04 agosto 2013

Baile de verão


Chegou o verão e com ele os bailes um pouco por todo o país real abrilhantados por artistas do panorama nacional. É neste contexto incontornável o nome de José Malhoa com uma fantástica dinâmica de palco que encanta plateias com o optimismo dançante das suas bailarinas, em Portugal e um pouco por todo o mundo.

Refira-se também o cuidado posto na sua imagem para imediata identificação do público nacional com o uso do risco ao meio à Paulo Bento e as camisas que lembram as vivendas arquitectadas com a junção de azulejos de várias nações tão populares no nosso país.

José Malhoa é aliás um teórico dos bailes de verão no desenvolvimento do amor nacional fazendo na sua tese emergir o papel fundamental da igreja e do apadrinhamento das aldeias na sua génese, particularmente no seu trabalho significativamente intitulado Baile de Verão (Espacial, 2004).

Malhoa defende mesmo o casamento como corolário dos bailes de verão e uma visão optimista da sua manutenção. Ao contrário da carga erótica que geralmente se deduz a partir da expressão "ajoelhou, vai ter que rezar" o cantor consegue no tema em que a usa destacar antes o papel fulcral da igreja na difusão da alegria personificado num animado padre de óculos escuros como o galã do Martini que não pára de bailar para juntar o casal (Espacial, 2006).

Romântico por diversas naturezas, José Malhoa aventa em toda a sua obra também o papel das flores, especialmente das rosas , na resolução dos conflitos de amor, sistematizado magistralmente no verso "Por amor (...) dei-lhe duas seguidas" (Duas Rosas, Espacial, 2007)