01 março 2013

Fazes-me falta

Ainda mais neste tempo tão frio e cinzento, faz-me falta o regresso da tua Primavera.
O desassossego que provocavas com a tua presença, contrasta com o desassossego que a tua ausência provoca.
Apesar do que dizem, a necessidade de apaziguamento agudiza-se com o passar do tempo. Dizem que o tempo tudo cura, enquanto eu o vejo passear-se em câmara lenta. Enquanto sinto o meu coração cozer em lume brando.
Não somos estranhos um ao outro. Apenas estranhamos a alteração do sentimento forte que nutríamos um pelo outro.
Agora, fruto do desencanto e do afastamento, encaramo-lo de forma fugidia.
E neste estranho reconhecimento, conhecemos que nada volta atrás. Que nada volta a ser como era. Porque já nem nos lembramos exactamente como era. Apenas recordamos o que imaginamos que foi.
Os apetites outrora insaciáveis, ficaram saciados de um momento para o outro. É possível ver o instante em que a linha quebrou. Em que deixou de ser recta, de declive positivo, para passar a ser quebrada, ziguezagueando sem levar a lado algum.
A paixão ardente não se transformou no amor quente que ambos procurávamos um no outro. No amor quente que todos merecemos e necessitamos. Procuramo-lo e, quiçá, encontramo-lo noutro sujeito. Então tentamos não ser apenas um verbo de encher. Ou talvez sejamos, se ainda não estivermos definitivamente curados deste sentimento que jaz escondido nos nossos peitos. E não o revelamos. Nem o podemos revelar, ou deixaria de ser um segredo bem guardado. E muito menos o podemos confessar um ao outro, para não corrermos o risco de percorrer o mesmo calvário que nos trouxe até aqui.
Anonimamente confesso que o percorreria de bom grado, se caminhasses a meu lado e me ajudasses a levantar de cada vez que caísse. Nunca te empurraria, ainda que fosse capaz.

É fácil uma mulher evitar o estupro?


Todo dia vemos nos noticiários sobre casos de estupros no mundo inteiro. Um dos mais recentes é o da estudante indiana, de 23 anos, estuprada por 6 homens e arremessada do ônibus em que estava. A jovem acabou morrendo no hospital. O acontecimento se deu no dia 16 de dezembro de 2012. Dos 6 homens envolvidos, 5 foram condenados. O pai da vítima esperam que sejam levados ao enforcamento. O sexto rapaz tem 17 anos e será julgado em uma corte própria para menores de idade.

Um crime brutal, mas que é uma prática ainda muito comum em todas as partes do mundo. Contudo, tão medonho quanto a ação de estupro, são as afirmações de algumas "autoridades" tentando colocar uma carga de culpa na vítima, dizendo que em muitos casos o estupro poderia ser evitado. É repugnante ler este tipo de coisa, mas há quem tente inverter o papel da mulher estuprada tachando-a de responsável por ser abusada. Declarações absurdas, como a do guru indiano Asharam, que afirmou que parte da culpa foi da jovem, que poderia ter evitado o crime se tivesse "caído sobre os pés dos agressores e evocado o nome de Deus".

Outras declarações nefastas foram feitas acerca do papel da mulher no estupro em que ela sofre, com as declarações do bispo católico, Luiz Gonzaga Bergonzini, quanto ao consentimento da vítima, que não caracterizaria o estupro. O desprezável bispo diz, em uma entrevista, que ao conversar com suas vítimas e quando elas contam que não queriam fazer sexo, mas que, "acabou acontecendo", e então ele pega a tampa da caneta da repórter e pede a ela que coloque a caneta na tampa. Enquanto isso o bispo movimenta de uma lado a outra a tampa, impossibilitando que a  jornalista consiga colocar a caneta no lugar. Isso é o que ele chama "evitar o estupro quando a vítima não quer".

Também tão abominável quanto à afirmação do bispo, o juiz Derek Johnson, que atua em um tribunal superior de Los Angeles, afirmou que em muitos casos a culpa é da mulher, levando em consideração sua experiência em casos de estupros, tendo um conhecimento do perfil da vítima. Para o juiz, se a vítima não luta contra o agressor, quando a vítima não quer ter a relação sexual, "o corpo se fecha". Com tal afirmação, ele acabou recebendo uma advertência da Comissão de Desempenho Judicial da Califórnia.

Porém, é importante entendermos que a justiça considera importante o depoimento da vítima, a sua palavra torna-se primordial pela falta de provas. Em casos em que esta não consegue comprovações materiais de que foi estuprada, as suas declarações ao tribunal tornam-se importante para se fazer o julgamento. Alguns juízes passam a investigar a conduta da vítima, tentando descobrir se a mesma possui uma conduta moralmente aceitável, sendo alguns casos considerados que a vítima deu motivo à violência (como alguém pode dar motivo para ser estuprada?). Isto dependerá da formação cultural do magistrado. Quanto mais conservador e pregador da moral e dos bons costumes, o juiz poderá declarar que a vítima teve uma conduta que levou ao agressor praticar a sua ação (ainda assim, como isso é possível?).

Os valores machistas ainda estão pesadamente impregnados na nossa sociedade, seja na Justiça, seja no Senado, seja na Polícia, seja na Mídia, e até mesmo, e principalmente, no cotidiano de nossas ações, ainda que muitas vezes possamos negar esse comportamento. O estupro é um crime imperdoável, e que deveria ter uma maior atenção da nossa sociedade, sem a participação da Igreja no que refere à discussão política do assunto.

Obscenatório
http://obscenatorio.blogspot.com.br/

Morcego



Sucumbo assim que escurece 
e o violeta esmorece 
na penumbra de um crepúsculo que desistiu de ser
e se abandona à opacidade de um mar negro, espesso, impenetrável...

É quando regresso ao meu estado original...
Refugio-me num dos ramos daquele plátano velho,
sem folhas, mas forte e imponente,
capaz de aguentar a fúria repentina
de uma tempestade de vento mais violenta...
As raízes colaram-se ao asfalto,
às placas que seguram o chão que pisas
e alimentam a lava subterrânea...
É a árvore da vida que me suporta o peso mortal!

A pele despiu-se da luz aparente
que me aquecia a alma
e retornou à toca de onde brotou doente...
Cega, escura,
sigo-te pelo ruído dos passos,
sinto-te a respiração mais ofegante,
rodopio-te sem me conseguires ver...

É tudo tão fugaz, efémero...
Ao mais leve pestanejar desapareço,
mas tatuei-te o corpo com as minhas impressões digitais,
com a minha saliva, com o fogo que me lavra o ventre...
Despertas a represa de água quente
que ecoa na minha fonte,
libertando-me desta clausura
que me sufoca em estilhaços de vidro!

Guia prático do boquete (broche brasileiro) para mulheres



Testosterona

28 fevereiro 2013

"Bravo Ambrósio!"









Heinrich Lossow (?), 1890

blog A Pérola

«Bico d´obra» - Patife

A semana passada acordei com o desejo incessante de me mamarem no palhaço. São este tipo de emoções que me garantem que não me tornei insensível, por isso sinto que tenho de seguir a sua natureza. É como se estivesse a jogar a um monopólio de emoções viciado que nunca me deixa voltar à chacha de partida mas que me condena amiúde à Estação dos Bicos. Por isso, já mais à noitinha, lá fui eu a uma danceteria a ver se arranjava um bico d´obra. Mas ca ganda regabofe de pachacha que ia para ali. Numa noite normal teria ficado a pulular de excitação mas eu tinha uma missão. Naquela noite eu estava decidido a encontrar o Santo Graal das bocas de veludo. A Terra Prometida dos destinos fálicos. O Taj Mahal da arquitectura do abocanhamento. O problema é que enquanto ia fazendo prospecção de mercado bebi uns copos a mais, o que é capaz de ter turvado o meu discernimento. Isto porque depois de a ter levado para casa recordo-me de lhe estar a dizer: Isso não é só meter a boca no trombone. Também é preciso saber sacar uma notas. Depressa desisti de fazer um enchido do seu esófago e tentei salvar a noite. Virei-a de quatro e toma lá Pacheco. A julgar pela lassidão daquelas bordas certamente que lhe carimbei o cartão de fodilhona frequente.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Estórias de um passado-presente (II)


Março de 2007
..
Dezoito anos e seis meses, ainda abananada por uma maternidade demasiado precoce, não fui capaz de desistir daquilo que eu entendia como "ser eu". E "Eu" gostava de música, de livros às dezenas, de comer coisas estranhas e em sítios "cool", de ser adulta desde muito cedo - com direito a charutos e whisky que deixavam meio confusos os que me rodeavam, para meu gáudio. De teatros, espectáculos, telas e partituras... Gostava de ir onde me desse na telha, com quem me desse na telha, porque sempre até então tinha tido liberdade e euros no bolso que mo permitiam. Nunca liguei grandemente ás calças X ou casaco Y (esses gostos adquiri-os mais tarde...). Gastava, portanto, as minhas mesadas em tralhas inúteis à maioria das miúdas da minha idade. Afinal, os livros - em conjunto com os grandes óculos que sempre usei - não eram "fixes". Sabia mais depressa a capital do Sri Lanka que o nome do último "it boy" da TV. E isso fazia de mim uma freak...

É imensamente mais fácil camuflar-se o que comigo se passou naquele Março quando se vive numa "ilha". - "Afinal, se ninguém nota, não existe, certo?" - E, confrontada com um cataclismo, resolvi não resignar-me. Achei que podia solucionar os meus problemas como as moças que davam entrevistas à SábadoVisão e que tais. Era novinha, não era assim muito feia, sabia falar e conversar sobre tudo e um queijo. E era isso que se lia na altura... a maneira cor-de-rosa como as meninas falavam na imprensa dos encontros com príncipes encantados que lhes pagavam uma pipa de massa para serem "acompanhados" por elas. O lado físico, "animal", da coisa, era "menor". "Se elas podem, porque não eu?!?". Lancei-me à procura de respostas para as minhas perguntas: como, quando, quanto. Deparei-me com os blogs e sites pessoais das referidas acima. E comecei a juntar os pontos...

Mimi
blog «Sometimes It Happens...»

«The addicted» - por Luis Quiles


"Este es el último dibujo que me han eliminado de deviantART (por ahora). Parece que tienen algún tipo de trauma con los genitales, y leyendo sus normas queda claro que solo valen para quien y cuando ellos quieren."

Luis Quiles

27 fevereiro 2013

Efeitos secundários



HenriCartoon

A linha


Foto: Claas Michalik

As mãos. São sempre as mãos que começam o frenesim incessante percorrendo o corpo. Não param. Umas vezes mais suaves, outras mais firmes e enérgicas parecem querer aquecer e fazer fluir o sangue. Os olhos passeiam pelas pálpebras cerradas. O cabelo sente o toque profundo dos dedos. Segue-se o arrepio na pele. Todo o corpo reage sempre daquela mesma forma. O apelo ouve-se em todas as células. Depois vêm os lábios. Tão quentes e húmidos a emoldurar uma língua ávida de sussurros. Os beijos moram no pescoço, nos ombros, nos seios e na cintura. Toda a pele reclama aquele gesto. Lábios nos lábios trocam beijos, segredos, afetos e desejo. Tudo se mistura até que os olhos se abrem e entram na alma um do outro vagueando e navegando por todos os cantos. Cada olhar é uma descoberta. Uma dádiva. Os lençóis moldam-se aos corpos banhados em fluidos que se confundem mas que se distinguem nas pontas dos dedos. A luz muda e emudece o mundo. O tempo habita onde os paralelos se cruzam. Bem para além do horizonte. A linha que, cúmplice, lhes serve de leito.

«respostas a perguntas inexistentes (224)» - bagaço amarelo

do que falamos quando falamos de Amor, de amizade e mais do que vocês quiserem...

O que eu vos vou contar a seguir terá, a meu ver, um grande interesse para alguns de vocês e nenhuma importância para outros. Na verdade, é normal que seja assim. Uma das poucas coisas que aprendi na minha vida é que é assim que podemos encontrar os nossos melhores amigos. Dizendo o que realmente nos vai na alma e perceber quanto é que isso pode interessar aos outros.
Eu estou convencido que há um processo filosófico em tudo aquilo que fazemos, desde as acções mais corriqueiras e quotidianas até às opções que se fazem para uma vida inteira. Por exemplo, acho que há filosofia na forma como um homem apanha o autocarro todos os dias para ir para o emprego, da mesma forma que há no acto de decidir casar com alguém.
Posso estar errado, mas tenho reparado com admiração na forma como a minha companheira alterou a sua vida em função da cadela que adoptámos recentemente. Levanta-se todos os dias mais cedo para a levar a passear, enquanto eu fico a roncar mais uns minutos. Não imaginam a admiração que eu tenho pelo que ela faz, mesmo que resmungue por dentro quando acordo por momentos com a confusão de a sentir a vestir-se e ter um cão aos pulos e a arfar dentro do quarto.
Aquilo que a Raquel fez é, de facto, uma opção filosófica É verdade que também tem uma carga emocional muito grande, mas acredito que esse seja o denominador comum em tudo aquilo que fazemos. Ela considera, mesmo que não o diga, que está a contribuir para um mundo melhor dando a oportunidade a um cão de ter uma vida também melhor, e faz realmente por isso.
Mas o que eu vos queria mesmo contar tem a ver, precisamente, com a razão pela qual me tornei bastante próximo duma mulher, já há uns anos atrás, e de quem cheguei a ser íntimo por algum tempo. Mulher essa, aliás, com quem ainda hoje mantenho um contacto mais ou menos regular para, como se diz na gíria, pôr a conversa em dia.
Houve uma fase na minha vida em que, apesar de me sentir bastante só, tinha uma vontade enorme de estar sozinho. Estar sozinho e sentir solidão são coisas completamente diferentes, como devem saber. Por isso mesmo o que eu queria, ou pensava que queria, era apaixonar-me seriamente por uma mulher para, de vez em quando, afastar-me dela e poder gozar esse momento na sua total plenitude.
Nos comboios, por exemplo, preferia viajar sozinho do que com alguém ao meu lado. Arranjei então um método para que isso pudesse acontecer o maior número possível de vezes. Quando eu entrava no comboio e já não havia grupos vazios de cadeiras, procurava sentar-me ao lado de alguém que não tivesse tirado o casaco. A razão era muito simples. Quem não tira o casaco é porque vai fazer uma viagem curta e, assim, sairia antes de mim, havendo consecutivamente uma maior probabilidade de eu fazer parte da viagem sozinho.
Lembro-me que uma vez entrei na estação de Aveiro e, tendo em conta o meu método, sentei-me ao lado de um homem que levava uma gabardina apertada e um guarda-chuva na mão. Pensei que ele fosse sair numa das estações seguintes, mas a verdade é que foi assim até à última estação de todas, no Porto, a mesma em que eu saí. A partir daí tornei a cruzar-me com o homem, sempre totalmente vestido e em viagens de comboio, mas nunca mais me sentei ao pé dele.
Uma noite contei esta história no café, entre um grupo de amigos, e ninguém me deu importância nenhuma. Um deles, já com três ou quatro cervejas bebidas, perguntou-me mesmo porque é que raio eu estava a contar esta história que não tinha interesse nenhum.
No entanto, uma mulher de quem eu nem sequer era grande amigo quis continuar a conversa, e explicou-me que também tinha um método para se sentar nas viagens de comboio. Disse-me ela que gostava de escolher cadeiras que estavam ocupadas por coisas. Há passageiros (já reparei nisso com alguma irritação) que, provavelmente também para irem sozinhos, sentam-se num sítio qualquer e depois ocupam as cadeiras ao lado com malas ou casacos. A Guida, assim se chama ela, disse-me que sempre que reparava numa coisa dessas, aproximava-se e pedia muito delicadamente para desocuparem a cadeira, para ela se sentar.
Nessa noite ficámos grandes amigos, penso eu que pelo simples facto de sermos capazes de ter uma conversa sobre o método que usávamos para nos sentarmos num comboio. Pode parecer-vos estranho, mas para mim isto faz todo o sentido. Foi sempre assim que acabei por fazer amigos ou até encontrar namoradas, através do que considero ser uma compatibilidade semântica entre pessoas.
Este blogue acaba por ser um bocado isso. Não tem um fio condutor. Às vezes invento aquilo que escrevo, outra vezes não. Às vezes sinto-me feliz, outras vezes triste. Muitas vezes, quase sempre, o que eu queria era poder contar-vos cara a cara aquilo que escrevo, embora às vezes também prefira estar sozinho e simplesmente escrever. De qualquer maneira, é disto que eu acho que falamos quando falamos de Amor, de amizade e mais do que vocês quiserem...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

FEMEN - Dá certo protestar com os seios?



É bem provável que se falarmos apenas o nome FEMEN, muitos serão incapazes de associar a que se refere este nome. Mas se falarmos nas "ucranianas loirinhas que protestam mostrando os seios", aí acho bem difícil alguém não saber nada a respeito.

  

Por um lado, não se pode negar que a forma de protestar gere bastante mídia. Em tudo quanto é lugar os peitinhos aparecem. Vejo, inclusive, como uma ótima campanha de marketing, e eficiente para divulgar o movimento. Neste quesito, não tenho do que criticar. As meninas fazem muito bem o protesto e ganham espaço na mídia.

Contudo, há algo que o movimento deixa a desejar. Diante de tanto holofote, onde fica o espaço para a divulgação das verdadeiras ideias do movimento? Tá certo, a mídia é a maior responsável por não focar a luta feminista, não debater o assunto em suas matérias. Mas isto não é nenhuma novidade para nós, é? E aí que, paralelamente, o movimento deveria atuar com ações mais práticas, ações que de fato tragam à sociedade mudanças. Ficar apenas no campo ideológico não traz nenhuma revolução.

O grupo está também representado no Brasil, e através do seu site pode-se ver quais são as propostas de luta do movimento: desconstrução da imagem do seio como um objeto sexual e reconstrução de sua imagem como um objeto da luta feminista, tentando chocar a todos; reafirmação como um movimento neofeminista, fundamentado nas raízes do feminismo mas remodelando-o para fora das elites, indo além dos livros e do foco universitário; e o Sextremismo, tendo o movimento foco nas ações que mais atingem as mulheres em cada país.

A crítica

Alguns fatores levam-me a criticar o movimento, mas uma crítica construtiva para que o mesmo possa crescer e se tornar um movimento de verdade:

1) Assim como muitos movimentos de esquerda cometeram (e ainda comentem) erros ao se fragmentarem, devido ao seu sectarismo, o mesmo parece acontecer com o FEMEN. No Brasil, já existia um movimento chamado Marcha das Vadias, antes da vindo do FEMEN ao Brasil. Em vez de uma união, os dois lutam separadamente.

2) Dizem não ser um movimento elitista, mas, apoiando-se apenas na mídia e sem ações mais concretas, de forma alguma faz com que alguma mensagem seja possível ser captada em comunidades mais pobres ou conservadoras.

3) Não se colocam como um movimento nem de esquerda nem de direita. Aparenta ser mais um movimento alienado politicamente. Não existe essa não ser nem de esquerda nem de direita, ou como muitos se autointitulam: centrista, de centro. Não é possível ficar em cima do muro. Esquerda e Direita não significa estar situado fisicamente em um lado ou outro, mas, apenas uma analogia à luta que existe desde que o ser humano se entende como tal: a igualdade e a liberdade. Sendo assim, muitos podem pensar ser um movimento de esquerda, pois lutam pela liberdade e pelos direitos das mulheres, crianças e homossexuais. Mas, e na prática? Não fica muito claro!

4) A representante no Brasil, Sara Winter, é uma menina de 20 anos sem qualquer maturidade e capacidade para representar um grupo forte como o FEMEN, e que parece mais agir por impulso que por convicção, além de já ter sido defensora do integralismo (se ainda não defende um nacionalismo de direita). Agora diz não ter definição política (hum?). Sara já havia publicado um texto criticando o movimento Marcha das Vadias e a forma de protesto do grupo:  "Você, menina, mulher, não deixe se enganar, liberdade de expressão é uma coisa, promiscuidade é outra". Tal afirmação foi feita em 2011 no blog Le Cult Rats.

5) A não crítica da mídia: concordo com o movimento de que é importante ter o holofote da mídia, afinal, é ela que está dando toda esta audiência ao FEMEN. Mas, daí a não tecer crítica aos meios que justamente impõem uma ditadura da beleza e fortalecem os preceitos machistas, soa um tanto contraditório. Sara Winter, por exemplo, já foi alvo de ensaio fotográfico sensual, feito por Thiago Marzano.






O que pretendo é levantar um debate acerca do equívoco que alguns movimentos cometem. Cansei de tecer aqui críticas à esquerda brasileira e o seu desempenho em favor das forças conservadoras. E agora faço ao FEMEN, que espero que evolua e reflita sobre algumas de suas formas de ação, ou melhor, das suas formas de não agir.






Gajas nos extremos

Enquanto umas fazem contas ao dinheiro necessário para umas mamas novas ou um branqueamento anal, outra imola-se no interior de uma dependência bancária por não conseguir renegociar uma dívida sua.