Foto: Claas Michalik
As mãos. São sempre as mãos que começam o frenesim incessante percorrendo o corpo. Não param. Umas vezes mais suaves, outras mais firmes e enérgicas parecem querer aquecer e fazer fluir o sangue. Os olhos passeiam pelas pálpebras cerradas. O cabelo sente o toque profundo dos dedos. Segue-se o arrepio na pele. Todo o corpo reage sempre daquela mesma forma. O apelo ouve-se em todas as células. Depois vêm os lábios. Tão quentes e húmidos a emoldurar uma língua ávida de sussurros. Os beijos moram no pescoço, nos ombros, nos seios e na cintura. Toda a pele reclama aquele gesto. Lábios nos lábios trocam beijos, segredos, afetos e desejo. Tudo se mistura até que os olhos se abrem e entram na alma um do outro vagueando e navegando por todos os cantos. Cada olhar é uma descoberta. Uma dádiva. Os lençóis moldam-se aos corpos banhados em fluidos que se confundem mas que se distinguem nas pontas dos dedos. A luz muda e emudece o mundo. O tempo habita onde os paralelos se cruzam. Bem para além do horizonte. A linha que, cúmplice, lhes serve de leito.