05 dezembro 2007

Eunucos em Roma



Pouco crentes nos anticoncepcionais, algumas mulheres ricas e luxuriosas adquiriam escravos eunucos do tipo «spadones» (do grego σπάω), aos quais haviam sido amputados os testículos já depois de atingida a puberdade e instalada em toda a sua pujança a actividade sexual, tendo-lhes sido cuidadosamente mantida a integridade peniana. É que estes indivíduos assim preparados conservavam intacta a erecção continuando os pénis com as proporções próprias, não tendo portanto perdido a passibilidade de cópula, ficando-lhes apenas perpetuamente abolida por completo a potência geradora. Com eles pois podiam essas damas executarem os actos sexuais sem perigo de engravidarem. Eram assaz ciumentas deles por isso. Para os trazerem sempre debaixo de vista, evitando que outras damas lhos roubassem, cobiçosas muitas vezes da infecunda exuberância sexual de tais escravos, faziam-se acompanhar por eles nos banhos públicos e com eles se banhavam frequentemente.
Havia em Roma eunucos de três tipos, porem apenas os «spadones» eram próprios para o fim que essas damas lúbricas pretendiam, pois que os dos tipos «castrati» e «thlibiae» eram destituídos de «potentia coeundi» *. Os primeiros, os «castrati» (do grego χέστες) eram indivíduos a quem por meio duma lamina cortante se haviam seccionado cerces testículos e pénis, tornando-os impotentes para a geração e para a cópula simultaneamente. Os segundos, os «thlibiae» (do grego θλιξω) eram indivíduos a quem haviam sido esmagados e comprimidos os testículos.

in AGUIAR, Asdrúbal de (1935) Estudos sobre Roma nos tempos antigos
Lisboa: Imprensa Nacional, pág. 20-21.


* Potência sexual.

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