25 agosto 2012

Homens, aprendam a mudar um pneu

«conversa 1907» - bagaço amarelo

Ela - Ontem tive, finalmente, sexo com aquele rapaz de quem te falei...
Eu - Aquele com quem andavas a sair há quase meio ano?
Ela - Sim. Até chorei.
Eu - Doeu-te?
Ela - Não estúpido. Fiquei emocionada.
Eu - Ah!
Ela - Ah?! É só isso que tens para me dizer?
Eu - Eu não estava lá. Queres que te diga o quê?
Ela - Como amigo, podias perguntar-me como é que me sinto.
Eu - Já sei que choraste porque te emocionaste. Como é que sentes, então?
Ela - Nem sei bem...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«Memoires de Versorand»

Livro erótico francês de 1751 (1ª edição) em dois volumes e seis partes (136, 140 e 132 páginas + 135, 123 e 142 páginas).
Editado em Amesterdão.
500 gr / 8 x 14 cm /
Esta obra foi por vezes sub-intitulada «o libertino que se tornou filósofo».
Recebido de fresco na minha colecção.


Um sábado qualquer... - «Queima de arquivo»



Um sábado qualquer...

24 agosto 2012

«Repetidamente e uma vez mais» - João

"Estávamos num vigésimo segundo andar ao final da tarde, e nenhum outro prédio das redondezas era tão alto quanto este. Uma das paredes da casa-de-banho, como aliás a de outras divisões da casa, era totalmente envidraçada. Noutra parede, perpendicular à vidraça, existia um espelho que acompanhava toda a parede até à porta, e, abaixo dele, uma bancada de pedra negra, ampla, com dois lavatórios próximos e dois copos de vidro. Em pé, apoiado na bancada, observava os pequenos sabonetes e um pincel de barba.
A ausência de prédios próximos com a mesma altura, e o facto de os pisos no topo terem superfícies envidraçadas, retira a necessidade de reserva. Naquele duche podem tomar-se banhos prolongados com o sol a beliscar a nudez, pode passear-se por toda a casa sem que a roupa seja necessária, pode ler-se um livro junto ao vidro, olhando o resto da cidade, como se se estivesse sozinho no mundo. Ninguém vê.
Ninguém te viu entrar. Traiu-te o barulho de chaves pousadas sobre loiça numa pequena prateleira junto à porta de entrada. O som de saltos no pavimento foi discreto, quando te aproximavas de um roupeiro onde deixaste um casaco comprido. A mala atiraste para o longo sofá com vista para a cidade e uma avenida que se projectava distante e perpendicular à fachada envidraçada daquele apartamento. Sentaste-te numa parte dele e depois deslizaste até à chaise longue. Arranjaste o cabelo ao mesmo tempo que um pé empurrava primeiro um sapato para o chão, e depois o outro. Desapertaste a blusa que vestias botão por botão, deixando-a vestida mas com o soutien rendado visível, através do qual havia um vislumbre de mamilos bem desenhados.
Ouviste-me, por fim, dentro da casa de banho, quando a torneira da água foi aberta, e a lâmina se limpava dos pêlos de uma barba desfeita. Rolaste no sofá até te ergueres, soltando o colchete e deslizando o fecho que segurava a saia lápis no seu lugar. Caiu, sem amparo, no chão. Sem ruído e sem queixume, não muito longe dos sapatos. Eras tu, de blusa aberta e renda arejada como que deslizando até à porta de onde eu estava, apenas para me provocar enfiando um dedo entre a tua carne e o tecido que te cobria a genitália, descendo-o lentamente, passando o joelho, tombando também. Estavas a pouca distância de nua. E, rodando, viravas-me as tuas nádegas num convite, como quem me pergunta se já tinha almoçado naquele dia, se tinha fome, se estava interessado numa sobremesa e café.
Disse-te que sim, perseguindo-te pelo espaço, enquanto me fugias em direcção ao sofá. Detiveste-te nas costas dele, parada de costas para mim. Costas, as tuas, que inclinaste em frente, deixando-me um caminho aberto, umas pernas ligeiramente afastadas e nádegas que ofereciam visão e espaço para uma invasão. Disse-te que sim, que uma sobremesa e um café seriam boa ideia, e penetrei-te repetidamente, sem pensar no sofá que se marcava com os nossos odores, sem pensar em mais nada. Ejaculei profundamente dentro de ti, enquanto te segurava as mãos, puxando os teus braços atrás das costas. Quando as larguei, julgo que estavas sem forças. Deixaste-te cair, e eu também, rodando até me sentar ao teu lado.
Num mundo sem consequências terias sido fodida assim, mas no mundo que existe, fiquei de mãos assentes na bancada de pedra escura, segurando com pouca firmeza uma lâmina, a cara ainda coberta de espuma, dois copos de vidro por usar e um pincel da barba molhado. Com o meu olhar na água que corria e o calor do sol que entrava e me banhava a nudez, pensava na sobremesa e no café, nas mãos presas atrás das costas, nas penetrações profundas, e nos acidentes de que tentamos fugir."
João
Geografia das Curvas

Kruzes, Kredo!


Pode parecer estúpido mas não é, sobretudo quando se está na minha pele.
Aqui há dias reparei num sms trocado entre dois jovens coisos agarrados a jovens pilas e para meu horror vi lá escrita por diversas vezes uma palavra nova e que, confesso, me custou a admitir que queira dizer o mesmo que a outra.
Cada coiso ou coisa agarrados a nós sente-se no direito ao respeito pela sua sensibilidade mas dificilmente encontram naquele monte de coisas estranhas uma zona mais sensível do que a nossa, a zona erógena. Por isso mesmo não me inibo de manifestar o meu desagrado pela forma como os coisos pequenos adulteram (isto soa bizarro, eu sei) a língua sem necessidade alguma e sem respeito pela forma como isso pode afectar uma piroca no âmago do seu ser.
A palavra que me chocou é kona. Até me custa olhar esta monstruosidade que associa à imagem de algo belo uma outra que a transforma num pesadelo e eu posso explicar porquê.

A palavra cona, a que os jovens coisos se referiam, não é um termo feliz, isso posso admitir, e só ganhou popularidade por apesar do estatuto de palavrão acabar por ser uma opção mais razoável do que o termo institucional vagina.
Porém, cona é uma palavra inspiradora até nas letras que a formam, nomeadamente aquele ó tão apetecível que nos permite uma ligação mental directa a um espaço paradisíaco e sem o qual nenhuma pila como eu conseguiria sobreviver, pelo menos com a mesma vitalidade que gosto de louvar. Sim, os coisos agarrados à nós convencionaram que cona não se pode dizer ou não se deve dizer embora ande na boca de muita gente e disso não falo por interposta piroca, sou testemunha.

Contudo, essa palavra para mim tão apelativa sofre uma mutação tão horrível como se de repente os coisos agarrados a nós passassem a ter lâminas de barbear entre as pernas em vez de pirocas magníficas como a que coube em sorte ao coiso agarrado a mim,
Kona parece ser a mesma coisa, soa parecido e tudo, mas há a tal questão de pormenor (e o diabo está sempre nos pormenores) que parece irrelevante para as coisas e os coisos mas para uma pila não é, pois transforma um espaço seguro e acolhedor numa guilhotina imaginária..
Bastam dois dedos de prepúcio para perceber que é um insulto associar à palavra mais bonita do Universo a letra mais insuportável do alfabeto! Qualquer pila percebe porquê.
E a de um tal de Lorenzo Bobbit pode explicar com maior detalhe...

São Rosinhas!...

Recebo regularmente informação sobre as novidades da malta amiga da Erosfarma.
Desta vez, chamou-me a atenção um "adorno mamilo Rosinhas vermelho". Que bela homenagem me fazem!...




Alguma alma caridosa me quererá oferecer isto? Eu juro que uso (na minha colecção)!

Faz um ano e ainda não transamos...




Meninas WTF

23 agosto 2012

A origem da menstruação

(De uma fábula inédita de Ovídio, achada nas escavações de Pompeia e vertida em latim vulgar por Simão de Nântua.)

’Stava Vénus gentil junto da fonte
Fazendo o seu pentelho,
Com todo o jeito, p’ra que não ferisse
Das cricas o aparelho.

Tinha que dar o cu naquela noite
Ao grande pai Anquises,
O qual, com ela, se não mente a fama,
Passou dias felizes...

Rapava bem o cu, pois resolvia
Na mente altas ideias:
– Ia gerar naquela heróica foda
O grande e pio Eneias.

Mas a navalha tinha o fio rombo,
E a deusa, que gemia,
Arrancava os pentelhos e, peidando,
Caretas mil fazia!

Nesse entretanto a ninfa Galateia,
Acaso ali passava,
E vendo a deusa assim tão agachada,
Julgou que ela cagava...

Essa ninfa travessa e petulante
Era de génio mau,
e por pregar um susto à mãe do Amor
Atira-lhe um calhau...

Vénus se assusta. A branca mão mimosa
Se agita alvoroçada,
E no cono lhe prega (oh! caso horrendo!)
Tremenda navalhada.

Da nacarada cona, em subtil fio,
Corre purpúrea veia,
E nobre sangue do divino cono
as águas purpureia...

(É fama que quem bebe dessas águas
Jamais perde a tesão
E é capaz de foder noites e dias,
Até no cu de um cão!)

– “Ora porra” – gritou a deusa irada,
E nisso o rosto volta...
E a ninfa, que conter-se não podia,
Uma risada solta.

A travessa menina mal pensava
Que, com tal brincadeira,
Ia ferir a mais mimosa parte
Da deusa regateira...

– “Estou perdida!” – trémula murmura
A pobre Galateia,
vendo o sangue correr do róseo cono
Da poderosa deia...

Mas era tarde! A Cípria, furibunda,
Por um momento a encara,
E, após instantes, com severo acento,
Nesse clamor dispara:

“Vê! Que fizeste, desastrada ninfa,
Que crime cometeste!
Que castigo há no céu, que punir possa
Um crime como este?!

Assim, por mais de um mês inutilizas
O vaso das delícias...
E em que hei de gastar das longas noites
As horas tão propícias?

Ai! Um mês sem foder! Que atroz suplício...
Em mísero abandono,
Que é que há de fazer, por tanto tempo,
Este faminto cono?...

Ó Adónis! Ó Júpiter potentes!
E tu, Mavorte invito!
E tu, Aquiles! Acudi de pronto
Da minha dor ao grito!

Este vaso gentil que eu tencionava
Tornar bem fresco e limpo
Para recreio e divinal regalo
Dos deuses do Alto Olimpo.

Vêde seu triste estado, ó! Que esta vida
Em sangue já se esvai-me!
Ó Zeus, se desejais ter foda certa
Vingai-vos e vingai-me!

Ó ninfa, o cono teu sempre atormente
Perpétuas comichões,
E não aches jamais quem nele queira
Vazar os seus colhões...

Em negra podridão imundos vermes
Roam-te sempre a crica
E à vista dela sinta-se banzeira
A mais valente pica!

De eterno esquentamento flagelada,
Verta fétidos jorros,
Que causem tédio e nojo a todo mundo,
Até mesmo aos cachorros!”

Ouviu-lhe estas palavras piedosas
Do Olimpo o Grão Tonante,
Que em pívia ao sacana do Cupido
Comia nesse instante...

Comovido no íntimo do peito,
Das lástimas que ouviu,
manda ao menino que, de pronto, acuda
À puta que o pariu...

Ei-lo que, pronto, tange o veloz carro
De concha alabastrina,
Que quatro aladas porras vão tirando
Na esfera cristalina.

Cupido que as conhece e as rédeas bate
Da rápida quadriga,
Co’a voz ora as alenta, ora co’a ponta
Das setas as fustiga.

Já desce aos bosques, onde a mãe, aflita,
Em mísera agonia,
Com seu sangue divino o verde musgo
De púrpura tingia...

No carro a toma e num momento chega
À olímpica morada,
Onde a turba dos deuses, reunida,
A espera consternada!

Já Mercúrio de emplastros se a aparelha
Para a venérea chaga,
Feliz porque naquele curativo
Espera certa a paga...

Vulcano, vendo o estado da consorte,
Mil pragas vomitou...
Marte arranca um suspiro que as abóbadas
Celestes abalou...

Sorriu o furto a ciumenta Juno,
Lembrando o antigo pleito,
E Palas, orgulhosa lá consigo,
Resmoneou: – “Bem-feito!”

Coube a Apolo lavar dos roxos lábios
O sangue que escorria,
E de tesão terrível assaltado,
Conter-se mal podia!

Mas, enquanto se faz o curativo,
Em seus divinos braços,
Jove sustém a filha, acalentando-a
Com beijos e com abraços.

Depois, subindo ao trono luminoso,
Com carrancudo aspeto,
E erguendo a voz troante, fundamenta
E lavra este DECRETO:

– “Suspende, ó filha, os lamentos justos
Por tão atroz delito,
Que no tremendo Livro do Destino
De há muito estava escrito.

Desse ultraje feroz será vingado
O teu divino cono,
E as imprecações que fulminaste
Agora sanciono.

Mas, inda é pouco: – a todas as mulheres
Estenda-se o castigo
para expiar-te o crime que esta infame
Ousou para contigo...

Para punir tão bárbaro atentado,
Toda humana crica,
De hoje em diante, lá de tempo em tempo,
Escorra sangue em bica...

E por memória eterna chore sempre
O cono da mulher,
Com lágrimas de sangue, o caso infando,
Enquanto mundo houver...”

Amém! Amém! com voz atroadora
Os deuses todos urram!
E os ecos das olímpicas abóbadas,
Amém! Amém! sussurram.


Bernardo Guimarães (1825-1884)

Thomas Karsten - A concha de Vénus


blog A Pérola

«Quem desdenha quer pinar» - Patife

Gosto de me vir em maminhas. Mas ontem não foi por gosto. Foi por necessidade. Não sou grande fã de aviar duas vezes a mesma senisga. Uma vez é ocasional, duas vezes já começa a ser relacional. Ainda se começa a ter emoções ou lá o que é isso. Se o sexo alivia a tensão, já o amor causa-a. E desde pequeno que vivo com receio de um ditado popular. Da mesma forma que os irredutíveis gauleses tinham medo que o céu lhes caísse em cima da cabeça, eu sempre vivi sob o temor deste ditado popular se tornar verdade: “Tantas vezes vai um gajo ao moinho que um dia deixa lá o toucinho”. Pelo menos foi assim que o aprendi. Por isso, como ontem estava numa sessão de trabalho nocturna com uma gaja com quem já tinha pinocado há uns anos, e ela começou a tentar a sua sorte, eu apressei-me a sacá-lo cá para fora apenas para esfolar o carapau a olhar para as suas mamas, usando-as ainda como porto de aterragem meital. Quando eu estava quase a atingir o orgasmo, ela percebeu o que eu estava a fazer, arregalou os olhos e ficou boquiaberta de incredulidade. Ora eu pensei que aquilo era um convite e não tardei a alojar o nabo dentro da sua boca. Assim que começa o derrame nabal ela, armada em nojentinha, tira a boca à pressa toda atarantada, ficando com tudo espalhado pela cara. Ficou possessa e muito zangada, não sei o quê dos abusos de confiança e que aquilo era demasiado kinky. Tratei de a sossegar: «Calma. Só é kinky a primeira vez». Estranhamente não a acalmou. A sessão acabou ali com ela a vociferar impropérios à minha estimada pessoa. Como quem desdenha quer pinar até nem me importei de os ouvir. Mas quando ela se vira para soltar um derradeiro e pouco ofensivo “Cretino!” vislumbrei um pequeno pingo de meita esquecido na ponta do seu nariz. Havia algo de engraçado naquela imagem, com ela toda zangada sem se aperceber do seu estado. Por isso, justifiquei-me como um cavalheiro: Desculpa. Agora já sei como ficas quando te sobe a meitada ao nariz…

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Desejos na Solidão das Horas & Confissão


Confissão IV

Há sempre dentro do peito
Uma verdade escondida
Um sonho desfeito
Uma alma ferida

Há horas de desespero
Lágrimas que não se contêm
Algo de tão verdadeiro
Que não se mostra a ninguém

Há sempre em cada peito
Um secreto alçapão
Que nunca pode ser desfeito
Nem mesmo em confissão

É algo de que não se fala
Que se enterra bem fundo
E tudo o que o coração cala
Nunca vê a luz do mundo

Mas mói a alma por dentro
Num rendilhado tão fino
Seca-a tira-lhe o alento
E esconde-lhe o destino

A pobre coitada vagueia
Á toa sem se deter
Por todo o lado passeia
Ninguém a pode entender

É assim que eu me sinto
Sem ter com quem falar
Se falo pareço que minto
Se não falo, vou rebentar…
____________________________________
Há várias maneiras de estar só e de sentir a solidão, estas duas são duas das possíveis.
Num diálogo interior ou num fechar de olhos imaginando ou fantasiando realidades alternativas, explorando desejos e fantasias a "solo"...

PS: Mais trabalhos meus podem ser visitados, comentados e quem sabe, admirados em:
aminhagaleriavirtual.blogspot.com