29 junho 2008

Tesão do medo


Quando nos conhecemos os seus olhos tinham aquele brilho límpido do desejo e selámos a união com um daqueles beijos em que as línguas de ambos apalpam todos os recantos da cavidade bocal do outro e só não vão garganta abaixo porque não chega o comprimento.

No entanto ao invés de corrermos para despir a roupa e passarmos à fase de engomar a pele ele condicionou o acto à realização de análises à sida e só após os resultados passámos à acção. E esta sua preocupação era tão fundamental que certinho como o período menstrual todos os meses lá íamos nós a caminho do laboratório apesar de ele não passar os seus tempos livres a molhar a caneta em todo o rabo de saia que lhe aparecesse à frente nem eu a atirar-me para cima de todo o músculo masculino que se atravessasse na minha linha de visão.

Farta daquele ritual da tesão do medo muni-me de um arsenal de dúzias e dúzias de preservativos de diferentes cores e sabores que o tamanho já o sabia por régua de mão e descartava qualquer possibilidade XXL e coloquei-lho à frente perguntando se chegariam para o mês com a ressalva da poupança em broches já que não apreciava pastilhas elásticas.

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