18 dezembro 2013

«Mente porca» - João

"Não sou puritano. Os meus neurónios deliciam-se com erotismo e sensualidade, e, não raras vezes, mesmo com pornografia. As coisas que eu imagino cá dentro não são para cabeças sensíveis. Tenho o que podem chamar mente porca, perversa, twisted mind, o que quiserem. Mas, na verdade, a ser alguma coisa, esta mente, creio que não será “porca”, na medida em que tenho requinte naquilo que imagino, sexualmente. E, no mais, tenho grande facilidade em transportar quase tudo (nunca tudo, há limites) para o domínio do sexo, mesmo as coisas mais inocentes.
Quando me dizem que tenho uma mente porca, talvez estejam a ver a coisa ao contrário. Talvez isto revele, apenas, que enquanto todos os outros se dão ao trabalho de fugir à verdade, eu aceito, sem combater, que na vida vai tudo dar ao mesmo. Ao sexo. Entre aqueles que teriam gostado de me conhecer, conto Kinsey, Masters, Johnson e Freud. Não tivemos tempo. E haverá muitos mais, eu é que sou limitado no conhecimento."

João
Geografia das Curvas

«pensamentos catatónicos (299)» - bagaço amarelo

Hoje de manhã estava um casal de idosos a tomar o pequeno-almoço no café. Entre o ruído mais ou caótico das chávenas, dos talheres e da máquina de café expresso, era como se uma bolha de silêncio os envolvesse. Olhei-os de lado e fiquei com a sensação que não diziam nada um ao outro porque as palavras já se tinham esgotado há muito. As palavras esgotam-se com a vida? - Perguntei-me. Restava-lhes um incógnito olhar para duas chávenas de café vazias e uma presença ausente.
Do outro lado, na mesa à minha direita, um homem começou a levantar a voz à companheira. Não num tom violento, mas numa tentativa óbvia de a anular. Percebi que a conversa vinha já da noite anterior e se baseava toda na futilidade dela como companheira de vida dele. O Amor deve ser útil? - Perguntei-me. Restava-lhes uma ar desconsolado para duas chávenas de café nervosas e tristes.

- Nunca dizes nada de jeito! - repetia ele.

Ela nada dizia.
O Amor é antidemocrático, eu sei. Pior ainda, é um golpe de Estado e uma usurpação do nosso trono. O poder do povo termina no momento exacto em que se apaixona. Compreendo bem a coisa. A sério que sim. O que não aceito é esta mania de viver em casamentos cansados e violentos. As revoluções nunca fizeram mal a ninguém. Muito menos ao Amor.
O casal de idosos levantou-se e saiu. Fiquei a vê-los pelo canto do olho. Deram as mãos e desapareceram lentamente na primeira curva levando com eles o seu silêncio único. Ao meu lado direito a discussão agravou-se. Ela decidiu responder. Talvez as palavras não se esgotem sempre, mas era bom que às vezes o fizessem. Pelo menos foi o que pensei.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Que tal um Cinemotel?

Que tal um Cinemotel?



Só não confunda pipoca com piroca. Ou confunda!

Obscenatório
obscenatorio.blogspot.com

17 dezembro 2013

«Know your body» (conhece o teu corpo - filme em "stop-motion")

"O Sam não está muito feliz com o seu corpo. Mas o que acontece quando ele começa a ouvir o que seu corpo está a tentar dizer-lhe?
Filmado com 100 pessoas durante mais de 3 dias, foram necessárias mais de 2.000 fotografias que foram reunidas para criar esta animação"

A FODA COMO ELA É (VI) - A Aldeia dos Tarados


Um conhecimento alemão convidou-me certa vez a visitar e ver com os meus olhos uma comunidade fetichista, que é o nome fino e estrangeiro para "tarado assumido", porque os outros somos todos nós. Acedi, sempre curioso do género humano, e guiaram-me vendado até ao local onde se encontrava tão peculiar aldeia, cuja provável localização e arquitectura me absterei de comentar. Eis alguns excertos do meu diário, exprimindo impressões que recolhi durante o passeio.

«Fui recebido pelo burgomestre, indivíduo de meia idade, que se apresentou completamente nu, com um sapo pendendo-lhe da pila, cuja glande abocanhava. Sei pouco de alemão, idioma que visceralmente detesto, com a licença de Goethe, Hölderlin e Mozart, tendo-me servido de tradutora a minha amiga alemã. Soube que o burgmeister se chamava Theotonius e que o seu maior prazer na vida consistia em retirar prazer sensual de batráquios, causa primeva da sua subtracção à sociedade e consequente internamento naquela comunidade. Poucos viviam ali sem que semelhante antecedente os houvesse empurrado. Conduziram-me então pelas ruas da aldeia.»

(...)

«Mostraram-me a vacaria, fonte de leite para toda a aldeia e de espasmos para um tipo específico de tarado, que se recreava chupando as tetas das malhadas em plena masturbação. Vários daqueles estranhos punheteiros actuavam na ampla nave, entre mugidos e góticas exclamações de júbilo sexual. Faziam também grandes provisões de iogurte. Quando me ofereceram um copo de leite, recusei com a desculpa de não tolerar a lactose.»

(...)

«Seguimos para a horta comunitária, onde apenas encontrei mulheres trabalhando. Colossais matronas, de queixos quadrados, braços e pernas peludas, despidas da cintura para baixo, afadigavam-se entre as hortaliças. Fizeram-me saber que toda a cultura se compunha de vegetais oblongos, já que a sua inclinação libidinosa se traduzia na inserção vaginal e anal de leguminosas. Uma das amazonas do sacho garantiu-me ter experimentado no passado relacionar-se com bananas, mas que não dera resultado, já que lhe pesara na consciência a traição que infligia às suas adoradas courgettes. Outra, mais velha e calejada, fez desaparecer diante de mim um pepino inteiro na sua cona, para o retirar de seguida perfeitamente descascado e isento de sementes. Fiquei assombrado e muito agradado com tão requintado espectáculo.»

(...)

«Inseriram-me numa sala despida de móveis, fortemente iluminada pela poalha áurea daquele fim de tarde estival, que entrava em grossas faixas pelas janelas de sacada dispostas ao longo de uma das paredes. Pensava no que significaria aquilo, quando entrou por uma porta na extremidade oposta da divisão a encarnação própria da beleza e do casto amor. A fluidez com que os cachos de cabelos loiros lhe desciam até aos seios, omitindo os delicados ombros, parecia suavizar a força da gravidade, na sua carícia descendente. Na alva face, de contorno ligeiramente ovalado, pontificava um par de esmeraldas tranquilas, sem chegarem a raiar a dolência; olhos que professavam a inocência de quem nada vira e se oferecia ao mundo com a relutância dos ingénuos. A boca cor de romã, pequenina, lábio inferior mordido a um canto - digna de um querubim. A  sua estatura média vestia-se com uma túnica de linho branca, insinuando-se um colo arrebitado e de pequenas dimensões. Tinha os pés descalços. Numa palavra: um anjo.
Veio na minha direcção, deslizando, atravessando os mantos doirados que as janelas estendiam à sua passagem e parou tão perto de mim que podia sentir o seu hálito de amoras silvestres. Então, com toda a singeleza e num Português abrasileirado, perguntou-me:

- Posso fazer cócó na tua boca?»

(...)

«Assim que os vi juntos, foram três as observações que de imediato fiz: a suavidade dos gestos dela, os hematomas que decoravam a cara dele e a expressão apaixonada de ambos. A sua relação remontava ao tempo em que trabalhavam como engenheiros numa conhecida empresa de programas informáticos. Desde o princípio, assentaram o cerne do prazer para cada um: ela gostava de arrear, ele de apanhar. Mas o rapaz, sentira que algo faltava e impedia a plenitude do seu gozo. A procura de respostas ao seu problema levara-o a trair a amada, recebendo porrada fora do domicílio conjugal. Insultara cabeças-rapadas, atirara-se para dentro de lavagens automáticas, sem que nada preenchesse o seu vazio. Até que, um dia, passara em frente de um stand da John Deere e soubera onde estava a sua felicidade. Vivem em constante lua-de-mel, desde que Helga aplicadamente espanca Ludovico com sortidas alfaias agrícolas.»

(...)

«Despedi-me do burgomestre Theotonius, que agora trazia uma salamandra na ponta da gaita, imerso em profundíssimas reflexões sobre a humana condição. Que prazeres, que variedades da felicidade sensorial enchem o mundo privado com a treva do medo, imposta pela tirania da convenção, fazendo do Homem uma besta insatisfeita, perigosa e sanguinária? Estava nestas, quando me vendaram de regresso a Leipzig, onde me esperava um espectáculo de variedades com anões hermafroditas da Abecásia.»

«Sal, sol e fogo» - Susana Duarte

procuro folhas por entre o sal
e o fogo
da existência das noites

e sei do sal e do fogo
das ausências,

como se fossem vida e morte
e toda a noite que temos dentro
ainda que dela fujamos.

sei da noite e do sal,
como sei do azul e dos teus dedos,
sabedores do sabor dos meus segredos

e das toadas e
das luzes
e das vielas

serás sempre o sal e o sol e o fogo
e todas as ruas por onde caminho



Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

«Penis Migratoris»

Estatueta em barro pintado com a mascote da SAPEC - Sociedade Anónima dos Polidores de Esquinas de Caria, da autoria de Paulo Santos (Betes)
Desde 1985, durante vários anos, uma imagem do «Penis Migratoris», um pénis alado, manteve-se na portada em madeira de uma janela de uma casa abandonada em frente do adro da igreja matriz de Caria. Esta estatueta é uma réplica desse desenho e foi oferecida pelo autor, para a minha colecção.




16 dezembro 2013

Rihanna - «Stay» com Mikky Ekko


Rihanna - Stay ft. Mikky Ekko from Official Videos HD on Vimeo.

«conversa 2035» - bagaço amarelo

Ela - É tão bom quando um palerma tenta engatar uma mulher à noite.
Eu - Bom?! Porquê?!
Ela - Não há maior prazer nesta vida do que dar falsas esperanças a um homem durante uma noite inteira e, no fim, dizer-lhe simplesmente adeus com a mão e ir embora.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Luís Gaspar lê um excerto de «Pantagruel» de Rabelais

Já que nos sobeja o tempo, não será de todo inútil nem ocioso revelar a origem e extracção do bom Pantagruel. Foi assim que, nas suas crónicas, procederam todos os bons historiógrafos, não só árabes, bárbaros e latinos, mas também gregos, que foram borrachos de primeira, e os autores das Santas Escrituras, S. Lucas e S. Mateus.
Sabei pois que, nos alvores do mundo (quer dizer há mais de quarenta quarentenas de noites, se contarmos como os antigos druidas), pouco depois de Abel ter sido morto por seu irmão Caim, a terra, regada com o sangue do justo, vicejou e floresceu como um vero paraíso. Dos seus flancos, cresciam todas as árvores e havia fruta a dar com um pau. Sobretudo nêsperas. Dessa época ficou o dizer-se «ano das nêsperas gordas», porque três pesavam um alqueire.
Nesse ano também se descobriram as calendas nos breviários dos gregos, e viu-se então que Março calhava na quaresma e os meados de Agosto em pleno mês de Maio. Em Outubro, se bem me lembro, ou em Setembro, se não me engano (Deus me livre!) correu a semana ditosa entre as ditosas, tão afamada nos anais e hoje conhecida pela semana dos nove dias, porque o ano era bissexto: o sol desandou da direita para a canhota, a lua mudou de cinco toesas o seu curso e viu-se perfeitamente o tremelicar das estrelas fixas no firmamento. Foi então que uma das Três Marias, mandando as outras à fava, deu uma carreirinha até o Equinócio e a Espiga deixou a Virgem para se encafuar na Balança. Foram coisas tão pasmosas, tão terríveis e difíceis que os astrólogos quedaram estarrecidos, sem poderem meter o dente em tão especiosa matéria. De resto, só com dentes de cavalo chegariam até lá.
Sabei pois que o mundo inteiro apanhava grandes barrigadas de nêsperas, porque eram lindas de se verem e gostosas ao paladar. Mas, tal como Noé, santo entre os santos a quem devemos a plantação da vinha de onde nos vem este licor deleitável, delicioso, precioso, celestial e divino que se chama vinho, foi enganado ao bebê-lo, ignorante da sua virtude e força, as mulheres e os homens desse tempo empanzinaram-se à porfia com esse belo e sumarento fruto. O que foi motivo de muitas e diversas moléstias, sendo a mais importante um horrível inchaço nas partes mais inesperadas do corpo.

Rabelais
Françhois Rabelaiche (Chinon, 1494 — Paris, 9 de abril de 1553) escritor, padre e médico francês do Renascimento, que usou, também, o pseudónimo Alcofribas Nasier (um anagrama de seu verdadeiro nome).
Ficou para a posteridade como o autor das obras primas cómicas Pantagruel e Gargântua, que exploravam lendas populares, farsas, romances, bem como obras clássicas. O escatologismo é usado para condenação humorística. A exuberância da sua criatividade, do seu colorido e da sua variedade literária asseguram a sua popularidade.


Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Não tá fácil pra ninguém

Todo mundo é vadia de alguém.



Sei que seu chefe cobra de você, mas olhe pelo lado bom, alguém manda nele também.

Capinaremos.com

15 dezembro 2013

Filme «Un Chant D'Amour» (Dir. Jean Genet, 1950)


Un Chant D'Amour (Dir. Jean Genet, 1950) from CAJ on Vimeo.

Arqueologia sacra

(Foto © Patologista)

Em miúda, o que eu gostava de fazer furinhos naquelas caixas da Regina para saírem chocolates mas com o avançar do tempo passei antes a preferir a exaltação de usar a pressão dos meus dedos para fazer saltar aquele creme pastoso que sai das borbulhas.

E se ele outros predicados não tivesse bastar-me-ia este. Ele alongava-se de barriga para baixo expondo toda a sua pele macia e como um gato permitia que lhe afagasse todo o pêlo e até a traquinice de lhe tactear as bolinhas de râguebi enquanto a minha respiração acelerava sentindo na polpa dos dedos estendidos aquela suavidade e a mínima protuberância digna de extirpar, alucinada ainda mais pela visão daquele rabinho soerguido a que encostava as minhas ancas antes de me debruçar sobre ele a espremer cada um dos maravilhosos achados e creio mesmo que o ouvia ronronar.

Esgotado o espólio, serpenteava sobre o seu corpo e delineava-lhe um rasto de saliva da primeira vértebra cervical até ao sacro, murmurando que já lhe espetara um dorsal e podíamos começar a correr a maratona.

Fecha dura


Objetos (espaço dedicado aos nossos amigos diários)

14 dezembro 2013

«Burlesque-ooh-rama»

Espectáculo de burlesco com Tronicat la Miez, Belle La Donna e Xarah von den Vielenregen.


Burlesque-ooh-rama from Zismo on Vimeo.

E aqui ficam umas musiquinhas excelentes para ambientes de burlesco, de bónus:








«O motor do desenvolvimento tecnológico» - João

"Não sei se existem mais homens ou mulheres nos domínios de investigação relacionados com computação e tecnologia em sentido lato. Arrisco dizer que seja maior o número de homens, talvez pela ideia que tenho de que nos cursos tecnológicos há mais homens do que mulheres. Poderá ser uma concepção errada, mas que me ajuda muito a suportar a ideia chave que vos quero apresentar: o mundo tecnológico desenvolve-se por uma única razão. Gajas.
Não me venham com tretas. A internet, os computadores, os telefones, a televisão de alta definição existem porque queremos ver gajas. Eu lembro-me de usar computadores com 20MB (sim, vinte megabytes) de disco rígido, e com monitores de apenas 4 tons de verde (CGA). Em relativamente poucos anos a ciência informática deu saltos de gigante. Alguém se lembra de que foi há poucos anos (menos de 10) que ainda se usavam muitos processadores 486 e que os discos rígidos tinham capacidades de poucos gigabytes? E querem convencer-me de que tudo isso evoluiu porque era preciso ter máquinas de maior capacidade para fazer documentos e folhas de cálculo? Para registar correspondência? Ou até mesmo para… jogar? Não! Os computadores evoluíram muito porque a horda de homens engenheiros por detrás do seu desenvolvimento queriam desenvolver algo que lhes permitisse ver mais gajas. Os discos rígidos aumentaram em capacidade para poder guardar mais gigabytes de gajas nuas, em fotos ou em vídeos. Querem convencer-me de que as placas gráficas evoluíram para melhorar a performance tridimensional dos jogos de computador? Não! As placas gráficas evoluíram porque era preciso reproduzir com maior fidelidade os finos detalhes da pele das gajas! O resto veio por acréscimo, só para disfarçar.
Mais… os telefones. Para falar ao telefone em qualquer canto do mundo basta que o dito aparelho permita atender chamadas, e fazê-las. Ter uma agenda é conveniente para não escrever sempre os números, mas desde que tenha essa dita agenda, permita digitar números, atenda e marque, cumpre a sua função. Certo? Certo. Mas nós temos telefones com displays a cores, muitas cores, com câmara fotográfica, com chamadas de video, com comunicação bluetooth, etc. E querem dizer-me que isso serve para comunicar melhor, para ser mais produtivo, para ter a informação na mão em qualquer lado? Não! Isso serve para contactar gajas, para fotografar gajas, para enviar e receber fotos de gajas nuas, para nós enviarmos fotos das nossas pendurezas (das quais elas se vão rir se estiverem, de facto, penduradas) por MMS, e para fotografar gajas desprevenidas na rua ou na praia.
A internet. Alguém se lembra da internet por dial-up? Olhem que não passou muito tempo. Há 7 anos por exemplo ainda se usava muito. Com modems de 56K. Em 2001 ou 2002 havia ainda pouca gente com banda larga (o próprio nome é parecido com bunda larga, lá está, de novo, a ligação às gajas) e a maioria dos acessos à internet fazia-se por linha telefónica em sistema dial-up, para consultar e-mails e fazer alguma pesquisa. Alguém precisa de banda larga para ler e-mail? São precisos 10, 20 ou 100Mbit de downstream para ler e-mail? Não! Isso serve para fazer download de gajas. A gente quer internet rápida para sacar muitas gajas da net. E se alguém disser “ah bom, mas mesmo para ler o e-mail, é bom ter banda larga”, isso é apenas porque o e-mail está cheio de gajas. São powerpoints com gajas. Videos com gajas. Gajas em todo o lado. Porque se o e-mail fosse usado para texto, sem anexos, a banda estreita chegaria quase sempre (há excepções, claro… enviar informação geográfica por e-mail exige mais. Mas se fosse só por isso, ninguém apostava na banda larga).
A televisão. Querem convencer-me de que a televisão de alta definição serve para ver melhor os jogos de futebol? Alguém quer ver com detalhe a relva dos estádios? As caretas dos jogadores ou os brincos do Ronaldo? Alguém precisa ver as manchas de sangue do CSI com maior detalhe para entender a história? Não!!!! A alta definição na televisão serve para levar para o sofá da sala aquilo que nos monitores dos PCs já existia: imagens de gajas com detalhe! Videos com detalhe, imagem com detalhe, gajas nítidas. Só isso. Note-se, a esse propósito, como um dos principais iscos dos sites eróticos é oferecer imagens cada vez maiores. Imagens de gajas em resolução 1024×768 é fraquinho, não entusiasma ninguém. O que os machos querem é imagens enormes, de 4000 ou 5000 pixeis no lado mais largo da imagem, imagens de muitos, muitos megapixeis, que num zoom de 100% permitem ver todos os sinais da pele da gaja, e até permitem ver qual o método que ela usa para se depilar. Podem ser um exagero, e para se conseguir ver a gaja completa é preciso ver a imagem com um zoom de 10 ou 15%, e cada imagem pode ter vários megabytes, mesmo comprimida em JPG. Mas isso não interessa. Porque a gente quer é gajas, e ter o poder de fazer zoom e ver a gaja ainda mais perto do que se estivessemos lá encostados com o nariz… é colossal.
Por isso, não me venham com tretas. O motor do desenvolvimento tecnológico é apenas um: gajas. Os computadores servem para ver gajas, os discos externos servem para transportar gajas, os telefones servem para receber e enviar gajas, a televisão serve para ver melhor as gajas, e a internet é o veículo das gajas. Não há nenhum segredo nisto.
O que eu não sei é o que seria da tecnologia se as gajas fossem as principais responsáveis por ela. Mas seria diferente."

João
Geografia das Curvas

Ninho com ovos

Estatueta em madeira com tronco de mulher e ovos sobre a vagina.
Trabalho de autor português, comprado em 1988 para a minha colecção.

Postalinhos da Capadócia

"Capadócia, Turquia, com as suas formações geológicas únicas, resultado de fenómenos vulcânicos e da erosão."
Rosa Amélia M.


12 dezembro 2013

Filipinas: «T-Bar» - anúncio a t-shirts que não chegou a ser posto no ar

Taça «carta de jogar ás de copas» com mulher nua deitada

Peça em faiança da minha colecção.


O Jardim Separado

"Escrevo para foder os contrafortes da mente, escrevo a fêmea que submerge da legião profunda e entra, rasgando todos os encalços nas labaredas húmidas do mundo. Fodo e escrevo, os caminhos ardentes do solstício uterino que permanece ininterrupto, a cada eclodir, as bocas ressonâncias, nos sexos que possuo encostados ao cio, aos lábios grandes, ligando- me as frases aos gemeres incompletos dos ventres que balouçam entre os faróis, demolindo, biografias, sítios, e os incêndios que alvejam de dentro das palavras pénias, expostas, grossas, fálicas, e que cadenciam as fodas laboriosamente, que eu amo e que me libertam o corpo dos trilhos machos."

do livro O Jardim Separado.

Luísa Demétrio Raposo

Não há fartura que não dê em fome

Crica para veres toda a história
A lâmina da espada


1 página

11 dezembro 2013

«Finitude» - João

"Somos confrontados, a espaços, com a finitude. A primeira vez que me recordo de dar conta que era finito, que a minha vida caminhava, inexoravelmente, para um conjunto de tábuas, foi aos oito anos. Não sei porquê. Podia ter sido antes, ou depois. Mas alguma coisa, de que eu não me recordo, criou em mim a percepção de que a vida era finita. De que todos morriam. E eu também. Lembro-me, com razoável nitidez, de estar deitado na cama a olhar para o tecto e a tentar imaginar a inexistência. A tentar imaginar o que seria eu – que me sentia tão vivo – deitado e imóvel, morto, sem pensar, sem olhar, sem sentir, sem respirar, sem estar. A minha mente de oito anos não conseguiu encaixar essa ideia tanto quanto a de trinta e sete recusa. A minha atitude perante a morte é hoje diferente, mas creio que aquilo que se consegue com a idade não é tanto o ser capaz de fazer aquilo que tentei com oito anos e não sentir algum pavor, mas sim desenvolver técnicas de evitar pensar na morte dessa forma, ou pelo menos relativizar a noção de morte.

Não sei, também, se a morte é temida pelo fim ou pelo processo. Estar morto poupa-nos a uma série de incómodos (e ecoa na minha mente, agora mesmo “a um morto nada se recusa, e eu quero por força ir de burro”) e se, na ausência de outros valores, nos dedicarmos a uma vida hedonista, poder-se-á conviver com a morte de forma desassombrada. Estamos cá, tiramos o máximo prazer que podemos das coisas, e depois passamos à inexistência. Mas o processo é lixado. A transição vida/morte não é sempre como um desligar de botão. Quando é uma transição prolongada, o suficiente para se sentir dor ou ter a percepção de que a vida está a momentos de terminar, o pavor instala-se, e é por isso que questiono se o que nos assusta, verdadeiramente, é o fim (estar morto), ou o processo (estar a morrer).

Afastando-nos do hedonismo, temos outras respostas noutras vias espirituais. A minha matriz católica – que mantenho, com dificuldades aqui e ali – alivia-me tanto o fim quanto o processo, no tanto em que o fim não é verdadeiramente o fim, e o processo pode contribuir para um fim melhor. I.e., a morte não é senão a inexistência física, mantendo-se a nossa existência incorpórea num plano não terrestre (o céu, o purgatório, ou o inferno), e o processo, porque o catolicismo associa o sofrimento à purificação, pode acelerar ou garantir o acesso ao céu, evitando o purgatório. Diga-se, ainda, que por via do catolicismo, a existência incorpórea no céu, no purgatório ou no inferno, não são uma decisão divina unilateral, mas sim uma pena auto-imposta quando às nossas almas é dada ver a nossa vida com os olhos do Criador. Outras religiões terão diferentes visões da morte, mas desconheço-as.

Os detractores das religiões dirão, prontamente, que tudo isto é uma forma elegante de resolver a morte. Uma prática de auto-engano. Uma ilusão que permite aos meninos de oito anos – e aos de trinta e sete – pensar na sua finitude sem desesperar. Sinto, para mim, que não o é, embora funcione. A noção de que o divino nos espera e de que a nossa existência se expande muito para lá da existência terrena é, obviamente, confortável. Até certo ponto, pelo menos. Colide, é certo, com o hedonismo que apetece. Mas mesmo isso é discutível. O Deus castigador do antigo testamento, que pertence a um determinado contexto, deu lugar a um Deus de amor inesgotável, que sempre nos recebe quando a Ele nos dirigimos. Mas não pareça este um texto dedicado à religião. A católica ou outra qualquer. Apenas aqui cheguei por causa das cerejas. Das palavras.

O que me levou a escrever foi a finitude que nos espreita e às vezes se mostra. Os nossos corações sempre se assustam quando a finitude espreita os nossos. Este ano já me assustei. Já me assustei comigo, já me assustei com a família, já me assustei com o coração. As nossas vidas não são as de borboletas. São vidas longas o suficiente para muitos chegarem ao ponto de já nem querer saber, e esperar a morte com muita paz senão até com desejo. Mas às vezes os sobressaltos acontecem muito, muito antes de tempo. Quando o tempo ainda não é o da pacificação, não é o do desejo da ausência que inibe o desconforto. Às vezes os sobressaltos acontecem numa altura em que tudo quanto queremos é mimo. Muito mimo. Alturas em que os corpos se querem próximos, não para o galope, mas para as carícias que fluem pela ponta dos dedos, suavemente, sobre a pele."

João
Geografia das Curvas

Mestre Shark - Faço Domicílios

O 69 é um número muito sobrevalorizado. A malta acha piada ao conceito em teoria mas depois queixa-se imenso de falta de coordenação e assim.

«conversa 2033» - bagaço amarelo

Ela - Ando a tirar um curso de pintura.
Eu - Fixe. Vou precisar de ti, então.
Ela - Porquê?
Eu - Porque as paredes da minha casa estão um nojo e vou ter que as pintar, coisa em que não tenho grande experiência.
Ela - Sabe-me sempre bem conversar contigo de vez em quando.
Eu - Porquê?
Ela - Porque me apercebo sempre do motivo pelo qual as coisas nunca resultaram entre nós.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Postalinho de Halong Bay, no Vietnam

"Quando os chineses invadiram Halong, o povo pediu protecção ao Grande Dragão. Então, ele vomitou e criou mais de 3000 ilhotas que os protegeram como uma barreira. São assim as lendas...
No caso desta ilhota, não sei o que isto me faz lembrar mas tu, Sãozinha, deves saber!
Beijos do
Alfredo"

10 dezembro 2013

Pro Infirmis «Because who is perfect?» (porque quem é perfeito?)

"Manequins com deficiências provocarão olhares espantados dos transeuntes numa rua de Zurique. Entre os manequins perfeitos, haverá figuras com escoliose ou doença dos ossos frágeis a modelar as últimas modas. Um vai ter membros encurtados, outra uma coluna deformada...
A campanha foi concebida para o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência pela Pro Infirmis, uma organização para pessoas com deficiência. Intitulada «Porque quem é perfeito? Aproxime-se», que se destina a provocar a reflexão sobre a aceitação das pessoas com deficiência. O Diretor Alain Gsponer capturou a campanha como um curta-metragem."
É uma causa pela qual vale a pena lutar.

«This Misterie of Fucking» : Manual do Sexo de 1680


"Parei na livraria Martin's, o meu livreiro, onde vi um livro Francês, e pensei comprá-lo  à minha mulher para que o pudesse traduzir, chamado «Lesccolle des filles». Ao folheá-lo, foi o livro mais picante, mais lascivo  que vi...Tive vergonha de o ler"
- The diary of Samuel Pepys, Monday, January 1, 1668    

O livro é uma surpreendente e moderna exploração da sexualidade, escrito na forma de diálogo entre uma adolescente  e a sua mais experiente prima. Originalmente escrito em Francês, traduzido e publicado em Inglês em 1680 como The School Of Venus.

«redescobre-me» - Susana Duarte




redescobre-me os braços, estendidos sobre a noite, e derrama sobre mim a infinitude do teu abraço

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Acessórios de peças de teatro da Tuna Meliches nos Encontra-a-Funda (encontros do blog «a funda São»)

A Tuna Meliches é, desde sempre, o grupo sargento (não há oficial) do blog «a funda São».
E, ao longo de 10 anos e 19 encontros (Encontra-a-Funda) já por diversas vezes apresentaram as suas músicas e diversas peças de teatro.
Alguns desses acessórios fazem parte da colecção.


Acessório usado pelo "fodaz Ribeiro, preto na cara, enorme no mangalho" na peça de teatro da Tuna Meliches baseada no poema «Ribeirada» de Bocage e apresentada no 5º Encontra-a-Funda (encontro do blog «a funda São») no Porto - 23 a 25-06-2006.
Trabalho da Celeste Rafael.



Traje usado pelo "de Vénus o filho, o deus Priapo" na mesma peça de teatro.
Trabalho da Lurdes e do Antonino Silva.


Acessório da vulva das cabrinhas que os pastores... apascentavam no presépio, na peça de teatro «Auto na tal» da Tuna Meliches apresentada no 6º Encontra-a-Funda (encontro do blog «a funda São») em Setúbal - 18 a 19-11-2006.
Trabalho da TriMargarida.


Roupa e acessórios do Gil Vicentezão, narrador da edição especial da peça de teatro «Auto das Danações» de Jorge Castro.
Em 2006, num passeio de barco no Sado por ocasião do 6º Encontra-a-Funda (encontro do blog «a funda São»), o coleccionador sugeriu ao Jorge Castro (OrCa) que escrevesse uma peça de teatro, à moda de Gil Vicente mas com personagens dos tempos modernos. Passados menos de 3 meses, o OrCa tinha pronto o «Auto das Danações - versalhada em um acto, que o tempo não está para desperdícios que não atem nem desatem», que foi levado à cena pela Tuna Meliches, em Caria, na Quinta do Panasco, no 7º Encontra-a-Funda - 23 e 24-06-2007.
Trabalho de Celeste Rafael e Paulo Moura.

09 dezembro 2013

Aprendam a dançar Doundounba


Naked African Dance 2: Nude Doundounba! (All Levels) from Naked Yoga School on Vimeo.

«respostas a perguntas inexistentes (259)» - bagaço amarelo

Depois do meu divórcio e antes do meu novo casamento, marquei diversos encontros com mulheres um pouco por todo o país. Alguns correram melhor, outros pior. Algumas dessas mulheres ficaram minhas amigas, outras nem por isso. Lembro-me com frequência de alguns desses encontros, doutros nem por isso.
Alguns amigos meus, com base num pensamento a que arrisco chamar mais conservador, criticaram-me ou avisaram-me, sempre com as melhores das intenções, que não é através de encontros com desconhecidas que se deve conhecer uma mulher. Ainda hoje discordo, até porque se se conhece uma mulher, é porque até então ela era desconhecida, seja numa saída à noite, numa inscrição num workshop de dança ou outra coisa qualquer. Eu queria conhecer pessoas. A internet é apenas um (mais um) meio para o fazer.
Apesar da minha actual relação ter sido uma das maiores coincidências da minha vida, creio que mesmo a maior, acabou por ser essa a via para a relação mais longa que já tive com uma mulher depois de me ter divorciado. Por isso, e independentemente da coisa continuar a resultar por muito mais tempo ou não, não me arrependo.
Hoje, daquilo que mais me lembro dos meus encontros, é sobre como nos apresentamos ao outro e o que realmente somos. Nunca corresponde, ou quase nunca. Talvez por isso os ingleses lhes chamem blind date (encontro às cegas). Muitas vezes fui ter com mulheres que nunca tinha visto, nem sequer em fotografia, mas das quais fazia uma ideia. Aliás, fazemos sempre uma ideia sobre como são os outros, seja alguém com quem conversamos na net, seja um locutor de rádio ou outra coisa qualquer.
Entre esta distância que separa a forma como nos vemos e aquilo que realmente somos, existe também a variável do que somos e do que queríamos ser, variável essa que pode ser muito cruel. Acho que foi por isso mesmo que na primeira vez que vi a Anabela ela estava a chorar. É assim que me lembro dela hoje, sete anos depois. A chorar.
Saí de Aveiro num fim de tarde em direcção a Coimbra para tomar um café com ela. Nunca a tinha visto, mas a descrição dela, feita por ela mesma, revelava uma mulher morena de um metro e sessenta e cinco, magra, lábios grossos, tímida e que se escondia frequentemente nos seus longos cabelos negros.
A primeira conclusão a que cheguei é que é que se atrasava bastante, porque apesar de termos combinado às oito da noite num café central, às nove ainda não tinha vislumbrado ninguém que se assemelhasse a tal apresentação. Foi nesse momento que uma "outra" mulher, loira, de cabelo curto e certamente com mais de cem quilos, se sentou na minha mesa a chorar. Estava ao meu lado, em segredo, desde o princípio, a ganhar coragem para se revelar.
Pediu-me mil desculpas por me ter feito andar tanto em busca do inexistente. A sua descrição baseara-se na minha assumida admiração pela Mayra Andrade.

- E o que é que bebes? - Perguntei como que querendo fugir àquela pequena explosão do meu dia.
- Não estás zangado?
- Estou zangado com o mundo. Contigo, obviamente que não.
- Tu também não és bem o que eu estava à espera... - concluiu.

Eu não era o que a Anabela estava à espera. A Anabela não era o que eu estava à espera. Depois mandámos vir vinho, bebida que nos acompanhou numa conversa até às três da manhã, já no seu pequeno apartamento. Dentro daquilo que não éramos, ficámos amigos até hoje. Estava aqui a pensar na quantidade de vezes que dei de caras com mulheres que correspondiam fisicamente ao que diziam, mas com quem não fui capaz de dividir um copo desse néctar da amizade que é o tinto maduro.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Luís Gaspar lê «Cinco horas» de Mário de Sá-Carneiro

Minha mesa no Café,
Quero-lhe tanto… A garrida
Toda de pedra brunida 

Que linda e que fresca é!

Um sifão verde no meio 

E, ao seu lado, a fosforeira
Diante ao meu copo cheio
Duma bebida ligeira.

(Eu bani sempre os licores
Que acho pouco ornamentais: 

Os xaropes têm cores
Mais vivas e mais brutais).

Sobre ela posso escrever 

Os meus versos prateados, 

Com estranheza dos criados
Que me olham sem perceber.

Sobre ela descanso os braços 

Numa atitude alheada,
Buscando pelo ar os traços 

Da minha vida passada.

Ou acendendo cigarros,
— Pois há um ano que fumo
-
Imaginário presumo
Os meus enredos bizarros.

(E se acaso em minha frente
Uma linda mulher brilha,
O fumo da cigarrilha
Vai beijá-la, claramente…).

Um novo freguês que entra
E novo actor no tablado, 

Que o meu olhar fatigado
Nele outro enredo concentra.

E o carmim daquela boca
Que ao fundo descubro, triste,
Na minha ideia persiste 

E nunca mais se desloca.

Cinge tais futilidades

A minha recordação,
E destes vislumbres são

As minhas maiores saudades…

(Que história d’Oiro tão bela

Na minha vida abortou:

Eu fui herói de novela
Que autor nenhum empregou…).

Nos Cafés espero a vida
Que nunca vem ter comigo:
— Não me faz nenhum castigo,
Que o tempo passa em corrida.

Passar tempo é o meu fito, 

Ideal que só me resta: 

Pra mim não há melhor festa, 

Nem mais nada acho bonito.

— Cafés da minha preguiça,
Sois hoje — que galardão!
— 
Todo o meu campo de acção
E toda a minha cobiça.

Mário de Sá-Carneiro
(Lisboa, 19 de Maio de 1890 — Paris, 26 de Abril de 1916) foi um poeta, contista e ficcionista português, um dos grandes expoentes do modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Chupetinha


Foto de José Manchado

Via Danish Principle

08 dezembro 2013

«Charizard» - curta-metragem Porta-Curtas

Drama
Prémio Porta Curtas
Director: Leonardo Mouramateus
Elenco: Daniel Pizamiglio, Geane Albuquerque, Luiz Otávio Queiroz, Marcel Cozzolino
Duração: 15 min
Ano: 2012
Brasil
Sinopse: A semana em que Virna resolveu se separar do namorado para ficar comigo, foi a mesma semana em que me ofereceram um emprego temporário de caseiro. Um ensaio sobre o corpo e a juventude ao som pulsante de música electrónica.

«O Humberto dos adágios» - por Rui Felício


O Café Samambaia estava cheio. Os clientes habituais e mais a malta vinda de vários lados de Coimbra e do resto do País que se aprestava, sob a batuta do Rafael, para mais uma jornada de convívio esgotavam todos os lugares do espaçoso café. Lá dentro e cá fora na ampla esplanada, nenhuma mesa livre.

Aquela bela mulher, curvilínea, irrepreensivelmente vestida, desconhecida de todos, atraía os olhares dos homens, uns de forma disfarçada, outros de maneira ostensiva.
Caminhando por entre as mesas, a Marília tentava descobrir, sem êxito, um lugar para se sentar. Fixou os olhos negros, amendoados, numa mesa, lá ao fundo onde se encontrava o Humberto sozinho, absorto na leitura do Diário de Coimbra.
- Desculpe-me estar a incomodá-lo, mas não consigo encontrar nenhuma mesa livre. Importa-se que me sente à sua?
O Humberto levantou os olhos do jornal, espantou-se pela beleza daquela mulher, puxou uma cadeira e convidou-a a sentar-se, indiferente aos sorrisos da malta que seguia a cena:
- Faça favor! Guardado está o bocado para quem o há-de comer!
A Marília sorriu, sentou-se e agradeceu:
- É muito simpático. Reparei que foi o único homem que, educadamente, não me comeu com os olhos enquanto eu procurava lugar.
- Estava a ler, e enquanto se cava na vinha não se cava no bacelo - esclareceu o Humberto com um sorriso.
- Você, além de simpático, educado e atraente, é muito engraçado. Está sempre a citar provérbios, disse a Marília com uma gargalhada. E vê-se que é um homem polido e de boas maneiras.
- Polidez pouco custa e muito vale, respondeu-lhe o Humberto pousando delicadamente a mão na mão dela.
A Marília gostou daquele toque fugidio e carinhoso e retribuiu, pegando-lhe na mão e olhando-o melancolicamente.
O Humberto quebrou o silêncio:
- O que está feito, feito está...
- Como se chama? Gostaria de o conhecer melhor, atirou a Marília...
- Humberto é o meu nome. Mas é pelo voo que se conhece a ave.
- Julgo que devíamos voar nas asas da fantasia, incentivou ela, sentindo as caricias que os dedos dele faziam nos seus.
O Humberto alongou-se na sua resposta:
- Barco parado não faz viagem. Podemos encontrar-nos logo à noite, se quiser...
- Hoje não posso. Mas podemos ver-nos amanhã, disse ela.
- Claro que sim. Há mais marés que marinheiros!
. . . . . . . . . . . .
No dia seguinte jantaram, à luz das velas, num restaurante do Parque Verde e apanharam um táxi para casa dela ali para os lados de Montes Claros.
Na sala, beberam um copo, dançaram ao som suave de uma música romântica, sob a ténue e cálida luz de um candeeiro de mesa e uma hora mais tarde beijavam-se sofregamente.

Já deitados, as carícias trocadas, o calor dos corpos nus, os sussurros, endoideciam a Marília que, descontrolada, lhe pedia que fosse até ao fim.
O Humberto disse-lhe em voz rouca:
- Devagar se vai ao longe, minha querida... e, não te esqueças, que grão a grão enche a galinha o papo.
Mas a Marília já não podia esperar mais e o Humberto, embora se esforçasse muito, não estava a conseguir.
- Não é por muito madrugar que amanhece mais cedo - justificou-se o Humberto, com alguma vergonha.
Ela fez tudo o que pôde para o ajudar mas ele derrapava, gemia, e nada!
Já irritada, ao fim de duas horas de esforços infrutíferos, gritou-lhe:
- Então?!
O Humberto, deixou-se cair para o lado, exausto, e só foi capaz de dizer:
- Roma e Pavia não se fizeram num dia!

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Enchidos


O seu paleio de encher chouriços não seria das coisa mais saborosas. Que não era. Mas afiambrar-lhe a farinheira até sentir o odor dos fumados sempre era uma petisqueira que a vida também se atesta com estes pequenos nadas.

Só estranhava que nas nossas matanças do porco apenas no final ele soltasse um grunhido abafado como se o gato lhe tivesse comido a língua e sugeri uma receita mais apimentada de uma dúzia de vocábulos de calão para estas ocasiões. Ele tentar articular palavras, tentou. Enunciou florinha, gatinha e outras alegorias terminadas em inha que só diminuíam a minha vontadinha. Cheguei a pensar que era tamanho o afluxo sanguíneo aquela parte do corpo que mais se assemelha a um enchido que isso o impedia de movimentar as cordas vocais ou lhe falhava a energia para fazer a ligação à região demarcada da fala no cérebro.

Até que um dia ele conseguiu pronunciar putinha e fê-lo de uma forma tão mimosamente infantil que me arrepiei julgando-me parte de um acto de pedofilia. Que não era suposto. Do meu rosto deve ter transparecido o calafrio e ele avançou um pujante minha vaquinha que é daquelas coisas que se eu tivesse três estômagos regurgitava logo ali.

De maneira que o convidei para uma pausa, um lanchinho de leite quente com bolachinhas, para lhe afirmar que se tinha características de menina mimada, que tinha, equilibrava a travessa sendo perversa na cama.

(Foto © Maria Flores,2006, Write on me the words you cant tell)

... de costumes


Objetos (espaço dedicado aos nossos amigos diários)

07 dezembro 2013

Playboy - tratamento VIP... para ele e para ela



«Entre nós» - João

"Sabes o que te vai acontecer? Perguntei eu. Tens alguma ideia? E ela olhou-me, profundamente, e disse-me que sim. Respondi-lhe que não. Que não tinha verdadeiramente ideia do que ia acontecer-lhe. Em absoluto rigor, nem eu, embora soubesse que ia ser longo. Combinámos uma palavra para parar, se fosse necessário. A cadeira era austera. Madeira escura. Estava sentado nessa cadeira e tu despida, deitada sobre as minhas pernas. Enquanto uma das minhas mãos te ia dando umas palmadas nas nádegas, a outra passeava-se pelas coxas e pela tua cona, onde os dedos se deixaram entrar. Massajei o teu clítoris e fiz-te vir. Pediste que não, que não o fizesse, mas fiz-te vir. Não logo, não depressa. Estavas ali para ser castigada. Fui lendo os teus sinais, a tua respiração, os teus músculos, e criei um crescendo até ao momento em que te deixei rebentar.
Não podias fugir. Vir-te-ias quando eu quisesse, e não à tua vontade. Faria de ti o que quisesse. Deitei mão a corda grossa, para não te marcar muito, e prendi-te à cama pelos tornozelos e pelas mãos. As pernas abertas e os braços estendidos. Estavas à minha mercê. Comecei por, quase timidamente, beijar-te as pernas. Os joelhos. Avancei para as coxas, no seu interior. Beijei-te a barriga, e detive-me a lamber e a trincar, ever so slightly, os teus mamilos que à minha chegada estavam já duros, erectos. Não podias ver nada do que te fazia, porque os teus olhos estavam vendados. Assim que avancei sobre ti, uma perna minha tocou a tua cona e ficou molhada. Estavas quase a pingar. Encharcada mesmo. Trinquei suavemente os teus ombros, beijei-te o pescoço, e por fim os lábios. Mas então avancei sobre ti e enfiei-te o caralho na boca. Como se a tua boca fosse uma cona. Agarrei-te o cabelo e segurei-te a cabeça. E, enquanto isso, com uma mão livre, ora te esfreguei a cona, ora lhe bati, com umas palmadas certeiras, e perguntei-te se te querias vir, se querias que te fodesse a cona, que lhe enfiasse o caralho. Fizeste-me sinal que sim. Querias ser castigada. Deixei-te a boca, que beijei, e entrei em ti sem dificuldade. Por esta altura já o lençol que cobria a cama estava molhado, e tudo quanto precisava fazer era escorregar para dentro de ti. Em pouco tempo estarias a debater-te com as cordas, esticando-te, vindo-te. E eu também.
Depois, mais tarde, deitado, avançaste sobre mim. Começaste por esfregar a tua cona no meu caralho, duro, pulsante, sem o deixares entrar dentro de ti. Deslizaste para a frente e para trás, deixando-o totalmente molhado. Sentaste-te sobre a minha cara. Obrigaste-me a lamber-te. Como se fosse isso um grande sacrifício. Lambi-te a cona longamente. A língua castigou-te o clitóris e aventurou-se entre os pequenos lábios. Percebeste que estavas quase a vir-te, e saíste de cima da minha boca. Regressaste ao caralho, sobre o qual te sentaste. Deixaste-o entrar. Consegui vê-lo desaparecer dentro de ti. E ondulando a bacia criaste um movimento rítmico que em poucos instantes nos fez vir de novo. Caíste ao meu lado.
No final, éramos farrapos. Todo aquele espaço tresandava a sexo, e nós totalmente rebentados, mas sorridentes, felizes, deitados lado a lado, com a mão dada, e frases de descompressão. Que não existes, que isto só pode ser proibido, provavelmente ilegal numa série de países, que não existe nada igual. A dado instante disseste “nem sei se fodemos ou fizemos amor”. Perguntei: “e isso, entre nós, tem alguma diferença?”."

João
Geografia das Curvas

Deuses do Nepal e suas consortes

Duas pequenas estatuetas do Nepal, em bronze, representando um deus oriental (numa delas com uma lança) com a sua consorte, num enlace amoroso e uma mulher nua deitada de bruços, a seus pés.
Vieram do Nepal para a minha colecção.




Perspectivas e reflexos do caralho


Via Danish Principle

06 dezembro 2013

Os colhões a marcar passo

João de Deus tergiversa à sobremesa.



Kitsch



Via mon ami Bernard Perroud

«Meter a pata na poça» - Patife

Ontem acordei com os cocos cheios. É coisa que acontece quando fico mais de 24 horas sem pinar. Mas ontem foi mais grave porque não ficavam quietos. Pareciam umas bolas saltitonas num frenesim persistente que só se aplaca com uma queca de proporções epopeicas. E nestes dias pino tudo e mais um par de cotas. Saí então à rua pronto a aviar a primeira pachachinha que se escachasse à minha frente. Não demorou muito, pois o que o Chiado mais tem é bardanascas prontas para a festa rija proporcionada pelo meu bacamarte. Entre encontrá-la e lhe estar a aviar a patareca como um abutre faminto foi um par de minutos. Não sei que efeito tenho eu nas fêmeas, mas assim que lhe arrombo as cuecas aquilo já estava transformado em pocinha. O que, em condições normais, seria meio caminho andado para lhe meter a pata na poça. De pouco lhe valeu, pois o meu bordalo já estava maior que um pinheiro. E foi só quando ela saiu de casa que fiquei com um incómodo problema de consciência que me atormentou a mente durante vários segundos. Ainda tentei assomar-me à janela mas ela já ia a dobrar a esquina, com um andar de sofrimento presenteado pela carga de bombada que tinha apanhado na senisga. É que, apesar de bem lubrificada, queria pedir-lhe desculpa por não ter usado uma calçadeira. O Pacheco estava mais colossal que o normal e nestes dias costumo ter a delicadeza de usar uma calçadeira especial para auxiliar a enfiar o sardão. É uma calçadeira de luxo, modificada para a cambalhota sexual, devidamente forrada com um gel de alta qualidade. Uma caralheira, portanto. E não tenho dúvidas de que se tivesse usado a calçadeira, aquela marmanja teria ficado no ponto para levar com esta caçadeira.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Faça seu pedido…

A estrela sempre realiza.



Ei menino safado.

Capinaremos.com