16 junho 2019

«trago nozes» - Susana Duarte

trago nozes, centros nacarados do mundo,
e trago vozes. tragos cardos
como se fossem árvores,
e ondas suaves
onde os xamãs
desnudam
a lei.

sou, das árvores, a intempérie
que nasce onde as flores
fenecem, e as luzes
de uma aurora
desfolhada

[mulher]

onde os dias de antes escrevem
palavras estranhas, raras, justapostas
à sombra onde, esquálidos,
espreitam os teus ossos,
sombra da sombra
do que foste

quando o corpo se erguia
sobre os poros. trago neles o sal
e o suor, as lágrimas e a paixão dos dias.

eram dias de estar só, sem o saber,
acompanhada pelo corpo ausente
com que presenteavas
as noites fingidas
de uma chuva
trazida
pelos dedos.

soubesse eu dos teus dias,
e teriam sido curtas as noites
da água e do movimento milenar
dos braços. soubesse eu das tuas noites,
e teriam sido esculpidas em água
as curvas que, todavia, te desenhei
nos lábios, urgentes como a vida
que parecias ter

dentro.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Ex-voto 24


15 junho 2019

«Terror» - Fernando Gomes

Morreu exangue na cela do hospício onde, durante uma eternidade, foi repetidamente violada e emprenhada. Anos depois, a sua história inspiraria um filme de terror. O argumento, como é normal na ficção baseada em casos verídicos, é muito fantasioso, especialmente o final. Na tela, os filhos acabam por vingá-la; na realidade, todos foram abortados à força. Em comum, só o sangue. Muito sangue.

Fernando Gomes

«Amar pelos dois» - Mário Lima

Esta foi a última publicação do Mário Lima nos seus blogs «Sons no silêncio» e «O sonhador».
O meu agradecimento ao Mário Lima pela simpatia e altruísmo que desde há muito teve e tem connosco, ao permitir-nos partilhar estas suas pérolas.
São Rosas



"Quando te conheci, renasci. Quanto te perdi... morri"

Mário Lima

Jarro fálico

Grande jarro verde com a saída do líquido com formato de pénis.
Um objecto curioso vindo de França para a minha colecção.








A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

14 junho 2019

Sabes o que é "Baita"?

O DiciOrdinário ilusTarado explica:

Baita – brasileirismo usado em frases tais como "baita foder", "baita pôr num porco" ou "baita cumbarsar c'o caralho".

Faz a tua encomenda aqui.
Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.


#mordismo - Ruim

"A minha mulher foi contra uma porta e tem um olho negro". Sim, é suspeito e quase de certeza que o animal lhe levanta a luva (nunca percebi como é que uma porta deixa um olho negro a alguém, mas tudo bem). Mas depois de ouvires isto, vês a pessoa em causa a ir contra a mesa do café como se não a tivesse visto e ainda se ri a dizer "ai, sou tão desastrada!", o que é que uma pessoa pensa? Que, de facto, esta tipa é um lemming que precisa de ir ao oculista. E agora em que é que ficamos?

Outro caso: nódoas negras nas pernas (e isto é por experiência própria). A senhora sai à rua de saia e todos reparam em várias nódoas negras nas pernas. Apenas e só nas pernas é que existem marcas. O que é que se passa aqui? Vive com um agressor de vinte centímetros que lhe espanca as pernas? Com um central que faz entradas de carrinho na cozinha quando ela deixa queimar o empadão? Ou será que estamos na presença de mais uma que se levanta de manhã a bocejar e vai contra os cantos da cama com as pernas e grita "Porra, outra vez? Merda que me aleijei!". E agora em que é que ficamos?

Último caso: marcas de dentada. Noite de domingo, casal a divertir-se no sofá, tudo numa boa. A menina - que não deve ter mais nada com que brincar - começa a dar dentadinhas no braço do "amor". Dentadinha e vai de rir. O gajo diz "não me mordas que isso dói!". Ela ri e continua. Mais uma dentadinha e ele diz "já te disse que isso aleija mais do que julgas e para parares quieta que quero ver o filme". A menina faz birra e diz "ai que comichoso, só estou a brincar contigo!", pára por um minuto, volta a morder o homem após estes avisos todos e leva com uma dentada na mão (assim meio a brincar, meio a sério) como resposta. O que é que acontece?

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAI QUE ME ALEIJASTE!
- Eu? Já te tinha dito para parares quieta.
- MAS EU ESTAVA A BRINCAR. TU FIZESTE A SÉRIO. OLHA PARA ESTA MARCA QUE DEIXASTE. ESTÁS A RIR? TU BATESTE-ME. Vou dizer...

E agora em que é que ficamos? Ficamos que se vos morderem, mordam de volta. Mania das gajas em fazer esta merda. Já viram os meus dentes? Mas quem é que no seu perfeito juízo me morde? Isto é como chegar ao pé do Ronaldo e dizer "aposto que te consigo fintar!".

Mas sim, olho negro e portas é suspeito.

Ruim
no facebook

13 junho 2019

«Procuro sinais de ti» - Áurea Justo

Procuro ansiosa, sinais de ti
No quarto, envolto em brumas.
Recordo a peregrinação dos beijos,
Mas no meu pescoço só roçam plumas... Eram beijos húmidos tão serenos
Que subiam das coxas até aos seios,
Procurando o prazer na tua boca
E desvendando o mais íntimo desejo.

Abracei-te como uma náufraga,
Conduzida pelo teu prazer.
Inspiro no ar aromas adocicados,
Aromas de amor que acabou por ser.

O teu corpo colado ao meu,
Encaixada na tua paixão,
A magia do momento nos envolveu
Misturada na frescura de um turbilhão.

In O Romance de Um Anjo

Áurea Justo
no Facebook


Postalinho de Espanha

"Para ti, São Rosas!
Santuário de Santa Maria das Ermitas, junto à povoação de O Bolo (Ourense/Espanha). Perto de Las Médulas, vestígios de uma exploração mineira de ouro a céu aberto."
Célia Galvão
Carlos Martins




Mulher surreal

Corta-papel metálico italiano com mulher nua, de promoção ao medicamento Fluoro Calciforte.
De Itália (cerca de 1980) para a minha colecção.








A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

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12 junho 2019

Fleshlight - «Quickshot Launch»

Postalinho do intelectual a nu*

"Hoje temos Arte com A grande:
«Sant Priop» de Xicu Cabanyes no Bosque de Can Ginebreda."
Maria Árvore


* (um título de Álvaro Santos)

As mais giras são doentes dos nervos

Esta anda sempre com o iPhone 6 em riste. Diz que é um instrumento de trabalho mas só a vejo tirar selfies que publica sofregamente nas redes sociais. Durante o jantar deixou arrefecer todos os pratos para os fotografar, enquanto eu comia perante o seu ar de desfaçatez por ter começado antes dela. Consegue falar mais do que eu, que é coisa que me deixa profundamente aborrecido, só pelo facto de não a querer conhecer assim tão bem. Nenhuma pinada vale este tormento. O problema é que sempre que penso isto, parece que ela se curva de propósito e eu fico petrificado a olhar para as suas mamas pendidas sobre a minha imaturidade. Diz que os homens são todos fúteis e obcecados pelo físico enquanto emproa o busto e comprime os lábios para tirar mais uma selfie para se mostrar no restaurante da moda e publica no Facebook. Acha-se por certo uma espécie de Kardashian de Bucelas, com uma legião de saloios seguidores interessados em saber sempre onde ela está e o que está a fazer. Estranhamente isto excita-me, pois penso que irá fazer o mesmo quando estivermos a pinar, uma vez que não houve uma ação durante todo este encontro que não fosse registada pela câmara do telefone. Duvido que a câmara tenha amplitude para apanhar aqui o meu Pacheco na sua totalidade, mas sou muito pilogénico, pelo que não me incomoda. Diz que gostava de tratar os homens como eles tratam as mulheres, como se fossem meros nacos de carne sem sentimentos, para ver se eles gostavam. Tento encorajar o comportamento desde logo, mas já vai lançada na catadupa de disparos sinápticos feministas e nem me ouve. Não se cansa de dizer que despeita a maioria dos homens, essa “sub-espécie de raciocínio básico”, enquanto vai lendo em voz alta, com elevado entusiasmo, os comentários elogiosos dos homens às selfies que entretanto publicou. Ficaria confuso com isto, se não me estivesse profusamente nas tintas para ela. Pediu a sobremesa, presumo que apenas para a fotografar pois mal a provou.
Conduz que nem uma louca A8 afora até Bucelas para me oferecer um “digestivo único” que lá tem. Esforcei-me por acreditar que me conduziria de forma igualmente estouvada na cama para me abstrair do risco de acidente eminente. Curiosamente não parava de falar e de gabar as suas capacidades ao volante, mais uma prova contrária aos argumentos desses malandros do sexo masculino que menorizam as mulheres na arte de manobrar um automóvel. Eu vou rezando por dentro, fixando-me cada vez mais no seu decote enquanto as tetas bamboleiam com as guinadas do carro, para me abstrair do perigo. Por momentos desconfio que só me quer para usar aqui o Pacheco como “pau de selfie”, dada a fama da sua avantajada dimensão. Por fim chegámos e confesso que já perdi a vontade do digestivo. Também teria perdido a vontade de pinar se não tivesse visto que ela não estava a usar cuecas quando saiu do carro. Há qualquer coisa numa mulher de vestido sem cuecas em contexto social que deixa o cérebro masculino reduzido à capacidade de raciocínio de uma alforreca com o cio. Estes pequenos momentos de lucidez podiam incomodar-me e obrigar-me a alterar a minha conduta. Mas não descansei enquanto não a fiz gemer a suplicar que a tratasse como uma puta.

Patife
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