24 janeiro 2014
a funda são mora na filosofia [III]
Circulou há dias um vídeo, um TED, com uma speaker de seu nome Lizzie Velasquez, considerada por muitos como "a mulher mais feia do mundo" (a maioria das entradas do google com o seu nome referem este facto; mas a Lizzie está tão a borrifar-se para isto…). Nesse vídeo podemos ouvir a sua história de vida: portadora de uma doença rara que não lhe permite ganhar peso (INVEJA!), lutou desde o primeiro dia de vida contra os preconceitos - até dos médicos que a ajudaram a nascer - e por uma vida digna. Para além da doença rara, teve a sorte de ter uns pais ainda mais raros que nunca baixaram os braços e a amaram incondicionalmente.
Num outro registo de vídeo, também num TED, Maysoon Zayid, outra mulher rara, com uma paralisia fruto de um parto mal assistido, conta-nos como foi a sua vida, também ela de luta contra o preconceito dos médicos que, à partida, lhe eliminavam do horizonte de vida a possibilidade de andar, de ir à escola… de fazer tudo aquilo que nós gostamos de fazer.
Duas mulheres, raras.
Digam a verdade: estas mulheres dificilmente seriam tidas pelos nossos leitores como objectos de desejo, como mulheres atraentes - mas se e só se elas ficarem imóveis e coladas ao chão, sem abrir a boca. Se a sua imagem, por si, não causa arrebatamento… esperem até as ouvir falar. Esperem até à sua energia ser traduzida por palavras, carregadas de emoções, de estórias vividas na primeira pessoa, que nos fazem rir, que nos fazem chorar. E sentir uma beleza que, diria Saint Exupéry, é essencial e invisível aos olhos.
Numa era em que a imagem é (quase) tudo para todos (confessem… quantos filtros tem a vossa fotografia de perfil do facebook? thank god for instagram!) há que tirar o chapéu a mulheres como Lizzie e Maysoon que se assumem tal como são, ultrapassando preconceitos e arregaçando as mangas para xurdir (entenda-se, fazer pela vida). A sua vida é, diria Leibniz, a melhor das vidas possível.
Quanto a nós, resta-nos desejar ter, um dia, metade da coragem (sim, estas miúdas têm os ditos cujos no sítio, oh se têm), para enfrentar o mundo.
They are the beauty… e quem disser o contrário, esses são the beasts!