Este mimão (um miminho grande) do Raim tinha que ser odido por outro mestre:
há que fazê-las sem mal
mas com profunda intenção
de preferência na tal
mais intensas cada dia
as mais alegres festinhas
numa incontinente orgia
digna de reis e rainhas
a nós o gozo do ócio
que é tão nosso afinal
do solstício ao equinócio
desde Janeiro ao Natal
em bacalhau dos odores
em rabanadas com molho
em mil e muitos amores
curtidos num piscar de olho
que sombras dignas da noite
que luz nos vem das estrelas
que nesta Funda se afoite
a quem lhe encante sabê-las
Festas das Boas para quem por cá se venha! "
OrCa
O Nelo já não larga o OrCa. E que bem que o ode:
"Ai minh´Orca
Que odes beim.
Odes tanto qu´isto çem
dares um ar da tua grassa,
çendo o Broshe da devaça,
toma um goshto que trespaça
quande tu aqui te veins!
És melhér, valente pueta.
Belus verços, frases completas
Çó uma pena me ocorre
Ao ler-ti nas primeiras estrofes
em um tom que quaze cumove
Outra vesh um hino hás covas
Mas aregalo logo a pinha
apezar do verço "Na-tal"
Adiante falas d´orgia
e eu logo em alegria
veijo te Rei e éu Raínha
Fasendo um belo casal.
Ai mas logo a çeguir
Porque és açim tam máu?
Stava-me éu cuaze ha vir,
Quande em çombra veio cair
A cova em sheiros de bacalhau...
Ai mas tu ésh mejmo Mestre
E ainda nam caía
a gota do olho triste
quande o verço de proa em riste
nam sperando por mais nada
Acerta em sheio na rabanada
E já neim queru portantes çaber
de mais çombras e volteios,
De verçejos e paleios
que tu fases, meu animal.
és do Nelo o dôsse pueta
e prá coiza ficar completa
Prá ti e todos, feliz Natal.
Natal, entendeim? Nam éi eça coiza trucadilha de Na tal... (Fó, Covas... que purcaria...)"
Ao OrCa ninguém cala (i nâu çerà agòrò Nelo):
"mas que mimos, que favores
belas artes que enovelo
fico pasmo c'os primores
dos versos do nosso Nelo
dá-lhe forte e com destreza
belo qual violoncelo
delira se a coisa entesa
por flauta faz-se mais belo
na hora de ser feliz
o bom do Nelo afinal
se na tal torce o nariz
dá-se todo pelo Natal
(cada um meu caro amigo
cheira o bacalhau que pode
mas não o cheires comigo
que não serei quem te acode)
Vá lá, as melhores festinhas vos desejo!"
E para ajudar à Consoada, até se vem aqui o PreDatado:
"Vós que Mestres da poesia sois
Fode-me as têmporas quão baixa estima
Tendes por vossa (diria rude) rima
Caralhando tudo o que escreveis, pois!
Ora en Natalícia quadra, ao contento
Que poderíeis dar ao dedo (e à língua)
Queiram as ninfas que não fiqueis à mingua
E outros, logo, vos roubem assento.
Para que desejar Festas Boas
Travestido verso ou mesmo nu
Bastaria sem tais taradas loas,
Fica aqui este reparo, sabido cru.
E agora orgia! Se para tal bastem as coroas
p'ró bacalhau, p'rás filhós e p'ró peru."
É claro que o Nelo não o deixa escapar. Afinal, ele só foge das covas:
"Ai melhér qués predatado
Tás tempão çem aqui te vir
Mas cômo teins tempo adiantado
Nunca eshtás fora de prazo
Chegas inda antes de sair
E veins intão náltura çerta
Pois o Orca, melhér dágua
Já me diçe - Ai que mágua! -
- "Nam quero do Nelo a oferta!" -
Mas - Ó çanta providénsia-
Saltou-me eshte Home do Tempo
Que antes de ter cumeçado
Està-çe a vir-çe Çua Eçelência
Neste pacote eim impaciênsia
Nu desejo de çer enrabado.
Que melhor puderia ter
Depois da tampa do Rei ORca
Uma prenda em Predatado
Çaíndo dõsse pela porta
Depoiz (ou ãtes) d´Nelo emrabado"
A Guida elogiou esta bela desgarrada de Orca e Nelo (com o Predatado como guèstar). A São Rosas disse que quase era Orchinelo e o OrCa fez a "defêza da ômra" (como diria o Nelo):
"não há Nelo para as covas
nem há-de o OrCa ir ao Nelo
nem polimento de escovas
nem porrada com chinelo
haja apenas na função
- diria um tal Jorge Costa -
de ter cada um à mão
aquilo de que mais gosta
mas confusões de Orchinelo
não trarão maior valia
Orca é Orca e Nelo é Nelo
e cocktail faz-me azia
agora de bardo o brado
grito eu bravo e com foguete
e sai abraço cerrado
ao Nelo e ao seu topete!"
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Uma por dia tira a azia