22 julho 2018

Luís Gaspar lê «Declaração» de José Saramago

Não, não há morte.
Nem esta pedra é morta,
Nem morto está o fruto que tombou:
Dá-lhes vida o abraço dos meus dedos,
Respiram na cadência do meu sangue,
Do bafo que os tocou.
Também um dia, quando esta mão secar,
Na memória doutra mão perdurará,
Como a boca guardará caladamente
O sabor das bocas que beijou.

In Os Poemas Possíveis, 1966, p. 140.

José Saramago

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

21 julho 2018

Notícias falsas



HenriCartoon

«Antítese» - Susana Duarte

(ouvindo Aesthesys, “Dreams are only real as long as they last”)

sou a antítese dos mares. escondo-me das flores onde a luz não chega,
e da luz, onde as flores desmaiam ante o bater de asas das borboletas azuis. escondo-me
onde as luas me navegam. sou um exoplaneta frutado de luas sonoras, e a veia
onde os teus passos criaram a sede. sou a antítese de mim mesma, e o contrário de tudo.

persigo as ondas onde os mares se afundam em areias prístinas, e acendo os grânulos
de silício das praias com os passos dados em auroras distantes. nessas auroras vives
tu, ser flávio das noites antigas. és a antítese de mim, e aquele que me completa.

interrogas-me onde a estranheza se instala. escondes-me de mim onde me perdes e me tens.

é por ti que sou a antítese do ventre, e a demora das manhãs frutadas, e das noites vivas.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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«Encosta-te a Mim» - Mário Lima



"... e inventemos o que ninguém ainda inventou."

Mário Lima

"Quilha" para celebrar o fim do serviço militar

Pino em madeira pintada com duas mulheres nuas e insígnias em metal, para celebrar o fim de serviço militar em França, com os nomes dos militares da incorporação 67/2B.
O funeral do "Pai Cento" (Père Cent, Père 100, Percent ou Persan) era uma tradição em França, que comemorava quando faltavam 100 dias para o fim do serviço militar. Muitas vezes, além do "caixão" em que recolhiam verbas, a paródia envolvia também um folheto ou carta para enviarem às suas famílias, comunicando-lhes o "funeral". Esta comemoração também era conhecida por "La Quille" (a quilha).
Junta-se a outras peças deste tipo na minha colecção.









A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

20 julho 2018

Postalinho da natureza

"Isto é ter teias de aranha"
Vicentezão


«Acompanhantes vs. pseudo-acompanhantes» - Cláudia de Marchi (post "Pessoas para não ser, atitudes para não imitar" de 4/062017)

Acho toda conduta exibicionista (vídeos, nudez e etc.) postada gratuitamente em rede social, desnecessária, pois fazem chover machistas sem classe com comentários como "delícia", "gostosa" e etc., e eu tenho aversão a menções vulgares fora da hora do sexo (quando tudo vale!) (...)
Está na hora das pessoas livrarem-se do mito da "gostosona-exibida-tarada": daquele perfil de mulher que mostra em roupas curtíssimas, justíssimas e decotadas os seus atributos, que manda ou posta fotos nua e "por isso" é devassa e boa de cama. Ser discreta, elegantemente trajada, não siliconada e fora dos padrões de beleza não faz da mulher sexualmente fria. "Boa de cama" é a pessoa (homem ou mulher) que goza, que gosta de sexo e é liberta de pudores, repressões anímicas e nojinhos.
Não há necessidade de andar semi-nua por aí para ser uma acompanhante/mulher talentosa no sexo, basta realmente gostar de gozar!
Há séculos quem se veste e exibe-se (em sinaleiras e prostíbulos) não são as auto-intituladas "acompanhantes de luxo" que, teoricamente, deveriam selecionar a sua clientela e expor-se pouco, são as prostitutas que sempre fizeram isso. São elas que vão a caça de sexo, ao invés de aguardar em segurança e confortavelmente os contatos de pretensos clientes. Mas, graças a internet, as pseudos "acompanhantes de luxo" estão mostrando um lamentável desespero dando azo ao falocentrismo de homens bobos, punheteiros, nada seletivos, educados ou elegantes!
Em cada 50 mulheres que se intitulam como "acompanhante de luxo", uma ou duas tem as atitudes e a postura elegante e diferenciada que delas se espera. A maioria é como o médico embusteiro "formado" em Grey's Anatomy, o bacharel que se diz advogado e quer ser chamado de "doutor", a esteticista que se acha dermatologista, o assessor do magistrado que age como juiz e etc., enfim, são fraudes.
E é por isso que tantos homens desabonados e sem educação me procuram, pois acabam generalizando, afinal as pseudo-acompanhantes dinheiristas e sem seletividade abriram as portas do inferno da misoginia para que qualquer bagaceira acesse um site e ache que pode contratar a mulher que desejar sem que ela tenha filtro algum.

Simone Steffani - acompanhante de alto luxo!

DiciOrdinário - a Picha Técnica

A Picha Técnica desta segunda edição é a mesma da primeira, porque em equipa que ganha não se mexe.
Podes encomendar o DiciOrdinário aqui:
(com direito a dedicatória personalizada pela São Rosas)


#constancismo - Ruim

Quão complicada é a vida de quem faz bicos? Bicos. Não estou a falar de quem executa felácios a troco de numerário, mas sim bicos. Literalmente bicos. Uma pobre operária chamada Constança que esteja encarregue de fazer os moldes de bicos de plástico para passarinhos de brincar ali para os lados de Póvoa de Santa Iria. A quantidade de vezes que a Constança teve de se justificar perante os outros. De explicar todo o processo de fazer bicos de plástico a uma mesa de jantar de grupo totalmente em silêncio a olhar para ela. Ou o marido da Constança - o senhor Leonel, pedreiro - que ouve os colegas a rir. "Costa, a mulher do Leonel faz uns grandes bicos!". Será que - vamos supor - um dos moldes de plástico lhe salta das mãos ainda quente, lhe acerta no lábio, deixa marca e ela diz "esta ferida? O mesmo de sempre! A fazer bicos!"? Deve ser tão complicada a vida de Constança. Porque não intitular-se como "beek manager"? Soa bem, é cool e tem funcionado para os project managers fingirem que fazem qualquer coisa da vida. E no final da tarde, à mesa - Constança, Leonel e os dois filhos - jantam em paz, os putos gritam e o Leonel dá um murro na mesa a dizer "silêncio, a vossa mãe fez 590 bicos hoje, porra! São eles que metem o pão na mesa!". E a vida sexual deste casal? Como é que o Leonel pede um bico sem a mulher se agarrar à cara a chorar ou lhe entregar um passarinho de brincar?

Problemas? Vocês não têm problemas. A Constança tem.

Ruim
no facebook

19 julho 2018

«Casamento sem sexo»

«Smile» - Adão Iturrusgarai


Mulher com a mão num seio

Pequena estatueta em bronze com base em mármore.
Pode ser considerada uma peça mais sensual do que erótica, mas atinge os mínimos para fazer parte da minha colecção.








A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

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