A Clara Pinto Correia escreveu um pequeno livro: "O Testículo Esquerdo: Alguns Aspectos da Demonização do Feminino" (editora Relógio d'Água), onde aborda as "teorias mais ou menos imaginativas que a ciência moderna produziu para provar «cientificamente» a inferioridade das mulheres, (...) uma tradição muito antiga - muito mais antiga que a invenção da palavra Ciência."
E expõe quatro exemplos ilustrativos desta tendência: o testículo esquerdo, sangue menstrual, o «hermafrodita canónico» e a Telegonia, ou teoria das Impressões Maternas.
Vejamos o caso do testículo esquerdo. Segundo Clara Pinto Correia, "é uma ideia que aparece já explícita desde os tempos de Moisés. Asumia-se que só um dos testículos do homem operava em cada ejaculação, uma vez que de cada parto só nascia, por regra, uma criança." Havia explicações para gémeos (anomalia que levava à ejaculação dos dois testículos) e mesmo dos trigémeos (homens com três testículos). Os rapazes seriam fruto do sumo do testículo direito e as raparigas do testículo esquerdo "isto porque, conforme os autores observam e explicam, o testículo esquerdo é o mais pequeno e o mais fraco."
Mas no século XVIII o médico francês Nicolas Andry terá elucidado como ter rapazes: «(...) A Sexta regra é dirigida ao marido; e diz-lhe que, se quiser ter um Filho, deve assegurar-se de que só o Testículo direito faz o seu ofício, e por esta razão deve atar o [testículo] esquerdo muito apertado com um cordel.»
Se querem ler o resto, comprem o livro. Eu fico-me a rir por aqui...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Uma por dia tira a azia