29 setembro 2011

Nus meandros

"Oiço palavras correndo pela minha cabeça.

Eu as oiço ascendendo nos meus quartzos, retendo-me num espaço aumentado, atravessando-me em volta de inúmeros ecos. Elas pensam, correm abertas em mim, como se eu fosse o seu céu e elas estrelas pela minha noite dentro...
Segredos em transe... imagens que partem e levam com elas o meu sangue, e me atiram para um mundo de sonhos, grandiosamente aberto, na mais limpa coada que dorme no centro de mim, entre as rotações, pressões, nas minhas artérias que são ceptros soberanos, entre os corredores, por onde a minha loucura é expelida...
Amo as Luas vermelhas que explodem na minha cabeça, repetidamente, repentinamente as chamas são um mar aberto reflectindo fúrias entre as constelações deste meu tempo interno, aos de mais externo, arfando continuamente, chamejando entre os meus lábios, detidos entre o silêncio e a insónia...
Cada palavra é um eclipse, um abismo profundo, um coração com garras que reflui e flui em mim, interminavelmente, até ao fim dos meus dias, entre as pernas..."

Luisa Demétrio Raposo

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