22 abril 2014
a funda são mora na filosofia [VI]
O poliamor. Todo um sururu nas redes sociais em torno da reportagem da SIC Notícias. Muito se escreveu sobre isto. Em vários canais de comunicação. Usam-se termos como mononormalidade, paternalista, sexista, feminista, activista. Fala-se de amor e destila-se ódio. Another day in Paradise, certo?
Confesso que não apreciei o tom da reportagem: aquela cena de braços abertos à beira Tejo e as tentações de Santo Antão a servir de pano de fundo são profundamente discutíveis. Esqueçamos a forma e dediquemo-nos ao conteúdo.
O próprio conceito de poliamor também é discutível - para quem mora na Filosofia, tudo pode ser a base de uma boa troca de conversa e de argumentos. Há algum tempo que me pergunto - e pergunto aos outros - se a monogamia não será um mito. Se não será, antes de mais, uma convenção social, como aquela coisa de termos todos que ir para a faculdade, comprar um carro, a casa - depois arranjar um homem simpático para casar e ter filhos para garantir que o nome da família se perpetua. E esta é uma pergunta abstracta, mas baseada em estórias de vida: pessoas que assumem uma relação socialmente e depois têm outra(s) às escondidas, pessoas que gostam de ter vários parceiros sexuais - e desconhecem o significado da palavra namorado. Pessoas que simplesmente assumem uma perspectiva de vida que vai AO encontro daquilo que sentem. E, como diria um amigo, eu respeito isso.
Respeito sobretudo se falarmos de uma relação poliamorosa, cuja base é o consentimento informado de todas as partes. O discurso dos poliamorosos da reportagem pareceu-me muito seguro e inteligível. Se gostei de os ver aos beijos no metro? Já tenho visto coisas no metro que são mais chocantes: pessoas que não usam desodorizante há pelos menos 2 dias, gente que quer entrar na carruagem sem deixar que os outros dela saiam... isso sim, é chocante.
E lembrem-se: quando estamos apaixonados, sentimos borboletas na barriga. BorboletaS. No plural. Mais do que uma.
Vejam a entrevista AQUI. E leiam cenas ALI e ACOLI. Reflictam e partilhem os vossos pensamentos na caixa de comentários.