18 março 2014

«Sou» - Susana Duarte

Eu sou aquela que te olha e te vê,
que te olha nos olhos claros e sabe das flores
da noite e dos filmes de Jeunet.
Eu sou aquela que acaricia os dedos das tuas asas e as asas dos teus olhos
e as lágrimas do orvalho que me cai do corpo quando a maré me enche e, em ti, cai,
absoluta como uma maré enluarada e violenta.
Eu sou aquela que, do alto das neves,
sorri perante as asas da águia que voa e plana e rasa no céu dos teus olhos serenos e belos,
eternos como os Noturnos de Chopin.
Eu sou aquela que te perfuma de flores de maçã.
Olho-te nos olhos da fruta e pergunto às mulheres que passam
se apenas de sonho me vesti.
Foi nos teus olhos que me vi.
 Foi na espiral que descias que, a ti, me juntei.
Eu sou aquela que se perde nos labirintos,
onde todavia me achei.
Onde nasci lua prateada perdida escancarada
de desejo de ser Cheia.
Eu sou a tua candeia.
E a noite onde te escondes.
E a voz com que respondes
e me olhas na solidão das estrelas que, de tão belas,
me tolhem da escuridão e levam a fazer a viagem.
És em mim a ramagem de auroras desfolhadas e sonhadas e escritas
num poema, concreto e táctil, onde sou em ti e és em mim.
Loucura de amor.
Loucura de prata escrita numa mata
e nos olhos de um gato que se cruza no branco luar da noite.
Loucura das fadas que nos jogam sobre as asas
os pós de uma magia que, de rosas, se tingiu.
Eu sou aquela que te olha e te vê,
como os mirtilos das noites de Kar Wai Wong.
Como os mirtilos e deixo-te olhar-me.
Mordo-os, sujo-me com eles, e sou feliz de azul-mirtilo-engolido
numa noite onde me olhas e deixas estar assim, sentada,
sobre um sonho de uma noite
onde uma jovem adormeceu sobre o balcão de um café.
E foi beijada.
Queria ser beijada agora,
ainda que fosse uma amora que me tingisse os lábios.
Eu sou aquela que te olha do alto de uma colina
e te vê percorrer o rio com os dedos cobertos de sonhos,
tremendo sob o manto dos medos dos enganos e das feiticeiras.
Eu sou anjo e sou diabo.
Sou mulher em forma de cravo.
Sou aquela que te sabe os recantos de um dedo,
que amo mais do que o dia.
Morreria nesse dedo
e nos toques de um violino que me anima a pele.
Eu sou aquela que te olha e te sabe.
Transparente, como um filme de Jeunet.
Daria a pele para te estar ao pé.



Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
"Pescadores de Fosforescências"
Alphabetum Edições Literárias
Dezembro 2012

Relembrando os videos de apresentação da minha colecção - 2 - Carícias ao nosso olhar

Segundo vídeo de apresentação de «a funda São» - colecção (muito) particular de arte erótica, de Setembro de 2011, com mais um poema da Miss Joana Well lido pela voz de ouro de Luís Gaspar (do Estúdio Raposa).
As peças apresentadas fazem parte de um espólio com mais de 3.000 objectos e mais de 1.700 livros com a temática do erotismo e da sexualidade.
A música do genérico é «Sometime Ago», de Bill Evans (do álbum «You must believe in spring»).
A produção e a realização do video são de Joana Moura.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

17 março 2014

«Femme 101» - curso de anatomia feminina

Parte do filme ProjectEROSion


Femme 101 from Starflower Media on Vimeo.

Luís Gaspar lê «Presságio» de Fernando Pessoa

O amor, quando se revela,

Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,

Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente…

Cala: parece esquecer…

Ah, mas se ela adivinhasse,

Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse

Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe

O que não lhe ouso contar,

Já não terei que falar-lhe

Porque lhe estou a falar…

Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«respostas a perguntas inexistentes (267)» - bagaço amarelo

acidente por cima da toalha de mesa

Lembro-me daquele milésimo de segundo da mesma forma que me lembro de algumas histórias que li em criança. Com a mesma intensidade e, acima de tudo, com a mesma duração. Foi um milésimo de segundo que durou várias horas. Na verdade talvez ainda dure. Por isso é que estou a falar dele, apesar de ter nascido e morrido há alguns anos atrás.
Eu estava a pôr a mesa para jantar e a Marta quis ajudar. Foi à cozinha buscar duas peças de cada. Dois pratos, duas facas, dois garfos e dois copos de vinho. Sorrimos um para o outro por um momento e os nossos dedos tocaram-se, por acidente, durante o reposicionamento dos copos. Nos dela não sei, mas nos meus ficou guardada a textura da sua pele. Fechei-os, como se assim a pudesse guardar para sempre

- Se o jantar estiver muito salgado não é grave. Telefonamos para a Telepizza! - ri-me.

Ela também se riu.
Não havia razão nenhuma para estarmos os dois em minha casa à hora de jantar, a não ser uma daquelas coincidências cosmológicas que a vida nos traz, de vez em quando, como prenda. Tinha-a encontrado no dia anterior a respirar solidão, num bar qualquer da baixa da cidade. Por descontrole absoluto inspirara um pouco de mim. Trocámos algumas piadas sem piada e contámos mentiras um ao outro toda a noite. Depois combinámos jantar no dia seguinte. Só isso.

- Está bom. Poupaste o dinheiro duma chamada... - disse ela ainda antes de tocar na primeira garfada.

Os lábios dela eram suaves.
Eu ainda estava a pensar no acidente, aquele em que nossos dedos se encontraram por acaso, um pouco acima da toalha de mesa, como se fossem dois aviões no céu em rota de colisão. A lâmpada de sessenta watts, mesmo por cima de nós, acendera-se pelo mesmo motivo. Um toque, neste caso de alguns fios eléctricos. Estabeleci a comparação como forma de me explicar a mim mesmo, ainda que de forma absurda.

- És tão bonita! - apeteceu-me dizer-lhe.

Mas não disse.
E se de repente fizéssemos Amor? Mas não fizemos.
Talvez, de vez em quando, o melhor seja não fazer aquilo a que o corpo se propõe com tanta vontade. O corpo tem a mania de não ser lúcido e de querer apagar o desejo que o cérebro e o coração precisam. Sem sexo, talvez aquele calor que pulava na ponta dos meus dedos se mantivesse mais tempo ali. Muito tempo. E manteve.

- Uma das coisas que aprendi nesta vida é que o Amor sugere-se como fácil...
- Mas não é, pois não? - Interrompeu ela.

Não.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Não interfira no passado

Pode danificar o futuro.


Se fodeu, garoto.

Capinaremos.com

16 março 2014

Os opcionais é que estragam tudo... ou não...

Cemitério Cross Bones, a última morada das indesejáveis prostitutas londrinas


Em Londres, na zona de Southwark, quem percorrer a pequena Redcross Way não ficará indiferente a um portão totalmente coberto com flores, fitas e outros objectos. Trata-se de um memorial ao desaparecido cemitério de Cross Bones, um local que nos transporta para uma época sombria na qual determinadas mulheres eram exploradas e depois descartadas. À entrada, uma placa em bronze recorda-o: "Aos mortos proscritos. RIP".

Pode parecer estranho, a quem actualmente passa pela Redcross Way, encontrar um portão transformado num memorial à frente de um estaleiro do metropolitano de Londres mas a verdade é que até ao século XIX, este era o local onde os proscritos de Londres eram enterrados, no espírito de uma tradição que se iniciou em plena Idade Média.

Desde cedo, todas as actividades que não eram permitidas dentro das muralhas de Londres desenrolavam-se livremente na margem Sul do Tamisa. Entre tabernas, teatros e cervejarias, encontravam-se por aqui os "Gansos de Winchester", nome pelo qual eram popularmente conhecidas as prostitutas desta zona, que se encontrava sob jurisdição directa do bispo de Winchester. Sempre que alguém contraía uma doença venérea, dizia-se que tinha pele de galinha ("goosebumps") ou ainda que tinha sido mordido por um ganso de Winchester ("bitten by a Winchester goose").

Embora em vida estas mulheres gozassem de alguma protecção por parte das autoridades, quando morriam a coisa mudava de figura. Fosse de causas naturais ou doença (a sífilis era uma causa frequente de morte) o seu enterro em solo consagrado era proibido devido à sua vida considerada pecaminosa. Por esse motivo, as prostitutas começaram a ser enterradas num terreno não consagrado que se viria a tornar o cemitério de Cross Bones. Em 1598 o historiador John Stow escreveu:

"Ouvi da parte de homens idosos de bons créditos, relatos de que a estas mulheres solteiras eram negados os rituais da igreja, desde que continuassem a sua vida pecaminosa, e eram excluídas dos funerais cristãos se não se reconciliassem antes da sua morte. Por isso, havia um lote de terreno chamado adro das mulheres solteiras destinado a elas, longe da igreja paroquial."

Embora o seu estilo de vida fosse pecaminoso, a Igreja acabava por tolerá-las já que contribuíam para que os bons cristãos evitassem práticas ainda mais imorais como a masturbação e a sodomia. Para além disso eram também uma fonte de rendimento já que os bordéis pagavam imposto ao próprio bispo de Winchester.

Com a proibição da prostituição, já no século XVII, o local foi transformado num cemitério para indigentes até ao seu definitivo encerramento em 1853, passando ao esquecimento.



A sua memória foi recuperada quando, já no século XX, as obras de extensão do metropolitano de Londres permitiram recuperar ossadas de 148 indivíduos diferentes, um deles uma mulher que teria entre 16 e 19 anos e cujo crânio denotava os terríveis efeitos da sífilis. Para preservar a memória dos infelizes que aqui foram enterrados, estima-se que cerca de 15.000, especialmente essas malogradas mulheres, a população local transformou o portão num memorial diante do qual, no dia 23 de cada mês, é realizada uma vigília em memória dos Gansos de Winchester.



Quinta-feira



Quinta-feira é noite de ir às putas desde que a carta de condução lhe deu acesso àquela estrada que elas enchem de cor e alegria e muito brilho. É um dia mais sossegado que os de fim de semana e ninguém desconfia ou pelo menos a sua mãe que nem nota que o seu menino mais novo já tem uns cabelos grisalhos e tal como as crianças julgam que os seus pais não têm sexo é sabido que as mães pensam o mesmo dos filhos à sua guarda.

Na timidez da primeira vez num sábado de sol a pino as raparigas cercaram-no de atenções como uma travessa de salgadinhos cheirosos por acabarem de sair da frigideira a piscarem-lhe o olho para uma trincadela até que uma mais ousada esticou uma mão toda no seu sexo e massajou-lhe umas sensações inauditas como se o quisesse a ele para uma abébia ganhando a decisão imediata de a seguir. Usava chinelas verdes de salto alto a conferir-lhe uma bambolear sensual das nádegas em cada passada e quando atirou com a blusa e a saia ostentando uns bicos espetados e muito castanhos e um triângulo de pêlo fofinho como o da gata lá de casa o ceguinho ergueu-se logo como se os testículos fossem saltos altos. Nas flexões que se seguiram até lhe escorrer o desejo as chinelas brilhavam no verde da relva no encadeamento da cara dela que avisou prontamente não poder beijar sendo desde aí fácil a contabilidade de uma vida de muito esperma derramado e nem um linguado para amostra.

Quando chega o verão nem a condução o distrai da curvatura de umas pernas a chinelar desde o saliente calcanhar até ao ressalto do rabo e se o zingarelho começa a espreguiçar-se encosta logo à berma que é um cidadão cumpridor.

Reflexos


15 março 2014

INS - «LoveHeadShot»


INS - LOVEHEADSHOT from Alexander Tikhomirov on Vimeo.

«Datas AC/DC» - Alfredo Moreirinhas

As pessoas, têm sempre datas de referência, dizendo “Antes e Depois de”!
- Antes de ir para a tropa, depois de vir da tropa!
- Antes de me formar, depois de me formar!
- Antes de casar, depois de casar, etc, etc,...
Para mim, só há um Antes e um Depois, é o AC e o DC
- Antes da Circuncisão e Depois da Circuncisão!
A circuncisão foi um marco importante na minha vida, de tal forma, que nem quero entrar em pormenores sobre a época AC.
O que vou contar, passou-se já na época DC e logo nas primeiras horas DC.
Quem nunca pensou nisso, pode imaginar que com a circuncisão, a pele sobrante que cobria a glande, é deitada fora e a que fica, é cozida, numa situação óbvia de pequenez total!...
Acontece, que com 17 aninhos, tudo nos excita, até as curvas dos postes...
Chegado a casa, no próprio dia da operação, só dá vontade de deitar e descansar, mas... de barriga para baixo, nem pensar, de lado é incómodo, só nos resta de barriga para cima, mas nessa posição, até o candeeiro é bonito! E não tarda nada que o corpo se transforme, aumentando exactamente no sítio onde naquele momento, não convinha nada que aumentasse!...Os pontos recentes da operação, começam a arrepanhar violentamente e o “corpo” a querer rebentar com tudo o que se oponha ao seu crescimento!
Há que meter os pulsos em água gelada! Comer rebuçados de mentol! Cheirar cânfora! Mas nada disto resulta, tudo continua excessivamente sexy e excitante... não há nada a fazer, só aguentar e tentar adormecer com as dores!...
Acabo de adormecer e acordo com a vizinha, Srª Norvinda, a espreitar para o meu quarto e a perguntar à minha tia se eu estava doente. Era coisa rara, eu estar em casa àquela hora e muito mais raro eu estar na cama! Ouço a minha tia responder que não. - Ele não está doente, foi circuncidado.
- Áh! Ó Srª Dª Maria e o que é isso? - pergunta a Norvinda.
- É a extração do prepúcio.
- Áh!... E o que é o prepúcio?
- É a pele que cobre a glande - responde a minha tia, com toda a educação e paciência. E eu a começar a perdê-la!...
- Áh!... E o que é a glande?
- É a cabeça do caralho!!!... - respondo eu com todas as letras e cheio de dores!
Só vi a vizinha de costas a chamar-me mal-educado e a sair rapidamente de lá de casa!
Até hoje, não mais a voltei a ver e desconfio que ela não acreditou que eu disse a verdade!
Aveiro, DC
Alfredo Moreirinhas

Uma menagem a... muitos


O Jorge Castro - que é um mestre com o dom da escrita, e por isso lhe chamo Mestre Dom OrCa - é uma das várias pessoas que me fazem sentir que vale a pena manter este blog, organizar os Encontra-a-Funda e partilhar a minha colecção de arte erótica, mesmo com toda a censura do Facebook e das pesquisas do Google que escondem e bloqueiam os conteúdos do blog.
No passado dia 15 de Fevereiro, o lançamento do mais recente livro do Jorge Castro, «Outros poemas de menagem», foi um excelente pretexto para rumarmos às Caldas da Rainha. O livro compila (ihihih) poemas dedicados a pessoas e eventos. Algumas páginas são dedicadas ao blog «a funda São», à Tuna Meliches (grupo sargento - pois não há oficial - d'a funda São) e aos membros e membranas do blog.
O livro, com dedicatória, faz parte da minha colecção.
Deixo-vos aqui três aperitivos:

Dois sonetos à Florbela Espanca

amor ciúme dor tanto tormento
morrer de mal de amar numa agonia
sem lágrimas chorar melancolia
viver o desviver em sofrimento

sorver o ar em derradeiro alento
em cada inspiração em cada dia
fazer da vida toda a litania
onde cada pulsar cresce num lamento

em seu redor retiram-lhe o ensejo
de ser de ter de querer de erguer do chão
a ardência da volúpia de algum beijo

e em tanta amargura em tal prisão
sentir fremente o corpo de desejo
querer ir mais além sem contenção.

- - - - - - - - - - - - - -

seria um mal de amar um desvario
um ser de si senhora e ser pecado
um querer ter de si mesma um outro fado
um ter em si o ímpeto de um rio

seria um mal-estar um desafio
um ser e estar assim em qualquer lado
um tal impulso então em si achado
urgente punhal cru e sempre frio

e ter dessa crueza um tal ardor
que cresce na vertigem da premência
que fez da vida um hino ao amor

e o frio se transforma numa ardência
que arroja ao preconceito sem pudor
o grito ao mundo todo feito urgência.

30 de Junho de 2009

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A Mulher

viva, Mulher, sê bem-vinda
companheira de folguedos
sem ti eu estaria ainda
a brincar com os penedos

não sei se tal como dizem
vieste ao mundo assim bela
por teres saído - imaginem!
da minha pobre costela

mas se foi - abençoado
osso meu em boa hora
por teres dado tanto agrado
tanto prazer vida fora

8 de Março de 2010

Um sábado qualquer... - «Serviço de atendimento celestial 2»



Um sábado qualquer...

14 março 2014

Bandeiras a meia haste

Morreu Elia Lhorent, a Madame Filipa, que há cerca de 3 décadas abriu um dos primeiros bares de alterne de Coimbra (o Instituto de Massagens Madame Filipa) e actualmente mantinha o negócio da Residencial Camélias.


(Diário de Coimbra - 13-03-2014)

«Corpo-Paisagem»

Vídeo do 18º dia do projecto de exposição «processo público» que a artista Maria AA fez na galeria Weber-Lutgen de Sevilha entre 5 de Março e 12 de Abril de 2013.
Performance-instalação realizada com o grupo de fotografia criativa de Belleda Lopez.

«conversa 2072» - bagaço amarelo

Ela - Não percebo como é que um homem pode estar disponível para sexo logo a seguir a uma valente discussão.
Eu - Eu até acho que é quando o sexo é melhor.
Ela - Achas?
Eu - Às vezes é. Ter sexo a seguir a uma discussão pode ser bom porque também é reconciliador.
Ela - Nunca tinha pensado nisso assim. Logo, quando chegar a casa, a primeira coisa que faço é discutir com o meu marido, a ver se tens razão.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Análise simbólica das manifestações diante do Parlamento

Mais uma manifestação de descontentamento , e certamente muitas outras virão diante do Palácio de São Bento.
O edifício onde funciona a Assembleia da República data do Séc XVI.
Construído em estilo neoclássico, poucos edifícios poderiam exprimir melhor o que existe no Homem no que toca à sua subconsciente matriz organizacional no que ao simbolismo do Poder diz respeito.
Assente sobre a sublimação do falicismo, a fachada do edifício replica essa eterna referência e é assim com muita naturalidade que o imóvel transitou do seu objectivo original, mosteiro Beneditino, para sede de Poder, mal esse Poder extinguiu as ordens religiosas, um dos braços de uma outra expressão de Poder que na essência tende a ser sempre e apenas um.
É diante do edifício que se têm produzido ciclicamente manifestações e é no pormenor particular do afrontamento simbólico do Poder instituído que devemos centrar a nossa atenção.
Tecnicamente é fácil tomar o edifício se foram consideradas as alas laterais, que estão praticamente ao mesmo nível da entrada principal. As escadarias diante do edifício são um enorme inconveniente, já que uma
pressão de massas nas laterais empurra quem defende o edifício para os lances inferiores fazendo perder a eficácia de uma eventual cortina de defesa.
No entanto, os manifestantes colocam-se sempre na parte inferior das escadarias, olhando de baixo para cima para o edifício, num alinhamento com o topo do triângulo, o Falo ancestral, o Poder.
É um momento de enorme carga simbólica. Ao colocarem-se na parte mais baixa da escadaria, elevando o olhar, assumem a sua posição no que à pirâmide de Poder diz respeito, reconhecendo a sua subalternidade enquanto afrontam esse mesmo Poder. Não é a tomada do Poder que é pretendido, mas sim a contestação do mesmo, e a tomada de lances de escada, no sentido ascensional, emerge do mais profundo do Homem no que à sublimação para o campo do simbólico, relativamente ao fenómeno da erecção fálica diz respeito e quanto à projecção do mesmo como expressão de força.
Se olharmos para as fotos do edifício e as suas imediações teremos diversas perspectivas do mesmo. Vistas
as fotos mais antigas reparamos como as escadarias, que hoje são vistas como ante-câmaras abertas do edifício, eram apenas um ornamento externo e que uma rua dava acesso directo a um pequeno lance de escadas à entrada principal.
 O facto de terem feito um contínuo do empedrado ligou de forma absoluta a escadaria ao edifício, potenciando por esse motivo todas as manifestações e operações de confrontação ao Poder.
O que o futuro nos irá trazer, só aos Deuses cabe responder, mas os dados estão lançados e o Homem, sendo eterno, é de forma eterna que os dados se organizam, sempre da mesma forma, dando sempre as mesmas respostas.
E a haver acontecimento digno de nota, não será certamente pelo facto de assistirmos a manifestações.
Mas estas são certamente de levar em conta, se não se quiser consultar os oráculos.

Banco Mundial da Genitália

O Banco Mundial da Genitália reúne fotografias para desmistificar os padrões estéticos relativos aos órgãos sexuais. Criado por Caroline Barrueco, João Kowacs e Luiza Só, o site reúne imagens de órgãos sexuais de diversas formas, cores e aparências, para mostrar que tudo é normal. Os objectivos são “curar uma histeria obsoleta da sociedade, além, claro, de matar a curiosidade sobre a genitália alheia”, diz a descrição do projecto. Também é possível colaborar fazendo um upload anónimo (basta clicares no sinal "+" do canto superior direito). Envia o teu e celebra a diversidade do corpo humano.

crica aqui

Hipnotismo especial para homens e lésbicas