06 novembro 2007

Coliseu - por Lyer

O espectáculo acabou já tarde. O Coliseu, que rebentava pelas costuras, rendeu-se numa explosão de emoções naquela noite mágica que iria mudar para sempre a minha vida. Íamos cantarolando ainda as músicas lindíssimas que acabáramos de ouvir. O Luis cantarolava ao meu ouvido. A populaça que ia saindo estava histérica de emoção. Na rua acabámos por encontrar alguns amigos que por sua vez vinham com outros amigos. Todos nos apresentámos na festa que ainda continuava. Foram momentos de êxtase, aqueles. No meio da alegria generalizada alguém perguntou:
- Querem ir beber 1 copo?
Eu disse logo:
- Queremos!
Fomos para um barzinho simpático no Bairro Alto. No meio do grupo vinha a pessoa mais linda que já tinha visto até então. Achei eu. Ainda acho. Fixei os olhos nela e foi quando descobri que aquela era a pessoa da minha vida. Esqueci-me do Luis, que entretanto ficou à conversa com alguém. Bateu em mim uma força que até hoje não consigo entender e muito menos explicar. Mas é daquelas coisas que sentimos uma única vez na vida, creio eu. Num milésimo de segundo pensei: "Tou fodida!" E estava mesmo. No meio dos copos e da histeria colectiva, muito riso, muito copo, muita música, muita dança, meti conversa com ela. Olhos verdes. Cabelo em caracóis. Linda de morrer. Apaixonei-me de imediato por aquela mulher que saiu nem sei de onde. A paixão dura até hoje. Durará sempre. Continuo portanto fodida! Houve entre nós uma empatia simultânea e combinámos logo qualquer coisa de ocasião. Não conseguia mais pensar noutra coisa que não fosse aquele pedaço de mau caminho. E o Luis, caralho? Deixei de pensar. Foi como se me tivessem tirado o cérebro.
Passou um mês até que voltasse de novo a encontrá-la. No reencontro apeteceu-me de imediato dizer-lhe: "Amo-te! Larga tudo e vamos embora para qualquer lugar, só nós duas". Os seus olhos pareceram entender de imediato os meus. Não falei nada. Era um fim de semana e inventei uma desculpa para o Luis não ir comigo. Passei o fim de semana a inventar desculpas, aliás. Mentiras. Falsas emoções. Até que ao segundo dia de tanto não conseguir disfarçar o meu interesse por ela ouvi a pergunta que tanto queria e temia ao mesmo tempo:
- Mas qual é a tua? Gostas de mim?
Senti um frio na espinha e disse-lhe:
- Sim, é isso! (que merda de resposta, não era nada daquilo que tinha pensado)
Apesar da empatia, a reacção dela foi antagónica. Foi de negação. Não era fácil admitir o amor por outra mulher. Rondei-a até não poder mais e ela teve que se render. Saímos sorrateiramente de carro e fomos até à praia. Falámos muito com os olhos. Ela beijou-me a mão timidamente. Eu beijei-lhe a boca duma forma arrebatada. Louca de tesão. Aquele beijo durou uma eternidade. Levantei-lhe a camisola e abocanhei-lhe as mamas. Ela gemeu no meu ouvido e disse:
- Não podemos, pára... isto não pode acontecer.
Não quis saber de mais nada e meti-lhe a mão no sexo. Senti-lhe os lábios da cona a ficarem abertos para mim, molhados. Puxei-a para mim, abri-lhe as pernas e lambi-lhe aquela cona que foi feita só para mim. Veio-se na minha boca em orgasmos múltiplos. Desde aquele dia vivemos juntas 13 anos. Até que a vida a tirou de mim. Na noite do Coliseu descobri que tinha atracção por mulher. A cantora era a Simone... Deixei o Luis. Nunca tive coragem de lhe contar porquê. A vida privou-me daquela mulher. Nunca mais amei na vida. Nunca mais tive atracção por mulher.
Agora pairo por aí... doida e perdida no encalço.

Lyer

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