30 setembro 2013
«respostas a perguntas inexistentes (255)» - bagaço amarelo
Tenho saudades da Sandra. Não sei porquê, mas tenho. Muitas. Já não a vejo há tantos anos que lhes perdi a conta. Na verdade, não faço a mínima ideia se alguma vez a vou ver até ao fim dos meus dias. Perdi-lhe totalmente o rasto e só sei que emigrou para outro país qualquer. Nem sequer a encontro nas redes sociais. O mais provável é ela já não se lembrar de mim.
Eu ouço-lhe a voz, sinto-lhe o cheiro e principalmente ouço-a chamar-me. A Sandra não era apenas uma amiga. Era A Amiga. O pior disto tudo é que nem sequer me despedi dela na última vez que a vi. Não sabia que ela ia desaparecer para sempre e limitei-me a dizer-lhe: "telefono-te um dia destes". Uns dias depois alguém me disse que ela tinha ido viajar por impulso. Uma chatice familiar ou coisa parecida. Nunca mais voltou. Que merda.
Quando ando mais triste é dela que me lembro. Aliás, hoje já confundi quatro ou cinco transeuntes com ela. Abri os olhos e, por um milésimo de segundo, senti a alegria enorme desse improvável encontro. Não era ela, mas deu para perceber o que me vai acontecer se um dia a encontro mesmo. Vou-me sentir feliz. Estou ansioso.
Entretanto despedi-me agora duma amiga que me deu boleia para casa. Parou o carro sem desligar o motor mesmo em frente a minha casa e eu disse-lhe: "telefono-te um dia destes". Depois saí e ela arrancou no seu carro preto que se fundiu na noite escura. Eu subi o elevador, entrei em casa e liguei o computador. Entretanto mandei-lhe uma mensagem pelo telemóvel: "gosto de ti, sabias?". Just in case.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «A tua nudez inquieta-me» de Fernando Assis Pacheco
Há dias em que a tua nudez
é como um barco subitamente entrado pela barra.
Como um temporal. Ou como
certas palavras ainda não inventadas,
certas posições na guitarra
que o tocador não conhecia.
A tua nudez inquieta-me. Abre o meu corpo
para um lado misterioso e frágil.
Distende o meu corpo. Depois encurta-o e tira-lhe
contorno, peso. Destrói o meu corpo.
A tua nudez é uma violência
suave, um campo batido pela brisa
no mês de Janeiro quando sobem as flores
pelo ventre da terra fecundada.
Eu desgraço-me, escrevo, faço coisas
com o vocabulário da tua nudez.
Tenho «um pensamento despido»;
maturação; altas combustões.
De mão dada contigo entro por mim dentro
como em outros tempos na piscina
os leprosos cheios de esperança.
E às vezes sucede que a tua nudez é um foguete
que lanço com mão tremente desastrada
para rebentar e encher a minha carne
de transparência.
Sete dias ao longo da semana,
trinta dias enquanto dura um mês
eu ando corajoso e sem disfarce,
ilumindo, certo, harmonioso.
E outras vezes sucede que estou: inquieto.
Frágil.
Violentado.
Para que eu me construa de novo
a tua nudez bascula-me os alicerces.
(in “A Musa Irregular”)
Fernando Assis Pacheco
(Coimbra, 1 de Fevereiro de 1937 — Lisboa, 30 de Novembro de 1995) foi um jornalista, crítico , tradutor e escritor português.
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
é como um barco subitamente entrado pela barra.
Como um temporal. Ou como
certas palavras ainda não inventadas,
certas posições na guitarra
que o tocador não conhecia.
A tua nudez inquieta-me. Abre o meu corpo
para um lado misterioso e frágil.
Distende o meu corpo. Depois encurta-o e tira-lhe
contorno, peso. Destrói o meu corpo.
A tua nudez é uma violência
suave, um campo batido pela brisa
no mês de Janeiro quando sobem as flores
pelo ventre da terra fecundada.
Eu desgraço-me, escrevo, faço coisas
com o vocabulário da tua nudez.
Tenho «um pensamento despido»;
maturação; altas combustões.
De mão dada contigo entro por mim dentro
como em outros tempos na piscina
os leprosos cheios de esperança.
E às vezes sucede que a tua nudez é um foguete
que lanço com mão tremente desastrada
para rebentar e encher a minha carne
de transparência.
Sete dias ao longo da semana,
trinta dias enquanto dura um mês
eu ando corajoso e sem disfarce,
ilumindo, certo, harmonioso.
E outras vezes sucede que estou: inquieto.
Frágil.
Violentado.
Para que eu me construa de novo
a tua nudez bascula-me os alicerces.
(in “A Musa Irregular”)
Fernando Assis Pacheco
(Coimbra, 1 de Fevereiro de 1937 — Lisboa, 30 de Novembro de 1995) foi um jornalista, crítico , tradutor e escritor português.
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
29 setembro 2013
Pesadelo de uma tarde de verão
Era uma cozinha branca com as panelas penduradas em pregos na parede. No centro impunha-se uma ampla mesa de madeira maciça para o repasto. Chegámos afogueados, carregadinhos com os sacos plásticos de cenouras, pepinos, beringelas, tomates, limões, laranjas, pêssegos, nêsperas, morangos e depositámo-los ali naquelas tábuas a soltar aromas.
Os trinta e tal graus lá de fora eram felizmente filtrados pelas grossas paredes e pelo algodão das nossas t-shirts. Aquelas mãos enormes sentaram-me na banca de alimentação, esticando os dedos das nádegas aos joelhos, vagarosamente, a afastar o pareo e libertando os meus braços para se estenderem até ao cordelito que brotava dos calções e desafogar aqueles músculos. E naquele bailado de mãos e línguas , desfaleci até atingir a posição de frango em expositor, com a ligeira diferença de que apertei tenazmente tudo o que se atravessava nas minhas coxas.
E íamos ritmadamente balançando na pauta dele até que decidi imprimir outra cadência, que eu não estava ali para ver encher chouriços e apesar do pronto acompanhamento dele, um ligeiro desacerto de sincronismos fez com que o meu alvo ficasse mais acima do que o previsto e o projéctil fosse embater na madeira maciça.
Oh Senhor Doutor e perante a memória daquele guincho dorido peço-lhe a sua orientação: acha que se eu tomar uns drunfuzinhos aprendo a não me mexer e a ficar quietinha?
«As árvores também amam» - por Rui Felício
Por indicação de pessoa amiga do Bairro, há uns anos atrás, fui ler o romance Afrodite, de Isabel Allende.
Da sua leitura, fiquei a saber que a pêra é um fruto erótico, pela forma sensual de mulher que sugere e que originou ao longo dos séculos belíssimas peças de arte.
E que a pêra cortada em finas fatias, numa salada a que se juntem agriões e nozes descascadas, é uma entrada especialmente adequada para um jantar de um casal romântico, podendo ser degustadas com os dedos e aspirado o perfume delicioso que exalam, acordando os sentidos do tacto, do paladar, do cheiro e do desejo.
Pensativo, recuei muitos anos, aos meus tempos de adolescência...
... ... ... ... ... ... ...
Sempre gostei da flor de pessegueiro. E do fruto maduro. São o resultado maravilhoso de uma árvore sensual que me seduz.Tinha um no meu quintal no Bairro que dava uns deliciosos pêssegos de cor mate e suaves rosáceas vermelhas, aveludado ao toque.
Ao seu lado uma pereira. Dava umas lindas e doces pêras esverdeadas, de pele fina e macia, que ganhavam uma tonalidade pálida, amarelo claro quando maduras...
Todos os anos o milagre da renovação da natureza se repetia.
Até que, num certo ano, ao contrário dos anos anteriores, as pêras se iam dia a dia tornando avermelhadas, quase da cor escarlate, rutilante, do sombreado dos pêssegos.
Não tinha sido feita nenhuma enxertia na pereira. Apenas era podada na altura própria, que a minha mãe sabia quando e como fazê-lo.
Foi um mistério, sem explicação, as pêras nesse ano e nos seguintes terem amadurecido de cor vermelha quando até aí sempre ficavam amarelas, esbatidas.
O assunto foi falado em casa, mas ao fim de uns dias estava esquecido.
Eu, no entanto, adolescente sonhador ainda imberbe, construí uma teoria, até hoje nunca experimentada, mas que ainda me deixa pensativo, apesar da razão me fazer sorrir e abanar a cabeça com ironia.
As árvores são seres vivos, isso é do domínio comum, é verdade assente.
Quis eu, naquela altura, acreditar que elas não ficavam estáticas, de pé, na solidão da noite. Elas possivelmente amavam-se, entreabrindo as copas, estendendo as raízes em contactos e carícias por elas sentidas, mas por nós não perceptíveis...
E que o chilrear matinal da passarada, que eu ouvia do meu quarto, não era só o dos pardais que se acoitavam nas suas ramagens. No meio desse vozear, imperceptíveis, eu achava que se encobriam e misturavam, disfarçados, os últimos gemidos da pereira e do pessegueiro que lentamente se iam esgotando com o dealbar da aurora, depois de uma noite de amor.
Se a minha teoria estivesse certa, ia ter que arranjar agora, companhia para a solitária laranjeira que eu próprio plantei aos meus nove anos de idade, única árvore que ainda se mantém no meu quintal do Bairro.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
28 setembro 2013
Revistas da colecção - 3
Continuamos com a lista de mais de 700 revistas da minha colecção de arte erótica.
Aqui, um lote de 212 revistas diversas, desde 1974, que inclui números especiais sobre sexo e erotismo (Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Itália, Alemanha, EUA,…).
Uma curiosidade: a revista Lui que vêem na primeira imagem é dos anos 70. Entretanto, essa revista fechou. Agora, voltou a ser editada. E o primeiro número desta nova série já faz parte (claro!) da minha colecção.
Aqui, um lote de 212 revistas diversas, desde 1974, que inclui números especiais sobre sexo e erotismo (Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Itália, Alemanha, EUA,…).
Uma curiosidade: a revista Lui que vêem na primeira imagem é dos anos 70. Entretanto, essa revista fechou. Agora, voltou a ser editada. E o primeiro número desta nova série já faz parte (claro!) da minha colecção.
27 setembro 2013
Impressões marcantes
Gostava de saber quantos dildos já foram impressos pela surra nessas novas maquinetas 3D.
Postalinho arqueológico
"Já tinha a ideia de que os arqueólogos são uns tarados.
Numa visita que fiz ao Ecomuseu da Serra da Lousã - Museu Municipal Prof. Álvaro Viana de Lemos, encontrei lá esta pedrinha, que está identificada como sendo um «ídolo fálico» da época romana. Alguém consegue fazer-me um desenho?!"
PM
O nosso novo fundo espiçalista, Triângulo Felpudo, explica a coisa... ou melhor, o coiso:
Escavava um empoeirado e exsudante estagiário na zona de Soutelo em busca de artefactos romanos, quando se deparou com um calhau informe, que bem podia ser um coprólito (cagalhão fossilizado). Já o haviam repreendido por ignorar outros objectos de aspecto igualmente duvidoso, mas sem dúvida remontando ao império. Foi assim que, timidamente, de olhos fechados e nalga apertada, apresentou a coisa ao coordenador da escavação:
- Que é isto, professor?
A resposta explodiu-lhe na cara, com ventos amorcelados do almoço:
- Sei lá! Caralho!
Acto contínuo, o estagiário encardido cataloga a pedra sob a designação de "ídolo fálico".
Numa visita que fiz ao Ecomuseu da Serra da Lousã - Museu Municipal Prof. Álvaro Viana de Lemos, encontrei lá esta pedrinha, que está identificada como sendo um «ídolo fálico» da época romana. Alguém consegue fazer-me um desenho?!"
PM
O nosso novo fundo espiçalista, Triângulo Felpudo, explica a coisa... ou melhor, o coiso:
Escavava um empoeirado e exsudante estagiário na zona de Soutelo em busca de artefactos romanos, quando se deparou com um calhau informe, que bem podia ser um coprólito (cagalhão fossilizado). Já o haviam repreendido por ignorar outros objectos de aspecto igualmente duvidoso, mas sem dúvida remontando ao império. Foi assim que, timidamente, de olhos fechados e nalga apertada, apresentou a coisa ao coordenador da escavação:
- Que é isto, professor?
A resposta explodiu-lhe na cara, com ventos amorcelados do almoço:
- Sei lá! Caralho!
Acto contínuo, o estagiário encardido cataloga a pedra sob a designação de "ídolo fálico".
26 setembro 2013
Revistas da colecção - 2
Mais algumas das mais de 700 revistas da minha colecção.
Lote de revistas «Umbigo» (Portugal) - primeiros números | 26 | |
Lote de revistas «Maxim», depois «Super Maxim» e mais tarde «Maxmen» | Primeiros 14 números, números diversos e especiais | 47 |
Lote de revistas «Playboy» (Brasil) - nºs normais e especiais | 35 | |
Lote de revistas «Playboy» (Portugal) - todos os números da 1ª tentativa (Abril/2009 a Agosto/2010) | 17 números (1 e 16 repetidos) | 19 |
Poesia erótica em programa pornô de TV
Bianca Jahara visita a III Fresta Literária para matéria do Programa Penetra, do Canal do Sexy Hot.
Obscenatório
25 setembro 2013
«Preciso de ti» - João
"A caneta de aparo, na mão despida, quer escrever. Olho o papel vazio, com linhas sedentas de qualquer coisa, recordo a tua letra, a tinta que deixaste sobre outros papeis, e deixo a tinta fluir. E preciso de ti. Toda a tinta que deixo para trás naquela folha diz que preciso de ti. Que não há indiferença que me vença, que embora tudo no mundo se transforme, há coisas que não são de esquecer, não são de passar, de deixar cair e serenar como se fossem para nunca viver, sentir, ou querer. Preciso de ti, é quanto sei, não soubesse eu mais nada. Mas sei. Hoje sei muito, muito mais que outrora. Sei porque estou hoje, aqui. Sei porque o amanhã será amanhã, e como ele poderá ser. Sei do tempo, do espaço, das tintas que correm nos papeis, do sangue que corre em nós. Do calor. Do toque. Da magia da serra, do quão bom e refrescante é quando no mesmo espaço estás tu e estou eu. Não soubesse eu mais nada e ainda assim diria que preciso de ti. E que doi acordar. Doi levantar. Doi caminhar por aí, sem te ver, sem te ter, sem nada. Doi andar por aí temendo desvanecer, desaparecer, cair na indiferença que pica, que mata, que reduz a grandeza de tudo o que se teve. Lembras-te de mim? De como era? Não deviamos estar mais perto?
Não é desabafo. Preciso de ti. É plano, é provir, é passo que se dá após outro, e outro e mais uns quantos, e devagar vou lá, e depois de cair, levantar-me-ei de novo, e estou a chegar. Estou a chegar. Preciso de ti. Não digo mal, não digo mal de nada, tudo acontece por uma razão que mal se percebe até que ela nos bate na cara com força. Não leias desabafos nem palavras vãs. Isto é aviso. É acção. É desejar. Vou lá chegar sim. Quem me espera? E até lá, silêncio. Profundo."
João
Geografia das Curvas
Não é desabafo. Preciso de ti. É plano, é provir, é passo que se dá após outro, e outro e mais uns quantos, e devagar vou lá, e depois de cair, levantar-me-ei de novo, e estou a chegar. Estou a chegar. Preciso de ti. Não digo mal, não digo mal de nada, tudo acontece por uma razão que mal se percebe até que ela nos bate na cara com força. Não leias desabafos nem palavras vãs. Isto é aviso. É acção. É desejar. Vou lá chegar sim. Quem me espera? E até lá, silêncio. Profundo."
João
Geografia das Curvas
De olhos nas brasas
Se os guardas-florestais fossem tão eficazes a toparem incêndios como o são a apanhar-nos em flagrante deleite nem uma árvore ardia neste país.
«conversa 2016» - bagaço amarelo
Ela - Ando um bocado em baixo...
Eu - Eu também...
Ela - Vamos beber um copo hoje?
Eu - Eu preciso de alguém que esteja com boa disposição. Se me junto contigo, que também estás em baixo, ainda é pior...
Ela - Ah! É que eu, para ficar bem, preciso de estar com alguém que ainda esteja pior do que eu.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Que bela sigla para um congresso!
O Pedro Fragoso Lopes descobriu este evento brasileiro: Congresso Nacional de Ambientes Hipermídia para Aprendizagem – CONAhPA
24 setembro 2013
Eva portuguesa - «Demais!»
Achei que já tinha visto tudo o que é podridão do ser humano... enganei-me...
Ao ponto a que as pessoas chegam!
Por pura maldade, por serem pobres de espírito e ressabiados, por terem um fundo tão feio e podre que ninguém os quer...
Sem ganharem nada com a baixeza e cobardia dos actos que praticam...
Então foi assim: recebi um mail (anónimo, claro!) de alguém que conseguiu aceder ao meu facebook pessoal, a dizer que queria muito falar com um familiar meu (de quem conseguiu o nome e contacto através desse acesso ilícito), tratando-me por Eva, o meu nome profissional.
Demais! Claramente uma ameaça de que me iria expor...
Não só contente com isto e logo após eu encerrar a referida conta, esta personagem consegue reactivar a minha conta através de um dispositivo móvel blackberry.
Se ele usasse assim tanto tempo e inteligência para fazer o bem, que excelente pessoa que seria!....
Fui apresentar queixa por invasão de privacidade, ameaça e maus tratos (sim,os psicológicos também contam aos olhos da lei).
O que ganhou ele com isso?... Nada!
Demais!...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Ao ponto a que as pessoas chegam!
Por pura maldade, por serem pobres de espírito e ressabiados, por terem um fundo tão feio e podre que ninguém os quer...
Sem ganharem nada com a baixeza e cobardia dos actos que praticam...
Então foi assim: recebi um mail (anónimo, claro!) de alguém que conseguiu aceder ao meu facebook pessoal, a dizer que queria muito falar com um familiar meu (de quem conseguiu o nome e contacto através desse acesso ilícito), tratando-me por Eva, o meu nome profissional.
Demais! Claramente uma ameaça de que me iria expor...
Não só contente com isto e logo após eu encerrar a referida conta, esta personagem consegue reactivar a minha conta através de um dispositivo móvel blackberry.
Se ele usasse assim tanto tempo e inteligência para fazer o bem, que excelente pessoa que seria!....
Fui apresentar queixa por invasão de privacidade, ameaça e maus tratos (sim,os psicológicos também contam aos olhos da lei).
O que ganhou ele com isso?... Nada!
Demais!...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
«(...)» - Susana Duarte
vou sentar-me sobre as costas dos teus olhos,
e ver-me através deles, sedentos das névoas
das minhas madrugadas. vou sentar-me sobre
os teus braços e, através deles, rever encostas
onde os seios te abraçaram, e foram eternas
as inermes mãos sobre o dorso. vou sentar-me
sobre as dobras da tua voz, onde o silêncio
me chama e a língua me conquista. sobre ela,
desfazer as névoas que, junto ao rio, pairaram,
no instante do atrevimento. a língua de fogo
dos teus dedos, sobre a língua de fogo da água
que sobre ti se deita, exclamando todas as noites
de todas as idades: idades desfiguradas pelo
silêncio que, sob a chuva, se abateu, pronto
que estava o sorriso dos lábio, pronta a boca
para, sobre ti, pairar e, ali, depositar o dia.
Susana Duarte
palavras e imagem
Blog Terra de Encanto
e ver-me através deles, sedentos das névoas
das minhas madrugadas. vou sentar-me sobre
os teus braços e, através deles, rever encostas
onde os seios te abraçaram, e foram eternas
as inermes mãos sobre o dorso. vou sentar-me
sobre as dobras da tua voz, onde o silêncio
me chama e a língua me conquista. sobre ela,
desfazer as névoas que, junto ao rio, pairaram,
no instante do atrevimento. a língua de fogo
dos teus dedos, sobre a língua de fogo da água
que sobre ti se deita, exclamando todas as noites
de todas as idades: idades desfiguradas pelo
silêncio que, sob a chuva, se abateu, pronto
que estava o sorriso dos lábio, pronta a boca
para, sobre ti, pairar e, ali, depositar o dia.
Susana Duarte
palavras e imagem
Blog Terra de Encanto
Revistas da colecção - 1
Não é fácil listar as mais de 700 revistas que integram a minha colecção.
Mas fica aqui uma primeira parte...
Mas fica aqui uma primeira parte...
Lote de revistas de Banda desenhada - Portugal (Comix, Moda Foca, BD Voyeur, Gaiola Aberta…) | 8 |
Lote de revistas de Banda desenhada - Brasil (Chiclete com Banana) | 2 |
Lote de revistas de Banda desenhada - Espanha (Kiss, Comix, Wet Comix, El Jueves,…) | 6 |
Lote de revistas de Banda desenhada - França (Fluide Glaciale, Psikopat, BoDoï,…) | 4 |
Lote de revistas de Banda desenhada - E.U.A. (Sizzle) | 3 |
Lote de revistas de Banda desenhada - «Blue» (Itália) | 14 |
Lote de revistas «GQ» (Portugal) | 29 |
Lote de revistas «Photo» (França) - nºs especiais e concursos «Photo Amateurs» | 32 |
23 setembro 2013
«conversa 2015» - bagaço amarelo
Eu - Acho um absurdo.
Ela - E eu chego à conclusão que namorei dois anos com um banana...
Eu - Ou é um banana, ou ela tem qualquer coisa de muito especial que o faz aceitar isso.
Ela - O que é que pode ser tão especial assim?
Eu - Hum...
Ela - Já percebi. Agora tira esse ar de criança a pensar em doces!
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «O bolero do coronel» de António Lobo Antunes
Eu que me comovo
Por tudo e por nada
Deixei-te parada
Na berma da estrada
Usei o teu corpo
Paguei o teu preço
Esqueci o teu nome
Limpei-me com o lenço
Olhei-te a cintura
De pé no alcatrão
Levantei-te as saias
Deitei-te no banco
Num bosque de faias
De mala na mão
Nem sequer falaste
Nem sequer beijaste
Nem sequer gemeste,
Mordeste, abraçaste
Quinhentos escudos
Foi o que disseste
Tinhas quinze anos
Dezasseis, dezassete
Cheiravas a mato
À sopa dos pobres
A infância sem quarto
A suor, a chiclete
Saíste do carro
Alisando a blusa
Espiei da janela
Rosto de aguarela
Coxa em semifusa
Soltei o travão
Voltei para casa
De chaves na mão
Sobrancelha em asa
Disse: fiz serão
Ao filho e à mulher
Repeti a fruta
Acabei a ceia
Larguei o talher
Estendi-me na cama
De ouvido à escuta
E perna cruzada
Que de olhos em chama
Só tinha na ideia
Teu corpo parado
Na berma da estrada
Eu que me comovo
Por tudo e por nada
António Lobo Antunes
(Lisboa, 1 de Setembro de 1942)
é um escritor e psiquiatra português. Entre 1971 e 1973 viveu em Angola, onde participou, como tenente médico do Exército, na Guerra do Ultramar. Posteriormente exerceu a profissão no Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, até 1985. Em 1979 publicou os primeiros livros, Memória de Elefante e Os Cus de Judas, que obtiveram grande êxito
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Por tudo e por nada
Deixei-te parada
Na berma da estrada
Usei o teu corpo
Paguei o teu preço
Esqueci o teu nome
Limpei-me com o lenço
Olhei-te a cintura
De pé no alcatrão
Levantei-te as saias
Deitei-te no banco
Num bosque de faias
De mala na mão
Nem sequer falaste
Nem sequer beijaste
Nem sequer gemeste,
Mordeste, abraçaste
Quinhentos escudos
Foi o que disseste
Tinhas quinze anos
Dezasseis, dezassete
Cheiravas a mato
À sopa dos pobres
A infância sem quarto
A suor, a chiclete
Saíste do carro
Alisando a blusa
Espiei da janela
Rosto de aguarela
Coxa em semifusa
Soltei o travão
Voltei para casa
De chaves na mão
Sobrancelha em asa
Disse: fiz serão
Ao filho e à mulher
Repeti a fruta
Acabei a ceia
Larguei o talher
Estendi-me na cama
De ouvido à escuta
E perna cruzada
Que de olhos em chama
Só tinha na ideia
Teu corpo parado
Na berma da estrada
Eu que me comovo
Por tudo e por nada
António Lobo Antunes
(Lisboa, 1 de Setembro de 1942)
é um escritor e psiquiatra português. Entre 1971 e 1973 viveu em Angola, onde participou, como tenente médico do Exército, na Guerra do Ultramar. Posteriormente exerceu a profissão no Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, até 1985. Em 1979 publicou os primeiros livros, Memória de Elefante e Os Cus de Judas, que obtiveram grande êxito
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
22 setembro 2013
Escorregar no tapete
Aos primeiros raios do sol de verão acordámos com os corpos enlaçados um no outro e os nossos vizinhos dos andares lateral e inferior puderam ouvir os clamores da nossa massagem matinal.
E com o dever cumprido e a minha preguicite virada para o outro lado, ele escorregou da cama, chinelos e cuecas apanhados do chão e pé ante pé, lá foi escarrapachar os seus slipes pretos na cadeira almofadada ao seu cu e de dedo em riste, zás, ligou o computador acomodado à Microsoft.
Cada dia ele dedicava mais tempo ao computador, ora com olhos embevecidos, ora com esgares interrogativos como se estivesse a partilhar uma discussão com aquele amontoado suave de metais e circuitos integrados. Na ocasião pensei que seria mais preocupante caso se dedicasse a esticar o seu corpinho no sofá para as sessões contínuas da SporTv ensopadas em cerveja branca ou uísque com gelo.
Mas as refeições passaram a ser mudas e sem comunicação visual e até o contacto da pele se tornou um passeio de bicicleta fixa para cumprir os horários de exercício, inodoros e insonorizados. E assim me vi impelida a aprofundar a raiz da questão: comprei um portátil e mergulhei no mundo digital. O fascínio dos pixels, das letras a brilhar como que impressas, o poder de criar imagens sem saber um boi de desenho, a facilidade da comunicação à distância nas velhinhas BBS e depois nos chat's e MSN, tornou-o meu companheiro inseparável.
Sabe Senhor Doutor, ter um pc é ter um orgão excitante e eréctil, sempre ao alcance da mão e afinal, com o tempo, o amor acaba por ser ficção.
«As pedras falam e amam» - por Rui Felício
Por trás dela, como cenário de fundo de palco, uma enorme e grossa porta de castanho enegrecido pelo tempo, toda ouriçada de cravos de ferro pontiagudos como espinhos em lombo de dinossauro.A seus pés, sentados nos degraus da escadaria da Sé Velha, quatro homens de ar sisudo e compenetrado, envoltos em capas negras, extraiam das guitarras sons melancólicos, belos, arrepiantes, que as paredes das casas em frente devolviam chorosos, carregados de saudade.
Era a primeira vez que, na noite escura e naquele mesmo local por onde passaram os maiores nomes da canção académica, uma mulher cantava o fado de Coimbra, contra a opinião dos puristas da tradição, mas com o aplauso dos que entendem que a canção coimbrã deve evoluir e adaptar-se à sociedade estudantil actual, sem peias ou condicionalismos serôdios e ultrapassados pelo tempo.
O timbre cristalino da sua voz, a forma peculiar da interpretação, a beleza da sua elegante silhueta, enriqueceram a melodia, sem olvidar as vozes de antanho, antes melhorando-a.
Finda a serenata, os ecos das guitarras foram esmorecendo sob o pesado silêncio da noite e ela, no seu vestido negro a esvoaçar ao vento, despedindo-se dos artistas que a acompanharam, optou por se afastar sozinha em direcção à Baixa.
Descalçou-se e de pés nus e os sapatos de salto pendurados na mão, ainda com o peito a arfar de prazer pela romântica noite que acabara de viver, foi descendo pensativa a íngreme calçada do Quebra Costas.
Pisando as mesmas pedras frias por onde caminharam Menano, Goes, Bernardino, Zeca Afonso e tantos outros.
Estacou!
Pareceu-lhe ouvir um sussurro vindo das profundezas da calçada. Tensa, apurou os sentidos e, incrédula, ouviu este diálogo entre o calhau rolado, estranhamente mais tépido que os outros, e que o seu pé nu inexplicavelmente acariciava e o degrau de mármore da casa ao lado.
- Sou de rudes origens, nasci na Serra da Estrela e rolei na correnteza do Mondego até chegar a Coimbra onde me poli até ser colocado nesta calçada.
Por aqui passaram homens e mulheres insignes, ricos e pobres, sérios e desonestos, polícias e estudantes. Mas a nenhum deles jamais me afeiçoei.
Agora, porém, estou perdidamente apaixonado.
E tu meu caro mármore, como aqui vieste parar?
- Vim de Estremoz para embelezar os salões da Universidade, do Episcopado, dos Solares das familias burguesas.
Das sobras, fizeram-me degrau desta casa. Orgulho-me de conviver com a aristocracia, ao contrário de ti, pobre calhau rolado sem pergaminhos.
Mas nós as pedras não temos sentimentos. Não compreendo por isso, como dizes estar apaixonado! E por quem o estarias?”, perguntou-lhe trocista o mármore na sua frieza gélida.
O calhau rolado, ronronou, de coração palpitante, envolto num doce prazer e respondeu-lhe:
- Jamais, até hoje, tive a sensação da aveludada pele de um pé nu carinhoso e sensual a afagar-me, como agora mesmo o sinto.
O pé de uma bela mulher romântica, dona de uma voz incomparável, que ainda há pouco fez resvalar por estas pedras como água limpida e fresca, que só um frio e pedante mármore como tu não consegue sentir.
Sim, estou apaixonado por esta jovem e esbelta mulher!
Rui Felício
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Foto - Carlos Martins (2005) - olhares.com
21 setembro 2013
20 setembro 2013
Conversa de motorista de reboque
Bom, vou fazer-me à estrada. E tenho a certeza absoluta de que engato a gaja.
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