Pousou a mala na cadeira ao lado. Abriu o jornal que trazia na mão.
Levantou um dedo para pedir um café.
Desdobrou o jornal e leu os títulos da 1ª página enquanto acendia um cigarro.
Olhou à volta, o café não estava muito cheio, só umas 4 mesas ocupadas.
Um homem sentado numa dessas mesas apanhou-lhe o olhar.
Incomodada como se tivesse sido apanhada em falta, baixou rapidamente os olhos.
Tentou concentrar-se no jornal.
Sentia o olhar do homem em si, mirando-a demoradamente.
Não a olhava de uma forma vulgar ou ordinária mas sim contemplativo, lânguido.
O peso daqueles olhos fê-la levantar os dela. Ele esboçou um sorriso.
Ela viu a ponta da lingua dele percorrer os lábios, humedecê-los devagar.
Viu quando ele levou 2 dedos aos lábios e os lambeu semicerrando os olhos.
Ficou presa naquela mão que naquele momento descia e procurava o bolso das calças.
Seguiu-a quando entrou no bolso, quando ele entreabriu as pernas.
E quando o contorno da mão dele tocando o sexo se tornou perceptível sentiu a humidade nela.
A cadeira era uma âncora que a amarrava àquele momento.
Ela, espectadora e inspiradora.
A mão mexia-se em movimentos só visíveis nas rugas e no volume sob o tecido fino das calças.
De repente ele parou.
Ela aguardou ainda uns segundos.
A mão saiu do bolso. Ele tirou um cigarro do maço e pareceu procurar o isqueiro.
Enquanto ela o olhava interrogativamente ele levantou-se.
Aproximou-se dela. Perguntou:
Tem lume?
Texto de
(para darem lume, visitem o blog)
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