04 novembro 2007

Tropical


As poluções nocturnas é que eram a grande porra e só não lhe manchavam os lençóis e a reputação porque ele tinha o bom senso de usar pijama. Todas as manhãs esfregava aquele pedacito das calças no lavatório e lá as deixava penduradas na casa de banho na esperança que enxugassem.

Magro e ossudo, lançava impropérios ao calor tropical que se fazia sentir que lhe deixavam em cada noite a roupa de cama numa lástima de humidade mas uma atenção às mãos gaiatas e esguias denotavam a tensão dos dedos pressionados a contorcerem-se devagarinho. As marotas sabiam do tesão que o assolava mal apagava a luz do quarto e como a nuvem difusa dela ganhava carne nessas alturas e se de início eram apenas uns escassos segundos em que ele despia a peça de roupa que nesse dia lhe prendera a atenção, com o passar do tempo ganhou contornos de coito integral a que até não faltava a sua sensibilidade a cuidar de mudar a ordem dos preliminares em cada dia edificando uma nova fantasia.

O dilema não eram queixas das mãos que permaneciam sossegadas e nem se podiam lastimar do gel de banho que ele usava nas calças para não deixar rasto mas o peso do segredo que carregava acordado de ser infiel à sua mulher na cama de casal de ambos em cada adormecer.

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Uma por dia tira a azia