem grandes precisam duma grande mulher e que as mulheres estão destinadas a andar atrás. E eu, que me lembro de um anúncio rodoviário em que um homem dizia que com ele a criança ia sempre atrás, não consigo deixar de pensar na pequenez de quem diz estas coisas.
Pus na passadeira rolante um saco com pão e uma garrafa de vinho branco. Fiquei a olhar para eles. Tinham, de facto, o mesmo tamanho. Ela arrumou todas as compras em sacos e ele, um pouco à frente, impávido e sereno, não fez nada a não ser pagar a conta. Ele é o presidente da câmara duma terra de que não percebi o nome. Grande homem, portanto. Ela é a mulher dele. Grande mulher.
Esclareceram-me!
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»