"Apesar da memória selectiva, que fazia esquecer no nevoeiro muitas das coisas, ele sempre soube as datas importantes. Aqueles momentos que marcam, e que nunca se esquecem. O tempo acelerava em direcção aos 5 anos. Dali a poucos minutos, completar-se-iam 5 anos desde a primeira vez que estiveram juntos, e um pouco menos desde que se separaram, quando, a passos largos, a realidade os afastou. O relógio no pulso dele continuou a fazer tic tac. O inexorável tic tac. Preparou a mensagem, e ao minuto certo enviou-a. Ainda te lembras? Apenas esta pergunta. Pousou o telefone sobre a mesa e ficou-se, a olhar para ele, até ser tomado pelo sono e dar um salto quando chegou uma mensagem na volta dos gigahertz. Estou pronta. Só isto. Estou pronta. Estas duas palavras serviam para quase tudo, mas ele sabia muito bem o que significava. Era o sinal para avançar, era a maneira de dizer que tudo no corpo dela estava com fome dele, com vontade de suar de novo, de ficarem os dois a pingar. Literalmente. Não podia ser difícil. Nunca havia sido. Se havia coisa que os dois faziam bem era sujar-se.
E quando voltaram a pingar, como se nos trópicos, parecia que não havia passado tempo algum, parecia que tinham continuado colados desde sempre, sem interrupções. Como se a memória muscular ainda ali estivesse, intacta. É impressionante. Nem juízo nem mudança. Continuava ali tudo. E então disse “é esquisito isto”. Esquisito, pensou, é a ausência. Compreensível, mas esquisita. Daqui a 5 anos de novo? Não. Era demasiado tempo. Vamos vendo, disse. Vamos vindo."
João
Geografia das Curvas
31 julho 2013
«conversa 2006» - bagaço amarelo
Eu - É que corto o cabelo a mim mesmo com a máquina, percebes? Vou cortando até ficar todo igual, mas só consigo quando o pente é mesmo muito curto.
Ela - Ah! Já me aconteceu.
Eu - Já?! Não me lembro de te ver com o cabelo rapado.
Ela - Não foi na cabeça, totó!
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
30 julho 2013
Que o Papa Francisco abençoe
Eva portuguesa - «É triste»
É triste viver num mundo ao qual sentimos não pertencer.
É triste viver uma vida que não acreditamos ser a nossa.
É triste conhecer pessoas que nos mentem, iludem, fazem promessas que no fundo nunca tencionaram cumprir; pessoas más, sem carácter, imorais, amorais...
É triste, apesar dos tombos, manter a ingenuidade e acreditar que desta vez vai ser diferente.
É triste lutar diariamente por uma vida melhor e continuar a levar empurrões que nos derrubam e bater em muros intransponíveis.
É triste ser-se constantemente julgado, denegrido, apedrejado por criaturas que se julgam melhores mas que não têm conhecimento nem dignidade para o poderem fazer.
É triste que orgulho seja tomado como arrogância e que humildade seja sinónimo de humilhação.
É triste ver que as pessoas se envergonham do que se deviam orgulhar e que se orgulham daquilo que nunca deviam ser ou fazer.
É triste que os valores tenham caído em desuso e que a palavra e a honra sejam coisas do passado.
É triste tentar ser-se diferente, melhor... e fazê-lo seja um convite ao engano e à mentira, a usarem-nos e ainda nos criticarem.
É triste ter que esconder quem realmente somos para que não nos possam atingir.
É triste tentar e falhar.
É triste acreditar e ser desiludido.
É triste ter que iludir para protecção pessoal, ter que viver vidas e realidades paralelas para proteger quem se ama.
É triste perder a família, os alicerces de quem somos, o colo e carinho de quem realmente nos amou.
É triste, mas inevitável, magoar e ser magoado, entrar nesta roda gigante de gente e comportamentos egoístas, mesquinhos, bipolares.
É triste lutar por um trabalho e uma vida que nos fogem constantemente.
É triste que, apesar das lutas, do lamber das feridas, dos sacrifícios, não se tenha dinheiro suficiente para levar a nossa razão de viver, o nosso amor, a viver 15 dias de férias inesquecíveis; não se ter dinheiro suficiente para ajudar quem se ama e precisa da nossa ajuda; algumas vezes nem sequer ter dinheiro que chegue para encher a dispensa e o frigorífico... e é triste que tudo isto não permita que se durma, nem que se encontre um momento de paz.
É triste passar o resto da vida a pagar por erros que se cometeram quando se era jovem e irresponsável... todos devíamos ter direito à segunda oportunidade...
Mas pior que tudo isto é não se ter a coragem de admitir e vivenciar toda esta tristeza...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
É triste viver uma vida que não acreditamos ser a nossa.
É triste conhecer pessoas que nos mentem, iludem, fazem promessas que no fundo nunca tencionaram cumprir; pessoas más, sem carácter, imorais, amorais...
É triste, apesar dos tombos, manter a ingenuidade e acreditar que desta vez vai ser diferente.
É triste lutar diariamente por uma vida melhor e continuar a levar empurrões que nos derrubam e bater em muros intransponíveis.
É triste ser-se constantemente julgado, denegrido, apedrejado por criaturas que se julgam melhores mas que não têm conhecimento nem dignidade para o poderem fazer.
É triste que orgulho seja tomado como arrogância e que humildade seja sinónimo de humilhação.
É triste ver que as pessoas se envergonham do que se deviam orgulhar e que se orgulham daquilo que nunca deviam ser ou fazer.
É triste que os valores tenham caído em desuso e que a palavra e a honra sejam coisas do passado.
É triste tentar ser-se diferente, melhor... e fazê-lo seja um convite ao engano e à mentira, a usarem-nos e ainda nos criticarem.
É triste ter que esconder quem realmente somos para que não nos possam atingir.
É triste tentar e falhar.
É triste acreditar e ser desiludido.
É triste ter que iludir para protecção pessoal, ter que viver vidas e realidades paralelas para proteger quem se ama.
É triste perder a família, os alicerces de quem somos, o colo e carinho de quem realmente nos amou.
É triste, mas inevitável, magoar e ser magoado, entrar nesta roda gigante de gente e comportamentos egoístas, mesquinhos, bipolares.
É triste lutar por um trabalho e uma vida que nos fogem constantemente.
É triste que, apesar das lutas, do lamber das feridas, dos sacrifícios, não se tenha dinheiro suficiente para levar a nossa razão de viver, o nosso amor, a viver 15 dias de férias inesquecíveis; não se ter dinheiro suficiente para ajudar quem se ama e precisa da nossa ajuda; algumas vezes nem sequer ter dinheiro que chegue para encher a dispensa e o frigorífico... e é triste que tudo isto não permita que se durma, nem que se encontre um momento de paz.
É triste passar o resto da vida a pagar por erros que se cometeram quando se era jovem e irresponsável... todos devíamos ter direito à segunda oportunidade...
Mas pior que tudo isto é não se ter a coragem de admitir e vivenciar toda esta tristeza...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
«Creio que nasceste ainda antes das camélias» - Susana Duarte
creio que nasceste ainda antes de as camélias desabrocharem,
luz de todas as flores que me rodeiam,
flor de todas as cores
da vida que tenho dentro. creio que nasceste ainda antes,
onde as rubras cores equilibraram asas
de aves
e as águas dos rios,
e as flores navegaram as águas de todas as veias. creio
que me nasceste. creio que me és,
desde tempos anteriores, onde rios
desaguaram sobre os cabelos
e neles deixaram impressos os dedos, os teus,
direção de todos os meus voos, luz de todos
os meus caminhos. creio que me nasceste nas sombras azuis
da alma, onde o mar é mais brando
e as noites dissipam névoas.
creio que nasceste antes de os meses serem meses
e os dias serem dias,
e as noites serem noites, voador das minhas mãos,
sabedor das minhas dores,
iluminador dos meus caminhos. creio
que nasceste ainda antes das flores serem flores.
as minhas mãos voaram até às flores do teu peito,
e sobrevoaram os densos ossos dos teus dedos,
e amenizaram a espera. cessou a ausência, e a luz
está onde estás tu, aquele que, creio, nasceu antes das camélias.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Grande galo!
Ia eu num passeio em família pela baixa de Coimbra, numa «Noite Branca» em que algum (infelizmente pouco) comércio está aberto até à meia noite e há animação pelas ruas, quando em frente à igreja de Santa Cruz fui espreitar umas bancas de artesanato.
Qual a minha surpresa quando, numa dessas bancas, me deparei com este... bicho...
... que me estava mesmo a dizer "quero ir para a tua colecção"...
... e é... como podem constatar, um belo galo de Barcelos...
... pintado à mão numa cabaça...
... e que tem uma cara muito engraçada (visto de frente, porque por trás parece... o que parece)...
... e tem a assinatura da autora, Drika, junto às patitas:
Quando expliquei à Drika para onde esta cabaça vinha (a «sexão» de «o que não era suposto ser erótico», onde se vai juntar, por exemplo, à «cabiça» que me ofereceu o David Katano no 12º Encontra-a-Funda), ela ficou naturalmente surpreendida. E expliquei-lhe que irá estar exposta no espaço da minha colecção, muito em breve.
Podem conhecer as cabaças da Drika no blog dela ou na página que tem no Facebook.
Aproveito para informar que a Drika é muito simpática... cof... cof... cof... cof... cof... cof...
Qual a minha surpresa quando, numa dessas bancas, me deparei com este... bicho...
... que me estava mesmo a dizer "quero ir para a tua colecção"...
... e é... como podem constatar, um belo galo de Barcelos...
... pintado à mão numa cabaça...
... e que tem uma cara muito engraçada (visto de frente, porque por trás parece... o que parece)...
... e tem a assinatura da autora, Drika, junto às patitas:
Quando expliquei à Drika para onde esta cabaça vinha (a «sexão» de «o que não era suposto ser erótico», onde se vai juntar, por exemplo, à «cabiça» que me ofereceu o David Katano no 12º Encontra-a-Funda), ela ficou naturalmente surpreendida. E expliquei-lhe que irá estar exposta no espaço da minha colecção, muito em breve.
Podem conhecer as cabaças da Drika no blog dela ou na página que tem no Facebook.
Aproveito para informar que a Drika é muito simpática... cof... cof... cof... cof... cof... cof...
29 julho 2013
«respostas a perguntas inexistentes (250)» - bagaço amarelo
Todos no café ouviram, incluindo a mulher em quem aquele homem pousava brandamente os olhos. Era bonita, e também eu fizera o mesmo. Aliás, dei comigo a dar goles num copo de cerveja já vazio durante o processo. A mulher dele é que não gostou. Deu-lhe um puxão no braço e marcou território com aquele grito.
Eu gosto que a minha companheira de vida olhe para outros homens. Gosto até que suspire por eles. É a única forma que tenho de ter a certeza que ela me escolheu entre todas as possibilidades, apesar de haver muitas. Se ela olhasse só para mim, talvez andasse comigo apenas por ignorância.
Eu gosto de olhar para outras mulheres. Aliás, é depois de me deliciar com a sua presença que fico com a certeza de por quem estou apaixonado. Há tantas mulheres bonitas, que não pode ser só por isso que sinto isto que sinto. A definição de Amor, a existir, anda por aí.
Olhar para uma mulher bonita é o melhor dos museus. Apreciamos verdadeiramente aquilo que vemos, jogando ao mesmo tempo para que o nosso olhar não se torne invasivo. Mesmo que para isso tenhamos que dar um gole num copo de cerveja já vazio, vestir um casaco do avesso ou ir contra o poste dum sinal de trânsito.
Olhar para uma mulher bonita não significa ser voyeur. Significa, já que há tantas por aí, estar permanentemente a inspirar fundo como se estivéssemos a ver pela primeira vez as cataratas do Niagara.
- Não pares nada! - diria eu àquele homem.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «Corpo de Mulher» de Pablo Neruda
Corpo de mulher, brancas colinas, coxas brancas,
assemelhas-te ao mundo no teu jeito de entrega.
O meu corpo de lavrador selvagem escava em ti
e faz saltar o filho do mais fundo da terra.
Fui só como um túnel. De mim fugiam os pássaros,
e em mim a noite forçava a sua invasão poderosa.
Para sobreviver forjei-te como uma arma,
como uma flecha no meu arco, como uma pedra na minha funda.
Mas desce a hora da vingança, e eu amo-te.
Corpo de pele, de musgo, de leite ávido e firme.
Ah os copos do peito! Ah os olhos de ausência!
Ah as rosas do púbis! Ah a tua voz lenta e triste!
Corpo de mulher minha, persistirei na tua graça.
Minha sede, minha ânsia sem limite, meu caminho indeciso!
Escuros regos onde a sede eterna continua,
e a fadiga continua, e a dor infinita.
Pablo Neruda
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
assemelhas-te ao mundo no teu jeito de entrega.
O meu corpo de lavrador selvagem escava em ti
e faz saltar o filho do mais fundo da terra.
Fui só como um túnel. De mim fugiam os pássaros,
e em mim a noite forçava a sua invasão poderosa.
Para sobreviver forjei-te como uma arma,
como uma flecha no meu arco, como uma pedra na minha funda.
Mas desce a hora da vingança, e eu amo-te.
Corpo de pele, de musgo, de leite ávido e firme.
Ah os copos do peito! Ah os olhos de ausência!
Ah as rosas do púbis! Ah a tua voz lenta e triste!
Corpo de mulher minha, persistirei na tua graça.
Minha sede, minha ânsia sem limite, meu caminho indeciso!
Escuros regos onde a sede eterna continua,
e a fadiga continua, e a dor infinita.
Pablo Neruda
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
28 julho 2013
Página da minha colecção de arte erótica no Facebook
Eu já tinha e mantenho uma página minha no Facebook, em que divulgo o que é aqui publicado e, com a ajuda de malta da fundiSão, apresento outras coisas que não são publicadas aqui no blog. Essa página já tem quase 800 «gostos».
Agora, como a minha colecção de arte erótica está quase, quase a ter o seu espaço de exposição permanente, criei uma página no Facebook dedicada exclusivamente à colecção, em que divulgo algumas peças e irei sempre contando novidades.
Se me fizerem companhia nessa página agradeço, pois sem vós isto não tem piadinha nenhuma.
A vossa, só vossa, eroticamente vossa
São Rosas
Agora, como a minha colecção de arte erótica está quase, quase a ter o seu espaço de exposição permanente, criei uma página no Facebook dedicada exclusivamente à colecção, em que divulgo algumas peças e irei sempre contando novidades.
Se me fizerem companhia nessa página agradeço, pois sem vós isto não tem piadinha nenhuma.
A vossa, só vossa, eroticamente vossa
São Rosas
Quiproquó
Acabei o duche revigorante, enfiei as chinelas, a mini t-shirt e os calções e fui estender a toalha na varanda. O sol a entrar direitinho pelas janelas de estores levantados tinha-nos amanhecido mornos e ternurentos como gatos, a espreguiçarmos nos um no outro, a lambermos-nos mutuamente, a ronronar nos ouvidos as frases escabrosas que salgam estes momentos tal como o mar o faz à pele.
Ele saiu da casa de banho, arrastando-se com a toalha ao colo como se esta pesasse toneladas, sentou-se no cadeirão de vime e suspirou. Comecei a temer pela dureza do esforço físico matinal e a lembrar-me que o ar da praia e as actividades balneares do dia anterior rebentam com a frágil constituição de um citadino mas eis que aquela alma desata a discorrer sobre as dimensões enormes da varanda, ainda por cima apenas com uns ferrinhos, como aliás era uso naquela zona turística e que aquilo era um primeiro andar, a poucos metros da rua e que o arruamento até nem era largo e que apesar dos vizinhos não serem muito janeleiros havia de haver sempre um jeitoso que vinha fumar o cigarrinho à janela.
Esclarecida assim sobre os pesos que constrangiam aquela massa muscular, questionei aquele caracinhas se ia estender a sua toalha ou a manteria enrolada na virilidade até que secasse.
«Tarde inesquecível» - por Rui Felício
Como estava combinado, ela foi ter com ele...
Às três da tarde entrou, começou a ficar ansiosa, o coração palpitava mais forte, o sangue rosava-lhe as faces...Enquanto esperava, meio deitada, meio sentada, as mãos dela suavam, as pernas tremiam-lhe, o corpo estremecia-lhe, deixava-a de lábios abertos, sorvendo o ar que lhe faltava, quase sem conseguir respirar.
Quando ele se aproximou e a envolveu, sentiu o bafo quente da sua respiração, olharam-se nos olhos, e ela ficou subitamente tensa, imóvel, com a cabeça revolta por um turbilhão de pensamentos, de medos, de vontades...
A pouco e pouco foi desistindo de resistir e entregou-se nas mãos dele.
Delicada mas firmemente ele envolve-a, invade-a, explora-a e vai-lhe pedindo que nada receie, porque será carinhoso e cuidadoso...
Mesmo assim, ela deixa escapar de vez quando um suave gemido, menos de dor, mais de ansiedade...
Quando ele termina, a paz relaxante fá-la descontrair, o coração gradualmente aquieta-se e minutos depois, recupera o fôlego e levanta-se ainda cambaleante.
Despedem-se, ele abre-lhe a porta, ela sorri-lhe e sai...
Pelo caminho até sua casa ela não consegue deixar de pensar naquela hora de suprema tensão, ainda sente na boca o gosto daqueles momentos inesquecíveis e à noite, deitada sozinha na sua cama, as insónias não lhe permitem tirar da cabeça aquela hora passada na cadeira do dentista.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Postalinho dos penteados da moda
"À medida da Sãozinha!... Mesmo lésbica é capaz de gostar!..."
Alfredo
Alfredo
27 julho 2013
«tenho marido na Ucrânia» - bagaço amarelo
Não a reconheci por nenhum traço fisionómico, nem sequer pelo cheiro ou pela voz. Ia simplesmente a caminhar entre a multidão quando um som se destacou na cidade. Era o bater duns saltos altos nas pedras do passeio, quase igual e tão diferente de tantos outros. Pensei: “é ela”. Olhei para trás e era mesmo.
Num quiosque mesmo ao lado vendiam-se cartões telefónicos que prometiam bastantes minutos de conversa para países como a Roménia, Ucrânia, Turquia ou Grécia. Fiquei a pensar naquela venda que tratava o tempo como um produto consumível, como se fosse um tinteiro de impressora ou um frasco de polpa de tomate. No nosso caso, o tempo tinha sido isso mesmo, um consumível de pavio curto. Se no princípio tudo me parecera bem, assim que os nossos corpos se tocaram uma última vez tudo passou a ser uma vertigem.
Eu não andava à procura de nada, nem sequer de sexo, no dia em que ela se sentou ao meu lado do balcão dum bar e me pediu lume. A sensação de poder Amar alguém estava tão distante como um barco que lentamente partira em direcção à linha do horizonte, e eu pouco mais fazia do que trabalhar e ver jogos de futebol enquanto me embebedava num tasco qualquer.
- Não fumo! - respondi.
- Ainda bem. Eu também não...
Depois sorrimos ao mesmo tempo e pedimos mais um copo. Não sei, escusado será dizer, quanto ficou o jogo dessa noite. Sei que eram seis da manhã quando ela se levantou e se foi embora sem se despedir. Eu, a fingir que dormia, deixei-a ir conforme combinado. Lembro-me do som dos sapatos de salto alto, num ritmo fora do normal. Aliás, nunca mais me esqueci.
Era ela. Reconheci-a por esse mesmo som. Olhei para trás e vi-a comprar um desses cartões que nos dão tempo como se dessem vinho. Lembrei-me do acordo que fiz com ela nessa noite e retomei o meu caminho sem lhe dizer nada.
- Tenho marido na Ucrânia. Só preciso de alguém por uma noite.
- Está bem, então... - disse.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
A segunda taça de escanção («taste-vin») da minha colecção
A taça de escanção que eu já tinha, tem agora companhia: uma taça em tudo idêntica, excepto na figura central e na textura da superfície.
26 julho 2013
Especial «Virginia Johnson» - bagaço amarelo
Foi neste ambiente que Virginia Johnson deu andamento à expressão "Make Love, Not War" e revolucionou os estudos sobre a sexualidade. Com o seu marido, e com base na observação directa e métodos de medição por ela criados, explicou a esse mundo frio o que é o orgasmo. A mim parece-me bem.
Morreu ontem. Que o mundo agora a homenageie na cama.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Alfabeto erótico de 1931 por Sergei Merkurov (ex-União Soviética)
"Com o objectivo de combater o analfabetismo adulto, o artista soviético Sergei Merkurov desenvolveu, em 1931, um alfabeto formado por ilustrações de posições sexuais com referências a seres mitológicos e símbolos oriundos da cultura grega e romana.
Além da riqueza artística e do inusitado método de ensino, deve-se considerar ainda o período de realização. As ilustrações foram concebidas durante o repressivo governo de Estaline e, ironicamente, pelo mesmo artista que anos depois participou activamente na criação de esculturas do ditador."
Via IdeiaFixa
Além da riqueza artística e do inusitado método de ensino, deve-se considerar ainda o período de realização. As ilustrações foram concebidas durante o repressivo governo de Estaline e, ironicamente, pelo mesmo artista que anos depois participou activamente na criação de esculturas do ditador."
Via IdeiaFixa
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