07 maio 2019

«uma sombra em cada asa» - Susana Duarte

há uma sombra em cada asa,
e uma ave escondida em cada passo;
uma nódoa negra no peito,
e um vôo interceptado
pelos dias.

há duas cores na plúmula,
onde não cabe mais do que uma paleta
insegura, povoada por névoas.
todos os vôos são ambíguos,
e todas as vozes, silêncios
crocitados nas horas
das quimeras.

são obscuros, os dias
onde as asas quebradas do sonho

tentam erguer sorrisos.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook

Eu seja ceguinho se as coisas não são mesmo assim!

Mulheres são unidas? Mulheres empoderam mulheres? Sei. É a mulherada que embestalha de críticas toda vez que vê celulite ou quilos a mais - nas outras. Desancam até a linda Cleo Pires. Pra homem, "celulite é gostosa em braille", como já lembrou o @LeoJaime.
Verbo Feminino
@verbofeminino

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

Lua de mel na pensão

Lote de 9 pequenas gravuras de um conjunto de 12 (faltam a 3ª, a 4ª e e a 10ª), com desenhos de um casal que, depois do casamento, vai para uma pensão… nos anos 60.
Doação de Lourenço Moura para a minha colecção.











A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

05 maio 2019

O fundo Baú - 15

O baú que deu início à colecção de
arte erótica «a funda São»




Em 4 de Fevereiro de 2004, partilhei a notícia de que o Português afinal não deriva do latim!


Polémica! Origem da língua portuguesa em causa!

O epigrafista Carlos Castelo defende que o Português não deriva do Latim.
- E o que temos nós a ver com isso, Sãozinha? - perguntam vocês em coiro.
- Elementar, meus tolitos - respondo sendescendente (quem tenha filhos será condescendente).
É que, para aquele investigador, a base do idioma está na cultura megalítica, instaurada pelos Cónios, no Alentejo e no Algarve, cerca de 2300 a.C.
Os Cónios eram altamente cultos e possuíam escrita e idioma próprios.
Se querem saber mais sobre os vossos antepassados Cónios (e também sobre os Cónios da mãe e da tia), pesquisem.
Conclusão disto tudo? A língua portuguesa não foi criada para falar, e sim por e para os Cónios. E o Português é a Cunnilingus - a língua dos Cónios. Eça é que é Eça (que até escreveu sobre os Maias, que nem foram nossos antepassados, quando deveria ter escrito sobre os Cónios).
Se isto não é cultura, não sei o que é cultura!

Postalinho do Bolhão

"Pão nosso de cada dia no novo Mercado do Bolhão.
No antigo também tinham.
Há coisas que não mudam e ainda bem. Um pãoralho é sempre um pãoralho... desde que haja regueifa que aceite..."
Jorge Prendas



Ex-voto 18


04 maio 2019

«O perigo da cirurgia estética» - Fernando Gomes


O cirurgião tirara-lhe uns bons vinte anos, após três liftings, cinco peelings, uma rinoplastia, três blefaroplastias, um vibrolipossucção à papada e dois implantes – um capilar, outro de silicone no queixo. Enfim, três semanas de internamento, mascarado de múmia e alimentado por uma palhinha, que lhe mudariam a vida para sempre.
Teve o primeiro sobressalto na manhã em que regressou da clínica: o seu fiel pastor alemão, não o reconhecendo, quase lhe esfacelou a nova face num ataque feroz. O pior, contudo, estava para vir. Via-se tão diferente, que se lhe tornou insuportável a naturalidade com que a sua mulher se deitava com outro homem, ainda por cima com a aparência do seu filho. Começou a sentir-se traído por ele mesmo e entrou em profunda depressão. O pavor de poder vir a ser referido pela vizinhança como «o corno de si próprio» causava-lhe tanto sofrimento, que o simples acto de palmilhar dez metros de calçada para despejar o lixo o atulhava de vómitos e diarreia.
Em consequência dos incontáveis distúrbios psicossomáticos, os pontos relaxaram, os repuxões vacilaram, a pele estremeceu, e a cabeça distendeu-se para uma vez e meia o tamanho original. Partiu todos os espelhos de casa e nunca mais saiu. Embrulhou-se num desespero crónico e viciou-se em debates televisivos e programas de opinião política. Viveu o resto dos seus dias na cama, irreconhecível, de telecomando na mão, balbuciando frases desconexas de Paulo Portas, Mariana Mortágua, Marques Mendes e Pacheco Pereira.

Fernando Gomes

«Tonight I celebrate my love» - Mário Lima



"Em meio aos sonhos, o desejo
Busca a realização
Na ânsia de se esgotar...
Bocas se perdem no beijo
No fogo em que arde a paixão
No gosto suave de amar
Aos poucos vem a loucura
À procura dos sentidos
Dominando a ansiedade
Numa explosão de ternura
Ambos se sentem perdidos
Tocando a eternidade.

Os corpos se movimentam
Como louca sintonia
Feito uma dança imortal
Os corações se alimentam
Do impulso da energia
Que é própria e natural

Assim atravessam a madrugada
Entregues ao louco prazer
Como a se embebedar
Duas almas de mãos dadas
Dois corações a bater
Dois corpos a se completar

Unem fronteiras e espaço
Celebram a conexão
Do que era individualidade
O mundo se resume no abraço
Que provoca a explosão
Até a saciedade...

Entregam-se inebriados
Ao mundo das sensações
Isentos de culpa ou pudor
Amantes cumpliciados
Ardendo em suas paixões
No doido jogo do amor..."

Mário Lima