25 junho 2008

Torre de Belém


Não sei se é uma tradição portuguesa todos termos um Zé na vida mas o que é certo é que me calhou um cujo tempo na sua companhia mantinha a ténue linha que me liga à realidade, nomeadamente naquela parte de reflectir sobre o enleado das contas que é nosso fado pagar e por muito que sobrem dias ao mês continuar a navegar.

Pessimista e sem esperança, bordejava os dias com os olhos brilhantes apenas quando virados para o mar, a pegar no rastelo dos neurónios para fiar razões para a existência. E em qualquer esplanada virada para o mar as suas palavras eram mãos quentes que me pardalitavam pernas acima, envolviam-me o umbigo, escorriam pela linha central das costas e até tinham a audácia de me bicar os mamilos.

E eu despojada de mais sentidos que não fossem a linha de cabotagem de o enquadrar no meu olhar ficava naquela massagem fiada dendrite a dendrite sem saber se a maresia era do local ou provinha de mim no prazer de visualizar linearmente esse monumento que nunca comi.

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