Nem esta pedra é morta,
Nem morto está o fruto que tombou:
Dá-lhes vida o abraço dos meus dedos,
Respiram na cadência do meu sangue,
Do bafo que os tocou.
Também um dia, quando esta mão secar,
Na memória doutra mão perdurará,
Como a boca guardará caladamente
O sabor das bocas que beijou.
In Os Poemas Possíveis, 1966, p. 140.
José Saramago
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
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Uma por dia tira a azia