descobres o vento, e os ramos
agitam-se
por entre os dedos,
como se agitam as auroras
onde os nomes são trevos
ausentes.
descobres os nomes
e não sabes
que os ventos despem
as copas das árvores,
e despem as aves
que as conhecem e nomeiam,
tornando maior, mais aguda
e estranha
a nomeação das flores.
as flores são como os ventos,
partindo-se na dúvida
e na fé- engolem
a sabedoria ancestral
das mulheres, e ocupam-se
das águas de março.
descobrir
os ventos é como reaprender
os nomes dedilhados
pelas ausências,
e sussurrar às algas
o que somos- marinheiros
de nós mesmos,
seres em transumância,
sombras do que nascemos,
esqueletos de uma existência
onde as aves
são entidades
de uma espiritualidade
densa
como as marés
de inverno.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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