30 abril 2013
Dove - «Retratos da verdadeira beleza»
... e um video que alguém fez baseado na mesma ideia... mas para homens, com humor:
Eva portuguesa - «Domingo»
É domingo, estou no apartamento desde o meio dia e a única coisa que fiz foi receber três marcações falsas!
E, para respeitar uma delas, recusei outra...
Ou seja, há "homens" ( se é que se lhes pode aplicar este nome!) que, na sua frustração de não terem nada nem ninguém num domingo, se divertem a estragar a vida a quem abdica do seu dia de descanso para se sustentar!...
Muitos são anónimos, mas outros nem por isso.
Um dia vou publicar aqui todos os números que tenho destes engraçadinhos.
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
E, para respeitar uma delas, recusei outra...
Ou seja, há "homens" ( se é que se lhes pode aplicar este nome!) que, na sua frustração de não terem nada nem ninguém num domingo, se divertem a estragar a vida a quem abdica do seu dia de descanso para se sustentar!...
Muitos são anónimos, mas outros nem por isso.
Um dia vou publicar aqui todos os números que tenho destes engraçadinhos.
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
«ama-me» - Susana Duarte
ama-me, nos círculos que me desenhas
e nas ondas com que me moves.
desenha-me nuvens
nos lábios.
ama-me, e redesenha-me o corpo.
redesenha-me os dedos
com a língua
e o fogo.
descobre-me sóis, onde me deito,
e desenha-os nos teus poros,
grutas de fogo do meu leito,
onde vives a pele
e me amas.
ama-me. e desenha em mim
os futuros que as ondas
de sol levantam
nas mãos.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Adoradora e o seu ídolo
Tenho várias peças (algumas delas únicas, como esta) assinada por "P. Leroux (1/1)".
Esta estatueta em metal (que não me parece bronze), com 8,5x13,5x6cm, juntou-se agora às restantes, na minha colecção.
Esta estatueta em metal (que não me parece bronze), com 8,5x13,5x6cm, juntou-se agora às restantes, na minha colecção.
29 abril 2013
«pensamentos catatónicos (287)» - bagaço amarelo
somos únicos
Estou tentado a acreditar que é mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. O pouco que nos separa, no entanto, é um pequeno machado capaz de destruir essa grande árvore que é a nossa união. E sim, falo de nós, pessoas comuns que procuram pelo preço mais barato dum produto no supermercado, que gostam de aquecer as mãos frias numa chávena de café fumegante, que choram, que riem ou ficam a leste das emoções uma vez por outra.
Não estou a falar do grandes conflitos entre classes e nações, como aquele que opõe israelitas a palestinianos, trabalhadores a accionistas ou direitosos a esquerdistas. Esses são os conflitos concebidos por interesses escondidos ou por ideias de como o mundo se deve organizar. São problemas fabricados e fazem parte doutra luta.
Estou a falar dos conflitos mais mesquinhos, entre duas pessoas que se Amam e que põem esse Amor em risco por causa de nada. É a mania que temos de acreditar que somos únicos, que os outros não pensam nem sentem como nós. Somos únicos, porque é por nós que passam todo esse cocktail que mistura inexplicavelmente emoção e razão.
Só nos falta perceber que, se formos por aí, somos tão únicos quanto outra pessoa qualquer.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Estou tentado a acreditar que é mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. O pouco que nos separa, no entanto, é um pequeno machado capaz de destruir essa grande árvore que é a nossa união. E sim, falo de nós, pessoas comuns que procuram pelo preço mais barato dum produto no supermercado, que gostam de aquecer as mãos frias numa chávena de café fumegante, que choram, que riem ou ficam a leste das emoções uma vez por outra.
Não estou a falar do grandes conflitos entre classes e nações, como aquele que opõe israelitas a palestinianos, trabalhadores a accionistas ou direitosos a esquerdistas. Esses são os conflitos concebidos por interesses escondidos ou por ideias de como o mundo se deve organizar. São problemas fabricados e fazem parte doutra luta.
Estou a falar dos conflitos mais mesquinhos, entre duas pessoas que se Amam e que põem esse Amor em risco por causa de nada. É a mania que temos de acreditar que somos únicos, que os outros não pensam nem sentem como nós. Somos únicos, porque é por nós que passam todo esse cocktail que mistura inexplicavelmente emoção e razão.
Só nos falta perceber que, se formos por aí, somos tão únicos quanto outra pessoa qualquer.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «Triste forma de amar» de Cristina Miranda
"Noite após noite,
Colocaram-se nuvens no céu-da-boca.
Estudaram-se os segredos,
Enquanto sentíamos a chuva
Nas nossas línguas.
Imaginei os reflexos
Dos pirilampos que viriam
Servir-te de ponto,
Espalhando restos de luz,
Sobre a galeria de vidas que encenámos…
Conhecíamos a razão
Do pousio das palavras,
Da angústia de sentir descer
Sobre elas o pano…
Os aplausos eram apenas o eco
De ver uma nova personagem surgir,
Sobre o horizonte da minha garganta.
Por isso decorei todos os silêncios,
Essa ante estreia de uma outra estação,
O escuro de um Inverno,
Sabendo dos reflexos de chuva
Que teria ainda de conhecer.
Tentámos fingir,
Mas não era esse o ponto forte!
O ponto alto?
Foram os obstáculos,
As sementes de tempestade
Escondidas nas nuvens
Do céu das nossas bocas,
Que fomos suportando.
Entrámos.
Eu sentei-me na primeira fila,
Para ter a absoluta certeza de que me verias,
Ainda que fosse eu, a tua única espectadora.
Não aplaudi, no fim.
Já sentia o lago de lágrimas,
No meio de um público,
No meio de mim…
Esperei que todas as luzes se apagassem.
E, então, sim,
Chorei, no escuro,
Para que nenhuma porção minha me visse.
E depois fugi
Daquele lugar,
Fugi de mim,
Tropeçando nos soluços,
Chegando quase a cair,
Naquela tão triste forma de amar!"
Cristina Miranda
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Colocaram-se nuvens no céu-da-boca.
Estudaram-se os segredos,
Enquanto sentíamos a chuva
Nas nossas línguas.
Imaginei os reflexos
Dos pirilampos que viriam
Servir-te de ponto,
Espalhando restos de luz,
Sobre a galeria de vidas que encenámos…
Conhecíamos a razão
Do pousio das palavras,
Da angústia de sentir descer
Sobre elas o pano…
Os aplausos eram apenas o eco
De ver uma nova personagem surgir,
Sobre o horizonte da minha garganta.
Por isso decorei todos os silêncios,
Essa ante estreia de uma outra estação,
O escuro de um Inverno,
Sabendo dos reflexos de chuva
Que teria ainda de conhecer.
Tentámos fingir,
Mas não era esse o ponto forte!
O ponto alto?
Foram os obstáculos,
As sementes de tempestade
Escondidas nas nuvens
Do céu das nossas bocas,
Que fomos suportando.
Entrámos.
Eu sentei-me na primeira fila,
Para ter a absoluta certeza de que me verias,
Ainda que fosse eu, a tua única espectadora.
Não aplaudi, no fim.
Já sentia o lago de lágrimas,
No meio de um público,
No meio de mim…
Esperei que todas as luzes se apagassem.
E, então, sim,
Chorei, no escuro,
Para que nenhuma porção minha me visse.
E depois fugi
Daquele lugar,
Fugi de mim,
Tropeçando nos soluços,
Chegando quase a cair,
Naquela tão triste forma de amar!"
Cristina Miranda
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
28 abril 2013
«Fazer amor dentro de água» - por Rui Felício
Hoje de manhã a maré estava baixa, como eu gosto.
É quando, durante umas horas, o mar nos revela parte dos segredos de uma vida esfusiante que se abriga nas rochas, onde a erosão milenar foi escavando túneis e grutas que protegem os seres marinhos dos seus predadores.
Serpenteando, a água límpida, num ondular repetitivo, mas nunca repetido, vai banhando as rochas descobertas, as algas, os musgos, os ouriços, os moluscos, os pequenos peixes, até os insectos.
A mim, acariciava-me as pernas meio submersas, intrusas…
Involuntariamente, fixo o meu olhar num casal, mais à frente, recoberto pela água, entregue à loucura de um apertado abraço.
Bolhas de ar subiam velozes, desfazendo-se em espuma à tona de água, como capitoso champanhe.
Presenciar a beleza de um acto de amor, em invulgar ambiente aquático, afastou os pruridos que a razão me aconselhava. Foi mais forte do que eu, invadir a privacidade daqueles jovens…
A refractária ondulação permitia-me adivinhar, mais do que realmente ver, deformadas, as imagens dos braços enleados, das pernas entrelaçadas, das bocas coladas, dos corpos fundidos num só.
Num frenesim!
Uma e outra vez a água revolteava-se quando os corpos daqueles jovens surgiam à tona, já indiferentes aos olhares estranhos, perto do êxtase.
Subitamente, a calmaria…
Ainda os vi, de braços enlaçados, deslizarem suavemente, lado a lado, afastando-se, saciados, em direcção a uma rocha mais longínqua.
Amanhã vou estar de novo naquela praia. Gostava de poder agradecer àqueles dois jovens polvos, por me terem mostrado a beleza do amor dentro de água…
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Quinta-feira
Quinta-feira é noite de ir às putas desde que a carta de condução lhe deu acesso àquela estrada que elas enchem de cor e alegria e muito brilho. É um dia mais sossegado que os de fim de semana e ninguém desconfia ou pelo menos a sua mãe que nem nota que o seu menino mais novo já tem uns cabelos grisalhos e tal como as crianças julgam que os seus pais não têm sexo é sabido que as mães pensam o mesmo dos filhos à sua guarda.
Na timidez da primeira vez num sábado de sol a pino as raparigas cercaram-no de atenções como uma travessa de salgadinhos cheirosos por acabarem de sair da frigideira a piscarem-lhe o olho para uma trincadela até que uma mais ousada esticou uma mão toda no seu sexo e massajou-lhe umas sensações inauditas como se o quisesse a ele para uma abébia ganhando a decisão imediata de a seguir. Usava chinelas verdes de salto alto a conferir-lhe uma bambolear sensual das nádegas em cada passada e quando atirou com a blusa e a saia ostentando uns bicos espetados e muito castanhos e um triângulo de pêlo fofinho como o da gata lá de casa o ceguinho ergueu-se logo como se os testículos fossem saltos altos. Nas flexões que se seguiram até lhe escorrer o desejo as chinelas brilhavam no verde da relva no encadeamento da cara dela que avisou prontamente não poder beijar sendo desde aí fácil a contabilidade de uma vida de muito esperma derramado e nem um linguado para amostra.
Quando chega o verão nem a condução o distrai da curvatura de umas pernas a chinelar desde o saliente calcanhar até ao ressalto do rabo e se o zingarelho começa a espreguiçar-se encosta logo à berma que é um cidadão cumpridor.
27 abril 2013
«conversa 1966» - bagaço amarelo
Ela - O meu marido, cada vez que vê um homem muito simpático, pensa logo que é um gay a tentar engatá-lo.
Eu - Isso é preconceito a mais. Ainda pensa que eu ando a tentar engatar-te a ti, só porque sou simpático contigo.
Ela - Não, isso não é um problema. Ele diz que tu és dos gajos mais antipáticos que já conheceu.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Eu - Isso é preconceito a mais. Ainda pensa que eu ando a tentar engatar-te a ti, só porque sou simpático contigo.
Ela - Não, isso não é um problema. Ele diz que tu és dos gajos mais antipáticos que já conheceu.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Esferográfica do faraó com dupla personalidade
De frente, tem uma coisa descomunal a sair do meio das pernas. De costas, o faraó tem uma coisa descomunal a entrar-lhe pelo rabiosque acima.
A partir de agora, faz parte da «sexão - objectos que não era suposto serem eróticos» da minha colecção.
Gentilmente oferecido pela gerência do restaurante chinês Panda, na estrada de Eiras, que recomendo.
A partir de agora, faz parte da «sexão - objectos que não era suposto serem eróticos» da minha colecção.
Gentilmente oferecido pela gerência do restaurante chinês Panda, na estrada de Eiras, que recomendo.
26 abril 2013
Prostituição - a minha história (X)
Des)Articulada
Tudo isto são poemas que eu não consegui rimar
e quando as palavras se conseguem revoltar
puxam-me e atam-me e matam-me e levam-me,
marioneta esticada por cada ponta,
como um brinquedo que se desmonta.
De expressão pintada, não pode fechar
os olhos e assim a boneca dorme
quando se deita e quando se levanta
sem nunca perceber quando está a sonhar.
Tudo isto são poemas que eu não consegui rimar.
Verão de 1997... (...) Mais uns dias e cheguei àquela fase do mês. Aquela fase na qual me foi explicado que deveria comprar uma esponja na farmácia. Ri-me para dentro, entre o divertida e o desconcertada com a ideia, não estava preparada para isso mas também não queria que me julgassem - ainda mais - tonta. Nesse dia, nem fui nem disse nada, quase nem me mexi, vagueei, quase incrédula, pelo que estava a acontecer, o dinheiro estava ali, portanto não estive a sonhar, toquei no meu corpo para sentir que me pertencia, juntar espectadora e personagem principal, foi um "tique" que mantenho até hoje quando me sinto perder-me fora de mim e me apetece voltar, quando me apetece voltar, o conforto desta divisão em duas é sedutor e torna quem o possui mais inconsequente, menos sujeito a si próprio, menos à deriva das emoções. Só telefonei passados três dias, aleguei problemas ginecológicos, cada dia estava mais próxima de mim e mais longe daquilo, já não sabia se queria voltar mas também não queria fechar a porta. Passaram-se cerca de três semanas, todos os dias pensava naquilo mas o rumo do pensamento foi mudando conforme o dinheiro foi diminuindo, quando fazia contas ao que se tinha passado, tive alguns momentos mais pesados mas outros em que nenhuma dificuldade tive, quando fazia contas ao dinheiro a balança tocava no chão, e eis-me à porta, com a mesma estranheza inicial, como se fosse a primeira vez mas soubesse o que se passa ali porque li num livro, a minha vontade refém daquele Mundo do fantástico e do dinheiro, eu prisioneira de mim. (Continua)
Tudo isto são poemas que eu não consegui rimar
e quando as palavras se conseguem revoltar
puxam-me e atam-me e matam-me e levam-me,
marioneta esticada por cada ponta,
como um brinquedo que se desmonta.
De expressão pintada, não pode fechar
os olhos e assim a boneca dorme
quando se deita e quando se levanta
sem nunca perceber quando está a sonhar.
Tudo isto são poemas que eu não consegui rimar.
Verão de 1997... (...) Mais uns dias e cheguei àquela fase do mês. Aquela fase na qual me foi explicado que deveria comprar uma esponja na farmácia. Ri-me para dentro, entre o divertida e o desconcertada com a ideia, não estava preparada para isso mas também não queria que me julgassem - ainda mais - tonta. Nesse dia, nem fui nem disse nada, quase nem me mexi, vagueei, quase incrédula, pelo que estava a acontecer, o dinheiro estava ali, portanto não estive a sonhar, toquei no meu corpo para sentir que me pertencia, juntar espectadora e personagem principal, foi um "tique" que mantenho até hoje quando me sinto perder-me fora de mim e me apetece voltar, quando me apetece voltar, o conforto desta divisão em duas é sedutor e torna quem o possui mais inconsequente, menos sujeito a si próprio, menos à deriva das emoções. Só telefonei passados três dias, aleguei problemas ginecológicos, cada dia estava mais próxima de mim e mais longe daquilo, já não sabia se queria voltar mas também não queria fechar a porta. Passaram-se cerca de três semanas, todos os dias pensava naquilo mas o rumo do pensamento foi mudando conforme o dinheiro foi diminuindo, quando fazia contas ao que se tinha passado, tive alguns momentos mais pesados mas outros em que nenhuma dificuldade tive, quando fazia contas ao dinheiro a balança tocava no chão, e eis-me à porta, com a mesma estranheza inicial, como se fosse a primeira vez mas soubesse o que se passa ali porque li num livro, a minha vontade refém daquele Mundo do fantástico e do dinheiro, eu prisioneira de mim. (Continua)
Indefesa
Ele pegou no roupão de banho, tirou o cinto e com ele amarrou-me suavemente as mãos. Depois foi a vez dela. Com outro cinto, prendeu-me os pés. E eu aqui estou na cama, nua, atada e indefesa. Ao meu lado, também ela está nua. Vejo-a subir os joelhos e afastar ligeiramente as pernas. Apenas o suficiente para poder encaixar a cabeça dele. Ele é um “gourmet”, gosta de saborear vulvas devagar. Pelos gemidos dela consigo imaginar o que ele está agora a fazer. Já senti muitas vezes a língua dele no meu interior e sei quão ágil pode ser. Olho para o sexo dele. Nota-se bem, pelo volume, que o que a língua faz nela também transmite efeito no corpo dele. Neste momento, apetecia-me tocar-lhe com as mãos, com a boca, fazê-lo contorcer-se como ele está a fazer a ela. Apetecia-me gritar tão alto quanto possível como ela agora, naquele misto de face de dor e prazer que sempre me fascinou nela. Mas eles não quiseram que eu participasse no jogo dos dois, por crueldade. Ataram-me para não lhes tocar. Não sabem (ou talvez saibam) que neste momento tenho ainda mais prazer do que eles. O prazer da antecipação, aquele que eu sinto neste momento enquanto aguardo por eles, é só meu. Saber que daqui a pouco tenho os dois só para mim deixa-me à beira do orgasmo. É egoísmo da minha parte, eu sei. Mas eles merecem o meu egoísmo, os deliciosos cuéis.
25 abril 2013
Hoje tive esta prendinha da Google
Como a Google sabe que eu nasci em 25 de Abril de 1974, tive esta surpresa quando fui fazer uma pesquisa:
Marilyn Chambers numa conferência de imprensa de promoção do filme «Insaciável», em 1980
Marilyn Chambers appearing at a press conference to promote her film Insatiable at the Pussycat Theatre, Los Angeles, July 13, 1980 © Donna Santisi
Via Danish Principle
São rosas, Senhor!
É grande a dificuldade que sentimos quando precisamos que um homem se coloque de “quatro” ou, pelo menos, se disponha a oferecer-nos as nádegas com a descontracção necessária a uma boa prática do que se seguirá.
A situação inversa, uma mulher de rabinho voltado para o macho, parece ser aceitável e muito promissora.
As posições são, no entanto, vantajosas para ambos e as reticências colocadas pelo elemento masculino quando lhe é proposta esta situação, transpira uma certa insegurança e o receio do dildo que sossegado repousa no móvel mais próximo.
O anilingus, rimming para os amigos, é um dos mais voluptuosos dos preliminares de que há memória. Exige, aliás como todo o projecto de actividade sexual, um duche eficaz e uma depilação cuidadosa, mas, cumpridas estas prerrogativas, torna-se digno de figurar no catálogo de Eros.
O exercício do rimming e as suas “regras”, são comum aos dois sexos e o acesso ao pénis, aos testículos ou à vagina está facilitado, bastando para tal que as pernas estejam afastadas e que, no caso do homem, o empurrar a erecção de modo a que o falo fique ao alcance da parceira, não é inconveniente e, pelo contrário, o toque da língua na glande colocada desta forma imprevisível, provoca comoções e sensações absolutamente surpreendentes.
O ânus deve ser tacteado com cuidado, salivado e friccionado levemente em círculos vagarosos. O esfíncter tem de relaxar e nesta primeira fase um dedo basta para fornecer a confiança necessária ao receoso e apreensivo alvo. Com paciência, acabaremos por perceber que os músculos que resistem à invasão, começam a afrouxar e a distender, alargando a rodela aparentemente interdita.
A língua tocará com a leveza de um insecto alado no centro já disposto a receber o que nos aprouver doar. Rodemos a saliva, devagar, encharcando e inundando todos os espaços que se nos oferecem.
Afastemos as nádegas com ambas as mãos de modo a termos aberto e oferecido o ânus que já temos convencido. A língua penetrará devagar, sempre ondulando, e percorrerá toda a extensão de uma paisagem dificilmente visitada.
Em breve, as nossas mãos deixarão de ser necessárias, porque teremos as nádegas afastadas pelas mãos do dono, em desespero.
Com intervalos razoáveis, devemos masturbar o homem, salivando-lhe os testículos por onde passa o pénis puxado para trás, sorvido e sugado pela ardência da nossa boca. O clítoris, no caso em que o rimming está a cargo do macho, pode ser titilado por nós ou pelos dedos livres que o macho pode introduzir na vagina movimentando-os ao ritmo da língua que se entranha ou desenha círculos de incêndio.
A prática não tem tempo estipulado, como é evidente, e a posição de oferta do ânus, embora limitada, pode variar. Deitados, com uma almofada volumosa e rija debaixo dos rins, de pernas erguidas ou flectidas e presas pelos braços, o exercício do rimming adquire outro sabor, não menos voluptuoso do que o descrito. O encontro de variantes é um processo que se deve deixar liberto e entregue à fantasia.
Há, no entanto, um pormenor a ter em conta. Se executado com perícia, afinco e sabedoria, pode facilmente de preliminar passar a orgasmo descontrolado e enlouquecido e teremos então espasmos, esperma, gemidos, fluidos, murmúrios e gritos ainda no início do caminho que a procissão teria de calcorrear. Uma outra possibilidade é, caso a posição adoptada pelo homem seja a deitada de nádegas erguidas e pernas flectidas, vermos os jactos de esperma, lançados como mísseis de longo alcance, a atingirem os olhos do pobre macho que acabou por sentir que afinal tem muito mais ânus do que aquele que assumia.
A situação inversa, uma mulher de rabinho voltado para o macho, parece ser aceitável e muito promissora.
As posições são, no entanto, vantajosas para ambos e as reticências colocadas pelo elemento masculino quando lhe é proposta esta situação, transpira uma certa insegurança e o receio do dildo que sossegado repousa no móvel mais próximo.
O anilingus, rimming para os amigos, é um dos mais voluptuosos dos preliminares de que há memória. Exige, aliás como todo o projecto de actividade sexual, um duche eficaz e uma depilação cuidadosa, mas, cumpridas estas prerrogativas, torna-se digno de figurar no catálogo de Eros.
O exercício do rimming e as suas “regras”, são comum aos dois sexos e o acesso ao pénis, aos testículos ou à vagina está facilitado, bastando para tal que as pernas estejam afastadas e que, no caso do homem, o empurrar a erecção de modo a que o falo fique ao alcance da parceira, não é inconveniente e, pelo contrário, o toque da língua na glande colocada desta forma imprevisível, provoca comoções e sensações absolutamente surpreendentes.
O ânus deve ser tacteado com cuidado, salivado e friccionado levemente em círculos vagarosos. O esfíncter tem de relaxar e nesta primeira fase um dedo basta para fornecer a confiança necessária ao receoso e apreensivo alvo. Com paciência, acabaremos por perceber que os músculos que resistem à invasão, começam a afrouxar e a distender, alargando a rodela aparentemente interdita.
A língua tocará com a leveza de um insecto alado no centro já disposto a receber o que nos aprouver doar. Rodemos a saliva, devagar, encharcando e inundando todos os espaços que se nos oferecem.
Afastemos as nádegas com ambas as mãos de modo a termos aberto e oferecido o ânus que já temos convencido. A língua penetrará devagar, sempre ondulando, e percorrerá toda a extensão de uma paisagem dificilmente visitada.
Em breve, as nossas mãos deixarão de ser necessárias, porque teremos as nádegas afastadas pelas mãos do dono, em desespero.
Com intervalos razoáveis, devemos masturbar o homem, salivando-lhe os testículos por onde passa o pénis puxado para trás, sorvido e sugado pela ardência da nossa boca. O clítoris, no caso em que o rimming está a cargo do macho, pode ser titilado por nós ou pelos dedos livres que o macho pode introduzir na vagina movimentando-os ao ritmo da língua que se entranha ou desenha círculos de incêndio.
A prática não tem tempo estipulado, como é evidente, e a posição de oferta do ânus, embora limitada, pode variar. Deitados, com uma almofada volumosa e rija debaixo dos rins, de pernas erguidas ou flectidas e presas pelos braços, o exercício do rimming adquire outro sabor, não menos voluptuoso do que o descrito. O encontro de variantes é um processo que se deve deixar liberto e entregue à fantasia.
Há, no entanto, um pormenor a ter em conta. Se executado com perícia, afinco e sabedoria, pode facilmente de preliminar passar a orgasmo descontrolado e enlouquecido e teremos então espasmos, esperma, gemidos, fluidos, murmúrios e gritos ainda no início do caminho que a procissão teria de calcorrear. Uma outra possibilidade é, caso a posição adoptada pelo homem seja a deitada de nádegas erguidas e pernas flectidas, vermos os jactos de esperma, lançados como mísseis de longo alcance, a atingirem os olhos do pobre macho que acabou por sentir que afinal tem muito mais ânus do que aquele que assumia.
Camille
24 abril 2013
«Explosões no céu» - João
"E então, sem aviso, a tua mão agarrou a minha. Senti os teus dedos deslizar por entre os meus, as tuas unhas vincar um pouco a minha pele. Senti a tua respiração diferente, e todos os sinais estavam ali. Pediste-me que dissesse algo. Horas antes pediste-me que te dissesse alguma coisa, depois de termos avançado, pela penumbra, em direcção um ao outro. Num abraço silencioso. Foi sofrido, sabes? Todo o caminho até ali foi sofrido. E quando finalmente nos tocamos num abraço tão curto, quem falava por mim era o meu coração palpitante, cheirando-te, agarrando-te, desejando o teu corpo e a tua alma numa dimensão que não consegui nunca medir.
Naquele momento eu estava num cinzento, algures, e no céu havia explosões. Grandes, barulhentas. Tu eras a minha explosão no céu. Água para um sedento, paliativo para um sofredor. Lembro-me de uma história:
As linhas rectas não existem. Tudo o que é recto é uma ilusão. As coisas rectas são aquilo que temos a pretensão de ser, é o que gostamos, o que nos ensinaram. As coisas rectas são simples. Desliza-se por elas como crianças num escorrega, seguem-se sem esforço, sem cansaço. As linhas rectas que nos separam, meridianos ou paralelos, as linhas rectas que nos fazem a todos um pouco ortogonais, são as linhas que separam os brancos dos pretos, o monocromático do policromático. As linhas são falsas. Somos nós que as construímos, somos nós que as erguemos desde o chão até ao céu, onde compartimentamos o azul. O problema, para nós, é quando as linhas abanam. Achamos que somos poderosos, que temos o poder, em nós, de segurar as altas barreiras apenas por nos encostarmos a elas de costas fincando os pés no chão. Mas cedo o vento vence, cedo o peso força, e os pés enterram-se mais no solo, e os joelhos fraquejam.
E é nessa altura que dou por mim a pensar novamente nesse joelho que vejo, nessa coxa que me convida, na mão que quer fugir por ti, que te procura. É então que um beijo foge, que os lábios se abrem timidamente, que eu percebo que te quero, por um instante, ou dois. Seja longo, seja curto. Desde que seja. Sem brancos, nem pretos. Porque não existem, porque não cabe tudo neles, porque há emoções que transbordam como líquidos viscosos, devagar, por onde o espaço se abre. Bem vês, eu não posso forçar-te a foder-me. Talvez tu quisesses isso. Talvez fosse mais fácil para ti adicionar ao desejo que já sentes, um empurrão forte que te rasgasse as roupas e tirasse toda a hipótese de resistir. Talvez quisesses ser mulher a correr na Ilha dos Amores, com pequenas risadas que a cada passo te reduzem a distância face a quem te persegue. Talvez queiras muito ser tomada, amarrada, empurrada contra qualquer coisa, e apenas dar, abrir, sentir. Tudo isso pode acontecer. Mas não pode forçar-se. No dia em que me foderes, será porque decidiste fazê-lo. No dia em que me foderes, voltaremos a ver explosões no céu. Como antes, como nunca."
João
Geografia das Curvas
Naquele momento eu estava num cinzento, algures, e no céu havia explosões. Grandes, barulhentas. Tu eras a minha explosão no céu. Água para um sedento, paliativo para um sofredor. Lembro-me de uma história:
As linhas rectas não existem. Tudo o que é recto é uma ilusão. As coisas rectas são aquilo que temos a pretensão de ser, é o que gostamos, o que nos ensinaram. As coisas rectas são simples. Desliza-se por elas como crianças num escorrega, seguem-se sem esforço, sem cansaço. As linhas rectas que nos separam, meridianos ou paralelos, as linhas rectas que nos fazem a todos um pouco ortogonais, são as linhas que separam os brancos dos pretos, o monocromático do policromático. As linhas são falsas. Somos nós que as construímos, somos nós que as erguemos desde o chão até ao céu, onde compartimentamos o azul. O problema, para nós, é quando as linhas abanam. Achamos que somos poderosos, que temos o poder, em nós, de segurar as altas barreiras apenas por nos encostarmos a elas de costas fincando os pés no chão. Mas cedo o vento vence, cedo o peso força, e os pés enterram-se mais no solo, e os joelhos fraquejam.
E é nessa altura que dou por mim a pensar novamente nesse joelho que vejo, nessa coxa que me convida, na mão que quer fugir por ti, que te procura. É então que um beijo foge, que os lábios se abrem timidamente, que eu percebo que te quero, por um instante, ou dois. Seja longo, seja curto. Desde que seja. Sem brancos, nem pretos. Porque não existem, porque não cabe tudo neles, porque há emoções que transbordam como líquidos viscosos, devagar, por onde o espaço se abre. Bem vês, eu não posso forçar-te a foder-me. Talvez tu quisesses isso. Talvez fosse mais fácil para ti adicionar ao desejo que já sentes, um empurrão forte que te rasgasse as roupas e tirasse toda a hipótese de resistir. Talvez quisesses ser mulher a correr na Ilha dos Amores, com pequenas risadas que a cada passo te reduzem a distância face a quem te persegue. Talvez queiras muito ser tomada, amarrada, empurrada contra qualquer coisa, e apenas dar, abrir, sentir. Tudo isso pode acontecer. Mas não pode forçar-se. No dia em que me foderes, será porque decidiste fazê-lo. No dia em que me foderes, voltaremos a ver explosões no céu. Como antes, como nunca."
João
Geografia das Curvas
Manuel Vieira, Filipe Melo e Kornos Quartet - «Merda» (ensaio) @ Cordoaria Nacional
Manuel Vieira, Filipe Melo e Kornos Quartet durante a exposição CASA de Manuel Vieira, na Galeria Torreão Nascente na Cordoaria Nacional
«conversa 1965» - bagaço amarelo
Ela - O meu marido está sempre a queixar-se que não temos sexo suficiente.
Eu - E não têm?
Ela - Para mim chega o que temos. Acho que não vemos o sexo da mesma forma...
Eu - Da mesma forma?!
Ela - Sim, da mesma forma. Para mim o sexo é luxúria, só faz sentido se eu estiver nos píncaros da libido. Para ele, e acho que para os homens em geral, é uma sensação de conforto. Mesmo que não estejam muito entusiasmados, precisam duma certa regularidade sexual.
Eu - Ah! Compreendo.
Ela - Ele não, não compreende...
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Eu - E não têm?
Ela - Para mim chega o que temos. Acho que não vemos o sexo da mesma forma...
Eu - Da mesma forma?!
Ela - Sim, da mesma forma. Para mim o sexo é luxúria, só faz sentido se eu estiver nos píncaros da libido. Para ele, e acho que para os homens em geral, é uma sensação de conforto. Mesmo que não estejam muito entusiasmados, precisam duma certa regularidade sexual.
Eu - Ah! Compreendo.
Ela - Ele não, não compreende...
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
23 abril 2013
Passagem de modelos em Praga com pintura corporal
BODY ART 2013 - Castelos de Praga
BODY ART 2013 - Praha stověžatá (Prague Castles) www. Tristarmedia.cz from Tristarmedia.cz on Vimeo.
BODY ART 2013 - Praha stověžatá (Prague Castles) www. Tristarmedia.cz from Tristarmedia.cz on Vimeo.
Eva portuguesa - «Vida»
A vida é uma foda: ao principio dói, depois é bom, depois torna a doer e não vimos a hora de acabar...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
«encontro-te nas luas azuis» - Susana Duarte
encontro-te nas luas azuis
de todas as marés do meu corpo,
e em todas as marés, encontro as noites
perfumadas de mirtilos. encontro-te
em cada onda que morre e em cada maré viva.
és, de todas as praias, a mais rubra
manhã dos meus olhos quando, em cada movimento,
ondulas seiva e me respiras.
encontro-te onde as frutas
me perfumam com a luz dos teus olhos,
e o azul-maré-recanto dos teus olhos, é a vida
que me cresce dentro e ilumina as veias
onde navegas. Mais não somos, senão ondulações
das letras
com que escrevemos o futuro
sobre o qual caminhamos.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
A versão original da estátua de David, de Miguel Ângelo
Estamos habituados a ver a pilinha do David, de Miguel Ângelo:
... mas o original (não censurado) desta obra de arte apareceu e está na minha colecção.
Tem 17cm de altura, 3,5x4cm de base e é uma peça em bronze original de Pierre Leroux, de quem tenho várias estatuetas:
Tem 17cm de altura, 3,5x4cm de base e é uma peça em bronze original de Pierre Leroux, de quem tenho várias estatuetas:
22 abril 2013
«conversa 1963» - bagaço amarelo
Eu - Isso preocupa-te?
Ela - Preocupa-me passá-la sem os meus filhos...
Eu - Compreendo. Eu telefono sempre à minha filha nessa noite, quando não estou com ela.
Ela - Eles não têm telefone e tenho quase a certeza que o meu ex-marido não vai atender.
Eu - Não vai atender?! Porquê?
Ela - Porque me quer irritar.
Eu - Ele não faz isso de certeza. Eu conheço-o e sei que não faz. É um gajo porreiro.
Ela - Eu também sou porreira e fazia-o sem problema nenhum.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «Saudade» de Cristina Miranda
"Foi depressa que devagar nos percorremos,
Foi devagar que depressa corremos o nosso corpo,
Cobrindo-nos da felicidade
Que ia caindo como fiapos de acalento,
Dos meus e dos teus dedos…
Ah, não somos capazes de mais,
A não ser gotejar anseios
Para enobrecer os gestos
Com que nos saciaremos,
Logo mais,
Quando de novo nos inventarmos!
Pensemos no bem-querer que teremos
Quando demorar a vontade,
Que pinga, em nós, açucarada
Sobrevoemos o prazer de estarmos,
De sentir o calor da arena da pele,
E então, sim,
Surpreendamo-nos com a extravagância:
Será depressa que devagar nos percorreremos
Será demorada a pressa de nos invadirmos,
Mas será tão notável o prazer que sempre teremos,
Quer seja ontem,
Quer seja hoje,
Ou amanhã,
De esvoaçar sobre o diadema do nosso desejo."
Cristina Miranda
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Foi devagar que depressa corremos o nosso corpo,
Cobrindo-nos da felicidade
Que ia caindo como fiapos de acalento,
Dos meus e dos teus dedos…
Ah, não somos capazes de mais,
A não ser gotejar anseios
Para enobrecer os gestos
Com que nos saciaremos,
Logo mais,
Quando de novo nos inventarmos!
Pensemos no bem-querer que teremos
Quando demorar a vontade,
Que pinga, em nós, açucarada
Sobrevoemos o prazer de estarmos,
De sentir o calor da arena da pele,
E então, sim,
Surpreendamo-nos com a extravagância:
Será depressa que devagar nos percorreremos
Será demorada a pressa de nos invadirmos,
Mas será tão notável o prazer que sempre teremos,
Quer seja ontem,
Quer seja hoje,
Ou amanhã,
De esvoaçar sobre o diadema do nosso desejo."
Cristina Miranda
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
21 abril 2013
Porta-Curtas - «Dente por Dente»
Comédia
Diretor: Alice de Andrade
Duração: 24 min
Ano: 1994
Sinopse: Uma tumultuada história de amor entre um dentista-poeta e uma jovem traumatizada por consultórios dentários. A história de uma paixão louca que oscila entre tapas e beijos, bocas e dentes. Com a mão segura de Dib Lutfi, o grande fotógrafo do Cinema Novo, o curta narra com humor a relação de amor e ódio entre dentistas e seus pacientes.
Diretor: Alice de Andrade
Duração: 24 min
Ano: 1994
Sinopse: Uma tumultuada história de amor entre um dentista-poeta e uma jovem traumatizada por consultórios dentários. A história de uma paixão louca que oscila entre tapas e beijos, bocas e dentes. Com a mão segura de Dib Lutfi, o grande fotógrafo do Cinema Novo, o curta narra com humor a relação de amor e ódio entre dentistas e seus pacientes.
«Vida fácil?» - por Rui Felício
Nunca conheceu a mãe que a pariu.
Deixou-a na Roda ainda ela tinha só uma semana de vida.
As freiras diziam que a sua verdadeira mãe tinha sido uma prostituta de Coimbra que não a podia criar e que a abandonou na Roda.
Para que alguém tomasse conta de si, as bondosas religiosas entregaram-na a uma Senhora rica, dona de uma quinta nos arredores de São João do Campo a quem ela se habituou a chamar mãe.
Aos 7 anos de idade já mourejava de sol a sol no amanho da terra juntamente com os camponeses que a Senhora contratava para as sementeiras e para as colheitas.
À hora da sesta levava-lhes água fresca, azeitonas, broa e uma cabaça de vinho.
Quando debaixo da roupa de chita começaram a despontar-lhe duas colinas e as ancas se lhe iam alargando, aqueles homens rudes atiravam-lhe dichotes obscenos, passavam-lhe as mãos ásperas e gretadas pelas pernas, pelos seios púberes, pelo rosto de adolescente.
Quanto mais ela se esquivava, quanto mais rispida era com eles, mais eles riam, mais ordinários se tornavam.
Um dia, tinha a miúda acabado de fazer 13 anos, oculto por detrás duma fiada de trepadeiras junto às pocilgas dos bácoros, o Granadeiro, capataz da quinta, puxou-a por um braço, tapou-lhe a boca com a mão crispada para ela não gritar e arrastou-a para cima de um monte de palha dentro da pocilga.
Debatendo-se sob o peso do seu corpo de homem possante, sentiu-o a entrar dentro de si, rasgando-a, desfrutando a sua virgindade. Saciado, o capataz deixou-a para ali, dorida, revoltada.
A dona da quinta, quando soube, ficou furiosa, chamou-a e disse-lhe que ela era outra igual à sua mãe e que, a partir daquele dia não a queria mais em sua casa.
O Granadeiro levou-a para Coimbra arranjando-lhe um quarto em casa do seu amigo Gilberto, que a acolheu.
O Gilberto andava sempre impecavelmente vestido, o cabelo bem penteado, os sapatos castanhos debruados a branco ofuscavam de brilho.
Acarinhou-a, dava-lhe prendas, levava-a a passear.
Apresentou-a a amigos seus, incentivando-a a tratá-los bem, a ser-lhes prestável em troca de ofertas ou dinheiro que eles lhe dessem, para assim ajudar a comparticipar nas despesas que ele estava a ter com ela.
A rapariga cresceu e acabou por se apaixonar pelo Gilberto. É certo que ele às vezes lhe batia quando ela tentava recusar-se a estar com algum dos seus amigos, mas o amor dela era mais forte e perdoava-lhe tudo quando ele a seguir a enchia de carinhos, quando o seu abraço e os seus beijos lhe aqueciam a alma, quando as suas palavras ternas a estimulavam e inundavam de prazer.
Já não havia dia em que o Gilberto não lhe ralhasse, quando ela lhe entregava o dinheiro que tinha recebido e que ele achava sempre pouco. Gritava-lhe, batia-lhe, chamava-lhe desgraçada sem eira nem beira que nem era capaz de ganhar o sustento e o tecto que ele lhe dava.
Um dia o Gilberto, depois de uma violenta discussão, expulsou de casa aquela já mulher, precocemente envelhecida, que passou a deambular nas noites frias pela Av. Fernão de Magalhães, oferecendo-se aos homens que ainda se dignassem dirigir-lhe um olhar.
Passado um ano, descuidou-se e engravidou.
Foi depositar na Roda, embrulhada num saco de plástico, a criança que pariu na mata do Choupal.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Sofisticação
Que ninguém lhe dissesse que ela não era o máximo da sofisticação que desde o início deste século que fazia depilação integral, essa metáfora dietética como o arroz para a remoção de todos os pêlos púbicos. E há um ror de anos que aumentava o pecúlio dos industriais de produtos higiénicos que a convenceram a não dispensar os pensinhos diários para evitar os inestéticos selos nas cuecas que sofisticação é uma mulher ter em cada dia, sem escapar um, algo entre a sua vagina e o resto do mundo, mesmo que seja uma carga de trabalhos arranjar forma de os remover quando umas mãos masculinas se aproximam e não há intimidade suficiente para assumir essa maquilhagem.
E é tão sofisticada que agora que está de casamento marcado já correu todas as quintas de copo de água para escolher uma que o sirva a partir do pôr do sol e com fogo de artíficio final como sinal de partida para os noivos rumarem à queca socialmente autorizada e obrigatória. Depois só fica a faltar encontrar nas redondezas uma igreja para o casório não porque seja católica que nem nunca foi à catequese mas porque fica uma cerimónia muito mais bonita e com outro sainete.
Já escolheu o seu vestido refinado com cauda mais um enorme véu e a imprescindível liga e tudo o que uma noiva tem direito mas previdentemente escondeu-o dos olhares do seu noivo e assim continuará até ao dia aprazado. É branco.
E é tão sofisticada que agora que está de casamento marcado já correu todas as quintas de copo de água para escolher uma que o sirva a partir do pôr do sol e com fogo de artíficio final como sinal de partida para os noivos rumarem à queca socialmente autorizada e obrigatória. Depois só fica a faltar encontrar nas redondezas uma igreja para o casório não porque seja católica que nem nunca foi à catequese mas porque fica uma cerimónia muito mais bonita e com outro sainete.
Já escolheu o seu vestido refinado com cauda mais um enorme véu e a imprescindível liga e tudo o que uma noiva tem direito mas previdentemente escondeu-o dos olhares do seu noivo e assim continuará até ao dia aprazado. É branco.
A esposa de Viseu
Para quem anda a Leste (de Viseu) leia a notícia, por exemplo, aqui e visite o blog em causa. Já agora, se lá virem a matrícula do meu carro, é mentira! Só lá fui ver como era...
HenriCartoon
HenriCartoon
Faz tu mesmo... rabiscos
O norte-americano David Jablow criou o projecto «do it yourself Doodler».
Com base neste desenho (entretanto já criou outros)...
... trata-se de completá-lo com cenários cujo limite é, só, a imaginação. Por exemplo:
Com base neste desenho (entretanto já criou outros)...
... trata-se de completá-lo com cenários cujo limite é, só, a imaginação. Por exemplo:
20 abril 2013
«conversa 1962» - bagaço amarelo
Eu - Não.
Ela - Eu sabia.
Eu - Quer dizer, não és minimamente. És muito atraente, era o que eu queria dizer.
Ela - Ah! É que estava quase, mas mesmo quase, a despejar este caldo verde a ferver por ti abaixo.
Eu - Então e o "sinceramente"? Não me pediste para ser sincero?! E se eu achasse mesmo que não?
Ela - A sinceridade é uma coisa muito relativa.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Livro em latim com poemas ao deus Príapo
Scioppius, Gaspar - Priapeia, sive diversorum poetarum in priapum lusus; illustrati commentariis. L. Apuleii anexomenos, ab eodem illustratus. Padua, Nicolaus, 1664 (na verdade Leipzig, Fritsch, 1731), 175 páginas
A partir de agora, na minha colecção.
Reparem neste excerto da página 153, logo no primeiro parágrafo:
"Culeon] vagina. Et sane pars illa in nobis, quae honeste nominari non potest, & quae hic intelligitur, inde dicte est." - deverá significar algo parecido com "Culeon] vagina. E aquela parte em nós que honestamente não pode ser nomeada, e que aqui significa isso".
A partir de agora, na minha colecção.
Reparem neste excerto da página 153, logo no primeiro parágrafo:
"Culeon] vagina. Et sane pars illa in nobis, quae honeste nominari non potest, & quae hic intelligitur, inde dicte est." - deverá significar algo parecido com "Culeon] vagina. E aquela parte em nós que honestamente não pode ser nomeada, e que aqui significa isso".
19 abril 2013
O assalto...
... a um bordel foi repelido graças à intervenção
de algumas das suas funcionárias… que socorrendo-se dos
respectivos vibradores puseram em fuga o assaltante
Raim on Facebook
Prostituição - a minha história (IX)
Verão de 1997... (...) Ganhava dinheiro à velocidade da luz e gastava-o a igual velocidade. Aliás, tudo ali era à velocidade da luz e aquele dinheiro todo causava-me uma espécie de estado de "embriaguez fascinada", uma espécie de liberdade do Mundo, liberdade de mim porque mantinha aquele estado de espectadora do meu filme com o suficiente na carteira para pagar o bilhete de qualquer sessão por mim protagonizada, alterei o "horário de trabalho" por um ainda mais rentável, desde depois de almoço até ao fecho da casa, atendi homens embriagados, um deles deu-me tanto prazer como eu nunca tinha imaginado apesar de me encher de nojo porque cambaleava e escorria ranho do nariz quando virava a cabeça para baixo, atendi um casal com a descontracção de quem sempre tinha feito aquilo, queria rapidamente trocar-me por outra, por um eu mais igual ao daquelas mulheres, todas mais espertas, mais bem vestidas e maquilhadas, todas mais livres que eu, todas com uma dramática história que justificava o que faziam ali, uma história que fazia da minha um conto de fadas. Tinham passado cerca de duas semanas, apresentaçãããão, dizia alguém e eu marchava para a sala, nos meus bonitos vestidos novos, era um homem com cara de parvo que me apalpou o peito assim que entrei para o cumprimentar. Sorri-lhe e disse-lhe o meu nome, ainda ninguém me tinha explicado que não era suposto apalparem-me na sala, o homem percebeu-me tolinha e escolheu-me. Saí de mala e chave, cheguei ao apartamento e abri a porta quando ele bateu. Despiu-se imediatamente e, já de pénis erecto, verificou-me os dentes e meteu o pénis debaixo da minha saia porque achava que eu ficaria muito linda com um pénis. Era um homem muito forte, agarrou na minha cabeça e na garrafa do Vat69 e insistiu que eu tinha de beber com ele. Mais, mais, mais, dizia, isto faz bem, estás muito tensa. Tinha ligado o aquecedor do wc no máximo e posto a banheira a encher com água fria. A minha inexperiência e a distância de mim não me permitiram uma avaliação correcta do que estava a acontecer, aquilo até podia ser normal, ele agia como se assim fosse e era um cliente habitual da casa. Levou-me para o wc depois de me despir, sentou-se na sanita e mandou-me entrar na água. Continuou a dar-me o Vat69 pela garrafa enquanto fazia as suas necessidades. Quando saí da água estava entorpecida pelo frio e embriagada. Sem me enxugar, levou-me para a cama e tentou penetrar-me sem preservativo, eu estava demasiado entorpecida para me mexer mas estava tão contraída que não conseguiu penetrar-me, tentou várias vezes mas, quanto mais forçava, mais contraída eu ficava. Foi-se embora, furioso, eu consegui vestir-me e arrastar-me até ao escritório. Dormi até à hora de fecho. A bebedeira parecia intermitente, tão depressa estava bem como completamente embriagada, vomitei, já em casa, a noite toda. No dia seguinte, levei uma repreensão pelo estado do quarto, por ter permitido aquilo, para ter cuidado com os clientes que nos querem fazer beber. (Continua)
18 abril 2013
Primeira lição
Fico surpreendida quando constato que ainda há mulheres que não sabem que a vagina é servida por uma quantidade substancial de músculos que, se treinados, podem transformar uma noite em mil, mais aquela em que é conveniente despachar o parceiro.
É evidente que treinar a vagina exige, sobretudo no início, concentração, persistência, algum esforço e sobretudo um homem pacífico, colaborador, resistente, jovem e seguro, controlado, tranquilo ou virgem – os virgens não sabem se o que estamos a fazer é o que imaginam ser o habitual. Em alternativa, não é de todo afastada a possibilidade de os amarrarmos à cama de modo a que não consigam mexer um pêlo, esteja ele onde estiver.
Convém, para início do processo, enfiarmos na vagina, até à base, o pénis colocado estrategicamente por baixo de nós. Pode causar algum incómodo, depressa esquecido, porque estamos atentas ao movimento seguinte. Nada que não se possa atirar para trás.
É necessário fazer descer todos os nossos sentidos para a massa rija, cilíndrica, que nos ocupa a vagina. Procuremos apertar o pénis encravado, até lhe sentir o pulsar da glande. Se o conseguirmos, com mais um pequeno esforço faremos com que a vagina se aperceba do formato daquilo que a preenche. O arredondado da glande, o sulco, a pulsante massa dos corpos cavernosos, as veias e as artérias que nos escaldam as paredes do sexo.
É evidente que o processo é moroso, mas indiquei já as características da cobaia.
Para iniciação creio que por agora basta. Quando perceberem que tiveram sucesso neste primeiro passo, podem desatar a gemer, a gritar e a bradar por todas as divindades que conheçam, porque merecem ser muito bem recompensadas.
Passaremos à segunda lição, quando me aprouver e considerar que o tempo empregue neste primeiro exercício já foi o suficiente e já surtiu os efeitos desejados.
É evidente que treinar a vagina exige, sobretudo no início, concentração, persistência, algum esforço e sobretudo um homem pacífico, colaborador, resistente, jovem e seguro, controlado, tranquilo ou virgem – os virgens não sabem se o que estamos a fazer é o que imaginam ser o habitual. Em alternativa, não é de todo afastada a possibilidade de os amarrarmos à cama de modo a que não consigam mexer um pêlo, esteja ele onde estiver.
Convém, para início do processo, enfiarmos na vagina, até à base, o pénis colocado estrategicamente por baixo de nós. Pode causar algum incómodo, depressa esquecido, porque estamos atentas ao movimento seguinte. Nada que não se possa atirar para trás.
É necessário fazer descer todos os nossos sentidos para a massa rija, cilíndrica, que nos ocupa a vagina. Procuremos apertar o pénis encravado, até lhe sentir o pulsar da glande. Se o conseguirmos, com mais um pequeno esforço faremos com que a vagina se aperceba do formato daquilo que a preenche. O arredondado da glande, o sulco, a pulsante massa dos corpos cavernosos, as veias e as artérias que nos escaldam as paredes do sexo.
É evidente que o processo é moroso, mas indiquei já as características da cobaia.
Para iniciação creio que por agora basta. Quando perceberem que tiveram sucesso neste primeiro passo, podem desatar a gemer, a gritar e a bradar por todas as divindades que conheçam, porque merecem ser muito bem recompensadas.
Passaremos à segunda lição, quando me aprouver e considerar que o tempo empregue neste primeiro exercício já foi o suficiente e já surtiu os efeitos desejados.
Camille
17 abril 2013
«Foder é simples» - João
"Preparo-me para defender uma ideia em que acredito – ou, de outro modo, não a defenderia -, sabendo que não é consensual, que não tem aplicação universal. Aliás, diga-se, pouco do que eu defendo tem aplicação universal. Pensá-lo é um exercício de soberba. Defendo aquilo em que acredito, em algum momento da vida, sendo isso válido para mim e, com sorte, para um punhado de uns quantos mais que por infortúnio se revejam nas mesmas ideias que eu. E a ideia de hoje é tão simples quanto a de foder. Como se foder fosse simples. Mas para o caso, para este caso, é. Simples em comparação com o quê? Com o sexo oral.
À medida que os anos foram passando, fui recolhendo opiniões – mais opiniões do que experiências conjugáveis na primeira pessoa do singular – de homens e de mulheres sobre o sexo oral. Os homens, por regra, não o dispensam. Não dispensam que lho façam. Gostam (gosto! gostamos!) que as mulheres com quem estão tratem os seus pénis com adoração, com venerando linguajar, que os seus pénis sejam o derradeiro chupa-chupa à face da Terra e de todos os outros planetas habitáveis. É, talvez, o aspecto mais consensual que encontro. Daí em diante, dá-se a divisão. Os homens, compreendi do quanto ouvi, nem sempre devolvem na igual medida. Se gostam que as suas mulheres se entreguem aos seus pénis com devoção inquestionável, nem sempre se apresentam dispostos a mergulhar entre duas coxas, lambendo com incomparável satisfação as vulvas das suas companheiras, alimentando o prazer com o místico resultado de uma vagina sumarenta. É uma pena. E entre as mulheres, bem sabido, também nem sempre se encontra quem queira abocanhar um pénis com gosto, brincando com ele com atrevimento, não temendo sequer o resultado de um fellatio bem feito, um inevitável e caloroso jorrar.
Assim, com o tempo que passava, autorizei-me meditar nisto e concluir que, tudo sendo sexo, foder – no sentido de copular, introduzir o pénis na vagina e dar-lhe com ânimo -, é mais fácil, emocionalmente mais simples, do que usar a boca para dar prazer. A genitália está suficientemente afastada do centro da nossa identidade (o cérebro), anatomicamente falando, para que dar-lhe uso seja uma coisa mais simples de automatizar e desligar de alguns sentidos e/ou sentimentos. Por outro lado, levar a nossa boca à genitália de outra pessoa é levar-nos, intimamente, a algo que nos exige o envolvimento não apenas do tacto mas também do paladar e do olfacto (a visão, para o caso, dispenso-me comentar). Enquanto fodemos estamos potencialmente abstraídos nas sensações tácteis e próximos da outra pessoa, podendo isso acontecer mais, ou menos, consoante ali estamos para amar ou para usar. Mas quando vamos de boca disponível ao encontro de uma genitália, penso, eu que sou romântico, que precisamos verdadeiramente amar. As mulheres vão receber nas suas bocas um pénis que pode não lhes criar verdadeiro conforto, que pode não lhes saber ou cheirar bem. O mesmo se passa connosco quando nos afundamos de frontispício numa vulva. Vamos conviver com odores e sabores que não sabemos – à falta de experiência prévia com essa mesma vulva – se nos vão agradar. E é por isso, de uma forma muito sintética e provavelmente atabalhoada, que eu acho que entre copular e dar prazer oral, a primeira forma de exercício é muito mais simples, menos exigente. Ainda que pressuponha entrega e abertura da reserva íntima como qualquer outra forma de sexo, a dança ritmada de genitálias consegue ser mais blindada do que envolver as nossas bocas e línguas, envolvendo a nossa capacidade de saborear e cheirar.
Assumo-me profundo apreciador da oralidade. Como qualquer homem que se preze, quero o meu pénis venerado e desaparecido entre os lábios (todos eles, por sinal) da mulher com quem partilho a minha intimidade. E, como qualquer homem que se preze, quero atirar-me sem reservas a uma vulva sumarenta, por via da qual possa dar prazer à mulher que quero. E ao pensar assim, sinto que isso exige mais de mim do que o coito. E que se assim é para mim, talvez também para vós assim seja."
João
Geografia das Curvas
À medida que os anos foram passando, fui recolhendo opiniões – mais opiniões do que experiências conjugáveis na primeira pessoa do singular – de homens e de mulheres sobre o sexo oral. Os homens, por regra, não o dispensam. Não dispensam que lho façam. Gostam (gosto! gostamos!) que as mulheres com quem estão tratem os seus pénis com adoração, com venerando linguajar, que os seus pénis sejam o derradeiro chupa-chupa à face da Terra e de todos os outros planetas habitáveis. É, talvez, o aspecto mais consensual que encontro. Daí em diante, dá-se a divisão. Os homens, compreendi do quanto ouvi, nem sempre devolvem na igual medida. Se gostam que as suas mulheres se entreguem aos seus pénis com devoção inquestionável, nem sempre se apresentam dispostos a mergulhar entre duas coxas, lambendo com incomparável satisfação as vulvas das suas companheiras, alimentando o prazer com o místico resultado de uma vagina sumarenta. É uma pena. E entre as mulheres, bem sabido, também nem sempre se encontra quem queira abocanhar um pénis com gosto, brincando com ele com atrevimento, não temendo sequer o resultado de um fellatio bem feito, um inevitável e caloroso jorrar.
Assim, com o tempo que passava, autorizei-me meditar nisto e concluir que, tudo sendo sexo, foder – no sentido de copular, introduzir o pénis na vagina e dar-lhe com ânimo -, é mais fácil, emocionalmente mais simples, do que usar a boca para dar prazer. A genitália está suficientemente afastada do centro da nossa identidade (o cérebro), anatomicamente falando, para que dar-lhe uso seja uma coisa mais simples de automatizar e desligar de alguns sentidos e/ou sentimentos. Por outro lado, levar a nossa boca à genitália de outra pessoa é levar-nos, intimamente, a algo que nos exige o envolvimento não apenas do tacto mas também do paladar e do olfacto (a visão, para o caso, dispenso-me comentar). Enquanto fodemos estamos potencialmente abstraídos nas sensações tácteis e próximos da outra pessoa, podendo isso acontecer mais, ou menos, consoante ali estamos para amar ou para usar. Mas quando vamos de boca disponível ao encontro de uma genitália, penso, eu que sou romântico, que precisamos verdadeiramente amar. As mulheres vão receber nas suas bocas um pénis que pode não lhes criar verdadeiro conforto, que pode não lhes saber ou cheirar bem. O mesmo se passa connosco quando nos afundamos de frontispício numa vulva. Vamos conviver com odores e sabores que não sabemos – à falta de experiência prévia com essa mesma vulva – se nos vão agradar. E é por isso, de uma forma muito sintética e provavelmente atabalhoada, que eu acho que entre copular e dar prazer oral, a primeira forma de exercício é muito mais simples, menos exigente. Ainda que pressuponha entrega e abertura da reserva íntima como qualquer outra forma de sexo, a dança ritmada de genitálias consegue ser mais blindada do que envolver as nossas bocas e línguas, envolvendo a nossa capacidade de saborear e cheirar.
Assumo-me profundo apreciador da oralidade. Como qualquer homem que se preze, quero o meu pénis venerado e desaparecido entre os lábios (todos eles, por sinal) da mulher com quem partilho a minha intimidade. E, como qualquer homem que se preze, quero atirar-me sem reservas a uma vulva sumarenta, por via da qual possa dar prazer à mulher que quero. E ao pensar assim, sinto que isso exige mais de mim do que o coito. E que se assim é para mim, talvez também para vós assim seja."
João
Geografia das Curvas
«conversa 1961 e respostas a perguntas inexistentes (232)» - bagaço amarelo
Na verdade, considero que a minha sanidade mental depende muito das conversas a dois. Prefiro conversas a dois do que a três, quatro ou cinco. Não sei porquê, mas a capacidade que eu tenho de me concentrar numa conversa e, portanto, de me interessar por ela, é muito maior quando tenho apenas um interlocutor.
É por isso que adoro receber uma visita em casa ou, por outro lado, tendo a visitar mais os meus amigos que vivem sozinhos. Um amigo, uma garrafa de vinho ou de uísque e algum pão ou chocolate, e tenho uma noite por bem dada.
É verdade que esta minha característica, que não é boa nem má, também teve sempre uma enorme importância nos meus relacionamentos amorosos. Uma relação com uma mulher que gosta de falar a dois, por mim, é normalmente mais fácil do que com uma que até pode ser mais social e, por isso, não dispensa uma noite sem um grande grupo de amigos à sua volta. Acreditem, sei-o por experiência própria.
Isto quer dizer também que, na idade que atravesso, considero-me um privilegiado por ter feito e mantido alguns amigos que são exactamente como eu neste aspecto. Não são muitos, mas são os suficientes para eu manter equilibrada a balança da solidão e do convívio. Há uns dias, por exemplo, visitei uma amiga minha que quase nunca sai de casa por opção própria. Visito-a mais a ela do que ela a mim, talvez por isso mesmo. Depois duma noite inteira a conversar, deviam ser umas três da manhã quando ela me pediu silêncio.
No princípio até pus a hipótese dela se estar a sentir mal. Observei-a com atenção enquanto ela dividia irmãmente o que restava duma garrafa de Vila Ruiva Reserva 2010 (ela só bebe vinho alentejano) e cheguei à conclusão que não. Dei um gole no copo e encostei-me para trás no sofá.
- Eu acabei de te explicar porque é que me divorciei do meu marido. - disse ela.
- Acabaste, sim. - confirmei.
- Disse-te que passámos quatro anos, eu e ele, a tentar apaixonarmo-nos um pelo outro e que, passado esse tempo, chegámos à conclusão que não tínhamos conseguido.
- Eu percebi. - confirmei de novo.
- És a primeira pessoa a quem conto isto e que não faz nenhuma observação parva, do género: "tanto tempo para perceber que não estavam apaixonados?!".
- Não acho que seja assim tanto tempo. Além disso, acho perfeitamente normal insistirmos em tentar uma paixão com aqueles de quem gostamos muito. Já aconteceu a todos... - observei, numa tentativa de tornar o mais normal possível a coisa.
- Eu acho que só nos entendemos assim tão bem porque nunca há mais ninguém quando conversamos. - concluiu.
Fiquei a pensar naquilo para além daquela noite, até agora, momento em que escrevo este texto. É que às vezes, para alinhavar o meu pensamento, tenho que o escrever. Senão não sou capaz. Acho que ela tem razão e, sem o saber, explicou-me uma característica que eu tinha como minha.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Pânico no tabuleiro
Quando o peão foi promovido a rainha e o xeque-mate ficou iminente,
o rei adversário berrou: "Meu Deus, vou ser derrotado por um travesti!"
o rei adversário berrou: "Meu Deus, vou ser derrotado por um travesti!"
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