sabia onde vivia o amor, quando o amor sabia a cerejas bravas
no coração dos dedos. habitava uma casa azul, telhas aladas
contra o céu e os cirros das imagens que trazia nos olhos.
sabia onde vivia o amor, quando as nuvens sabiam voar
e me deixavas ir até onde as cerejas bravas coloriam
imagens de rubra paixão; nesses dias, as ondas
dos cílios desenhavam contrabaixos na pele
de todos os silêncios. pensava saber
onde viviam as flores, e o vermelho
do fogo por extinguir com os
lábios. sobram as vertentes
úmbrias da memória
das mãos sobre
as rubras
cerejas.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto