54 minutos e 23 segundos de casais a beijarem-se na boca
31 maio 2015
Luís Gaspar lê «O Beijo» de Paul Éluard
Ainda toda quente da roupa tirada
Fechas os olhos e moves-te
Como se move um canto que nasce
Vagamente mas em toda a parte
Perfumada e saborosa
Ultrapassas sem te perder
As fronteiras do teu corpo
Passaste por cima do tempo
Eis-te uma nova mulher
Revelada até ao infinito.
(Tradução de Egito Gonçalves)
Paul Éluard
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Com uma volta na ponta
Valha a verdade que ele é bom numa coisa: a penetrar-me como se não houvesse amanhã e esse fosse o seu único objectivo de vida. É daquelas recordações que me intumescem e humedecem mas aceitar um ex de volta parece-me um resto de comida requentada no microondas e creio piamente que ele só quer regressar para entrar por mim adentro.
Não me esqueço da seca da canja de galinha refeição sim, refeição não nem das noitadas pelas discotecas que se até são uma coisa pela qual me pelo e que me dão vontade de despir todinha depois metiam pelo cano toda a intimidade com o séquito que ele carregava para todo o lado como se para ser homem não lhe bastasse estar comigo e precisasse de umas quantas cabeças de cães de carro dos anos sessenta a acenar à velocidade do condutor. Já para não falar que tive de contratar mais cozinheiras para estar sempre uma de serviço a qualquer hora e um gajo a tempo inteiro para tratar da piscina que até valia o dinheiro que lhe pagava por mor de bem me lavar as vistas com aquele torso nu de inverno ou de verão de uma musculatura segura de vinte e tais aninhos. Uma tenrura que fazia salivar o palato de qualquer uma.
Ora como sou prática, vou antes ser accionista da farmácia por via da compra de preservativos de todas as cores e sabores e deixo-o reaparecer mas apenas em unidose.
Não me esqueço da seca da canja de galinha refeição sim, refeição não nem das noitadas pelas discotecas que se até são uma coisa pela qual me pelo e que me dão vontade de despir todinha depois metiam pelo cano toda a intimidade com o séquito que ele carregava para todo o lado como se para ser homem não lhe bastasse estar comigo e precisasse de umas quantas cabeças de cães de carro dos anos sessenta a acenar à velocidade do condutor. Já para não falar que tive de contratar mais cozinheiras para estar sempre uma de serviço a qualquer hora e um gajo a tempo inteiro para tratar da piscina que até valia o dinheiro que lhe pagava por mor de bem me lavar as vistas com aquele torso nu de inverno ou de verão de uma musculatura segura de vinte e tais aninhos. Uma tenrura que fazia salivar o palato de qualquer uma.
Ora como sou prática, vou antes ser accionista da farmácia por via da compra de preservativos de todas as cores e sabores e deixo-o reaparecer mas apenas em unidose.
Pau liteiro
Fui buscar-lhe uma bebida e chamou-me pau mandado. Mal ela sabia que depois de a levar a casa eu seria um pau-mamado.
Patife
@FF_Patife no Twitter
30 maio 2015
Postalinhos da Turquia - 7
"Mesa e bancos de um dos refeitórios de um complexo monástico escavado na rocha («tufo») na Capadócia, agora Museu ao Ar Livre de Göreme, que faz parte da lista de Património Mundial da UNESCO desde 1984. A forma da mesa parece-me... familiar..."
Paulo M.
Paulo M.
«As palavras que ele nunca disse» - por Rui Felício
Queimavam-lhe a boca, afloravam-lhe aos lábios, mas no último instante retraía-se, engolia-as. Mil vezes as tinha ensaiado, outras tantas as tinha ocultado. Tímido, perdia-se em conjecturas, adiava sempre o momento de as proferir, enganando-se a si próprio sobre as circunstâncias ideais para o fazer. Inseguro, receava que, ao dizê-las, fosse alvo do escárnio daquela a quem as queria oferecer. Desconfiava das certezas aparentes que todos os sinais lhe indiciavam e que o aconselhavam a decidir-se. Porque lhe tinham ensinado que a certeza absoluta depende da verificação de todas as premissas como hipótese condicional. Bastaria o antagonismo de uma única premissa desconhecida dele, para que a certeza absoluta aparente, que os indícios lhe pareciam garantir, se desvanecesse.
Os anos passaram. Muitos, muitos anos…
Essa aflitiva obsessão foi-se esbatendo com o tempo, gravada num lugar remoto do cérebro, de onde cada vez mais raramente saía. Por instantes breves, como fogacho etéreo, incaracterístico, suave, rápido, como página de um livro que teimosamente se abre sempre nessa mesma folha.
Questionava-se, sempre que isso acontecia, sobre se algum dia as devia ter dito. A razão dizia-lhe que tinha feito bem em as ocultar, o coração dizia-lhe o contrário. A realidade mostrava-lhe que o tempo já tudo tinha curado, que não era altura de manter tais recordações.
Nunca mais se tinham encontrado. Nada sabiam da vida um do outro. Décadas de separação eram o cimento que fechava as suas vidas como túmulos.
Mas inesperadamente encontraram-se.
Ele ficou a saber então que ela todos os dias tinha esperado por essas palavras.
Mas não era agora o momento para serem ditas. Tornavam-se desnecessárias…
Porque, afinal, ambos as conheciam. Desde sempre!
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Os anos passaram. Muitos, muitos anos…
Essa aflitiva obsessão foi-se esbatendo com o tempo, gravada num lugar remoto do cérebro, de onde cada vez mais raramente saía. Por instantes breves, como fogacho etéreo, incaracterístico, suave, rápido, como página de um livro que teimosamente se abre sempre nessa mesma folha.
Questionava-se, sempre que isso acontecia, sobre se algum dia as devia ter dito. A razão dizia-lhe que tinha feito bem em as ocultar, o coração dizia-lhe o contrário. A realidade mostrava-lhe que o tempo já tudo tinha curado, que não era altura de manter tais recordações.
Nunca mais se tinham encontrado. Nada sabiam da vida um do outro. Décadas de separação eram o cimento que fechava as suas vidas como túmulos.
Mas inesperadamente encontraram-se.
Ele ficou a saber então que ela todos os dias tinha esperado por essas palavras.
Mas não era agora o momento para serem ditas. Tornavam-se desnecessárias…
Porque, afinal, ambos as conheciam. Desde sempre!
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
«O meu amante de domingo» de Alexandra Lucas Coelho
Um livro delicioso, que recomendo e poderão eventualmente ainda encontrar à venda.
É o nº 1786 da minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
É o nº 1786 da minha colecção.
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29 maio 2015
«Como seria?» - João
"A tristeza apoderara-se dele, de olhar fixo numa estrutura próxima, visível da janela, que servia apenas para pendurar os olhos e não para efectivamente ver. Era só uma âncora, um substituto do infinito. Naquele momento pensou como seria se tivesse sido ele, como seria se tivesse sido ela. Que arrependimento, que forma de vazio teria tomado quem cá ficasse, que sensação de desespero ou angústia de irreversibilidade teria deitado por terra quem aqui ficasse enquanto o outro se dissolvia. A tristeza apoderara-se dela, pensando como seria se tivesse ido, ou se ele tivesse ido, que dor causaria a ausência verdadeira, aquela que não se finge nem provoca, aquela que é imposta e que arranca. De um lado e do outro, cada um à sua maneira, pensaram que não havia preço tão alto, que nenhum pecado, julgamento ou opinião podia obrigar a tal, e falaram-se para dizer olá, que bom ouvir-te de novo!"
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
28 maio 2015
«conversa 2118» - bagaço amarelo
Eu - Não concordo nada com isso.
Ela - Podes não concordar, mas é verdade. O meu marido, por exemplo, não era um homem especialmente bonito quando o conheci. Tornou-se bonito pela maneira de ser...
Eu - Eu percebo isso perfeitamente. Acho que os homens também têm essa capacidade.
Ela - Já te aconteceu interessares-te por uma mulher menos bonita fisicamente, apenas porque a achaste inteligente?
Eu - Já, claro que já. Contigo, por exemplo.
Ela - Comigo?!
Eu - Sim.
Ela - Ah! Meu sacana. Então não me achas bonita?!
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
«Pró Stress»
Garrafa de vidro com rolha de cortiça, contendo figuras em madeira colocadas e coladas no interior peça a peça - dois homens e uma mulher num ménage à trois.
Comprada na feira das Cantarinhas, em Bragança, para a minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Comprada na feira das Cantarinhas, em Bragança, para a minha colecção.
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27 maio 2015
Edital de Seleção
EDITAL 01/2015
PROCESSO SELETIVO PARA VAGAS AO CORAÇÃO DA CHAMA A MAMÃE 2015/2050
Chama a Mamãe, pessoa física de nenhum direito público, mas somente privado, de acordo com as Resoluções complementares pertinentes emanadas da Comissão Nacional dos Direitos das Mulheres Tesudas (CNMT), abre inscrição e estabelece normas ao Processo Seletivo para seleção dos candidatos ao preenchimento de vagas ao coração desta pessoa, para o ano 2015, sem observar quaisquer disposições estabelecidas nos diplomas legais vigentes, mas tão somente as regras e condições contidas neste edital.
1. DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
1.1. O Processo Seletivo Público será regido por este Edital e executado pelo blog afundaSão - ® serviço público, no endereço eletrônico http://blog.afundasao.com.
1.2. O Processo Seletivo destina-se a selecionar candidatos para o provimento da vaga a seguir discriminada:
Pessoa do sexo masculino – só serve se for macho de verdade, com qualquer idade acima dos 40 anos, sem limite; não importando cor, nacionalidade, se é careca, se é barrigudo, se tem bigode.
1.3. Todo e qualquer documento, petição, recurso ou requerimento relacionado a esse Processo Seletivo deverá ser entregue, nas datas e horários determinados pelas normas do Edital, pessoalmente ou por procurador devidamente constituído, no endereço eletrônico http://blog.afundasao.com, em qualquer dia da semana, em qualquer horário.
1.3.1 O blog não fará qualquer comunicado, convocação ou dará resposta a recursos e petições, por qualquer outro meio ou mídia.
1.4. Recomenda-se a leitura atenta de todo o Edital antes de realizar a inscrição, para não incorrer em desistência, após a inscrição.
2. DOS PRÉ-REQUISITOS PARA INSCRIÇÃO NO PROCESSO SELETIVO
2.1. O candidato declara, no momento da inscrição, atender aos pré-requisitos abaixo relacionados:
Ter idade acima dos 40 anos, sem limite; Ser macho (não vale mulher, porque de TPM basta a selecionadora. Portanto, que não se candidate a administradora do blog afundaSão - ® serviço público, porque é lésbica e deve ter TPM!); Ter muito gosto (e tesão) para fazer amor (mas se quiser fazer sexo também é permitido); Ter disposição para sexo a qualquer tempo, a qualquer hora; Saber beijar bem gostoso, que o próprio ato de beijar já seja um orgasmo; Saber abraçar demoradamente, mas desabraçar no momento em que for dormir, para não haver sufocação; Gostar pra cacete de preliminares; Gostar, ainda mais, de carinhos durante e depois das relações sexuais; Não repetir a todo instante que ama, mas provar por atos e atitudes, como presentear todos os dias com um anel de brilhantes, ou um poema, ou um carro, ou um jantar à luz de velas (mas não serve roubar dos cemitérios as velas!); Saber presentear com algo simples, como convidar para admirar o ocaso, mas nunca por acaso; Saber manusear as mãos, os dedos, a língua. (considerando que esses atributos podem ser “levantados”, mesmo que não mais possua aquela exuberante potência sexual); Saber dialogar; Saber ouvir; Saber ficar em silêncio; Gostar de música, mas não qualquer música; Saber tocar um instrumento, mas punheta só mesmo quando a degustar uma, com bacalhau onde se veja também a cabeça (do bacalhau, também). Gostar de rir; Chorar, quando sentir vontade; Deve ser sensível às mazelas do mundo, mesmo que não possa fazer muito para amenizá-las. Deve ser um homem, enfim.
2.2 Não há necessidade de Diplomas. Muitos, com doutoramento, não têm as habilidades requeridas (mal sabem usar a Língua!). Basta querer aprender, além do que a vida já ensinou.
3. DA (NÃO) REMUNERAÇÃO
3.1 Os candidatos não farão jus a nenhuma mesada mensal, porque serão sustentados pela selecionadora. Mas poderão pagar com outro tipo de "moeda", como: fazer com que a selecionadora vá ao Céu, veja estrelas ou suba pelas paredes, durante o ato sexual. Que provoque gemidos e uivos, se for o caso.
4. DA INSCRIÇÃO NO PROCESSO SELETIVO
4.1. A participação, no presente Processo Seletivo, iniciar-se-á pela inscrição, que deverá ser efetuada no prazo e nas condições estabelecidas neste Edital.
4.2. O candidato ao inscrever-se, estará declarando sob as penas da galinha poedeira que preenche todos os requisitos exigidos.
4.3 Para efetivar a sua inscrição o candidato deverá seguir os seguintes passos:
a) Não realizar pagamento de taxa de inscrição.
b) Comparecer pessoalmente ao Serviço de Seleção, para provas orais (não sexo oral!) de segunda a segunda, em qualquer hora do dia (e da noite!), horário oficial da Cidade que fica abaixo da Linha do Equador, “brasil”, Brasil.
c) Não será aceita a inscrição em outras “especialidades”, como: mal-humorado, carrancudo e rabugento.
4.4. É vedada a inscrição condicional, extemporânea ou por qualquer outra via não especificada neste Edital.
4.5. Os candidatos que necessitarem de condições especiais para a realização da prova oral (não sexo oral!), amparados por legislação em vigor, deverão informar no momento da inscrição sua necessidade. O despacho dos referidos requerimentos será publicado no mencionado endereço eletrônico.
4.6.O sexo oral só será realizado, após aprovação da prova prática, sendo mais um fator de exclusão do candidato.
4.7. Em havendo empate, será aprovado o candidato que demonstrar "maior" habilidade com o uso da ferramenta.
4.6.O sexo oral só será realizado, após aprovação da prova prática, sendo mais um fator de exclusão do candidato.
4.7. Em havendo empate, será aprovado o candidato que demonstrar "maior" habilidade com o uso da ferramenta.
4.8 A inscrição implica no conhecimento e aceitação das regras e condições estabelecidas no subitem 1.1 deste Edital.
5. DA CONFIRMAÇÃO DAS INSCRIÇÕES
5.1. A confirmação do deferimento das inscrições será publicada no endereço eletrônico mencionado no subitem 1.1.
6. DAS ETAPAS DO PROCESSO SELETIVO
6.1 O Processo Seletivo de que trata esse edital será realizado em 02 (duas) etapas, em atendimento à Resolução da Comissão Nacional dos Direitos das Mulheres Tesudas (CNMT), Nº 69, de 02/05/2014, de caráter classificatório e eliminatório.
6.1.1 Primeira etapa: Exame oral (não é sexo oral!) com questões objetivas, peso 90 (noventa), no cálculo da média final.
6.1.2 Segunda etapa: Prova prática de abraço, de beijo, de preliminares e resultados finalísticos. A arguição oral de Curriculum Vitae terá peso 07 (sete) no cálculo da média final e a análise de Curriculum Vitae terá peso de 03 (três).
6.1.3 O tempo de duração da prova prática será ilimitado, podendo ser levada em consideração somente a disposição do candidato para o(s) ato(s).
6.1.4 Os candidatos não poderão trazer para o local de prova qualquer material que camufle a sua potência sexual, como vibradores, porque isso anulará a análise do requisito fundamental do candidato: saber usar a ferramenta “pessoal” que está plugada em seu corpo.
6.1.5 É vedado ao candidato, durante a realização da prova, ausentar-se da sala para folhear revistas pornográficas ou vídeos pornôs.
6.1.6 Nenhum candidato poderá realizar a prova prática em menos de 1 (uma) hora, sob pena de ser desclassificado por ejaculação precoce.
6.1.7 Serão desclassificados, na segunda etapa, candidatos que não conseguirem levantar a ferramenta principal – o pênis - por 5 (cinco) vezes em, pelo menos, no período de 1 (uma) hora.
7. DA HOMOLOGAÇÃO E VALIDADE DO PROCESSO SELETIVO
7.1. O prazo de validade do presente Processo Seletivo encerra-se no dia 30 de fevereiro de 2050.
Chama a Mamãe Coordenadora da Comissão Nacional dos Direitos das Mulheres Tesudas (CNMT) |
26 maio 2015
Não confundir física com físico!
Não quero, de todo, compreender as mulheres. Se tivesse capacidade para raciocínios complexos tinha embicado para a física quântica.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
Postalinhos da Turquia - 6
"Caixas de enxoval, baús tradicionalmente usados na Turquia rural para as noivas levarem o seu enxoval. Os materiais e decorações utilizados variavam muito... e alguns dos baús revelavam desejos (sub)conscientes das noivas..."
Paulo M.
Paulo M.
Fauno e rapariga com cacho de uvas
Conjunto de duas peças em bronze colorido, permitindo a colocação em diversas posições.
Uma brincadeira deliciosa, na minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Uma brincadeira deliciosa, na minha colecção.
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25 maio 2015
«Fica» - João
"Adormece denso o nevoeiro na rua, caindo sobre as pessoas e as coisas, demorando-se no ar a espalhar humidade, uma humidade diferente da nossa, molhados um do outro deitados naquela cama, a tua perna sobre mim, os nossos corpos cansados e as minhas mãos a sentir-te a pele, essa pele, e eu dei sinais que precisava levantar-me, que era hora de desaparecer a coberto do nevoeiro denso, e as tuas pernas fecharam-se no meu corpo e os braços apertaram-me, as tuas mãos em mim e a dizeres-me que não vá, não vás, mas tenho de ir, não quero mas tenho de ir, e não vás, repetes, que não fosse. Que nunca mais fosse, que ficasse ali contigo, e voltas-te na cama ficando sobre mim, o teu corpo sobre o meu, os teus cabelos no meu rosto enquanto me beijavas e depois no meu ouvido o amo-te, o sou tua, fica aqui comigo e não entres no nevoeiro, não troques a minha humidade pela da rua, não te diluas lá fora para longe do meu olhar, do meu calor, da nossa cama, deixa-te ficar, que te quero aqui, e rodamos, estamos deitados lado a lado, a olhar-nos na penumbra de uma madrugada que chega ao fim, a acariciar-nos na pele quente, com os nossos pés juntos, as nossas mãos a encontrar-se, e o nevoeiro lá fora a cair sobre as pessoas e as coisas, mas não sobre nós."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
Postalinhos da Turquia - 5
"Chaminés de fada, na Capadócia. Cones de pedra macia («tufo») encimados por uma rocha de basalto."
Paulo M.
Paulo M.
24 maio 2015
Luís Gaspar lê «Suavíssima» de Cecília Meireles
Os galos cantam, no crepúsculo dormente…
No céu de outono, anda um langor final de pluma
Que se desfaz por entre os dedos, vagamente…
Os galos cantam, no crepúsculo dormente…
Tudo se apaga, e se evapora, e perde, e esfuma…
Fica-se longe, quase morta, como ausente…
Sem ter certeza de ninguém… de coisa alguma…
Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente,
De um mal sem dor, que se não saiba nem resuma…
E os galos cantam, no crepúsculo dormente…
Os galos cantam, no crepúsculo dormente…
A alma das flores, suave e tácita, perfuma
A solitude nebulosa e irreal do ambiente…
Os galos cantam, no crepúsculo dormente…
Tão para lá!… No fim da tarde… além da bruma…
E silenciosos, como alguém que se acostuma
A caminhar sobre penumbras, mansamente,
Meus sonhos surgem, frágeis, leves como espuma…
Põem-se a tecer frases de amor, uma por uma…
E os galos cantam, no crepúsculo dormente…
Cecília Meireles
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Maldita partícula!
Essas tuas pupilas a gotejarem sensualidade como se os espermatozóides te subissem dos capilares até à menina-do-olho feita glande deixam-me excitada logo pela manhã. O teu cabelo espetado de gatinho a aninhar-se entre as minhas coxas, mesmo à mercê das minhas mãos, como num close-up, para me mimosear com uma balada de sons guturais entre lambidelas percorre-me o corpo numa urgência de acção para te beijar na boca e rapidamente descer em linha recta para a guloseima e, num grande plano, agarrá-la com ambas as mãos na ânsia de a sugar toda enquanto os meus dedos pardalitam pelo meio das tuas pernas a tocar um quero, quero-te, quero-te todinho. As tuas mãos, em avaliações sucessivas da copa dos meus seios, puxam-me para te entronizares canoísta das minhas zonas húmidas, em tentativas sucessivas de canal abaixo canal acima como se fosses um gondoleiro a entoar vem, vem, vem comigo, até o meu indicador nos lábios entreabertos te dar a indicação para alapares as mãos nos meus quadris, com as nádegas como vista, e após a palpação prévia subires uns centímetros o barco para vogar no estreito e completar a trilogia clássica da boca, cona e cu.
Mas saciados que estamos do fascínio mútuo do nosso argumento convirás que uma mulher não é de ferro e, em vez da dopamina do skype matinal faz-me falta noitadas ao vivo e a três dimensões.
Meretriz do sim
Apesar do afoito e impensado "sim", não fiquei arrependido porque tenho a certeza que será uma boa forma de atrair mais mafarricas aqui para o meu pincel, ele que já devia ser canonizado por ter metido mais gajas de joelhos que qualquer peregrinação a Fátima.
E assim começam as crónicas no Desblogue d´Elite.
Encontramo-nos lá? (Ou na minha cama, é como preferirem. De preferência na minha cama).
Patife
@FF_Patife no Twitter
23 maio 2015
«São insondáveis os desígnios da Justiça» - por Rui Felício
O Carlos era um bom homem. Respeitador da lei e das obrigações sociais e conjugais. Mas a sua ingenuidade e credulidade eram muitas vezes motivo de chacota por parte de quem o conhecia bem...
Por isso interrogava-se, e da mesma forma o faziam os seus amigos, por que razão um dia a Fernanda, sua mulher, sem mais nem menos, o acusou de adultério exigindo-lhe o divórcio. A ele, que nunca conhecera sexualmente nenhuma outra mulher para além da Fernanda!
Estarrecido, e desta vez incrédulo, assistiu no tribunal ao modo como o Juiz permitiu, magnânimo, ao advogado da sua mulher interrogar, alegar, argumentar, ao mesmo tempo que, com ar intimidatório, lá do alto da sua cátedra, impedia o inexperiente e jovem advogado oficioso que tinha sido nomeado para o defender, de desempenhar o seu papel, interrompendo-o a cada palavra sua, desfazendo-lhe todas as tentativas de promover a sua defesa.
A Fernanda enunciou, perante o ar benevolente do Juiz, com inteira liberdade, uma por uma, as acusações de adultério que lhe fizera e quando ele procurou negá-las o Juiz mandou-o calar, dizendo-lhe que já estava suficientemente esclarecido...
O Juiz decretou o divórcio! E por efeito dele, a divisão dos bens do casal, como é de lei. Ainda por cima, todos esses bens tinham sido adquiridos com o seu exclusivo trabalho...
Felizmente não havia filhos, o que evitou a discussão sobre a quem caberia a sua guarda...
Passado algum tempo, o Carlos descobriu que o Juiz que o condenara era, desde há muito, amante da Fernanda e entendeu então a razão da sua rápida condenação sem provas, sem direito a defesa, a partilha dos bens...
Revoltado, congeminou a vingança e certa noite invadiu a casa do Juiz e matou-os aos dois enquanto dormiam. Entregou-se à polícia, confessou o duplo homicídio e voltou a ser julgado no mesmo Tribunal onde antes tinha sido injustiçado, dizendo para os seus botões: - Ao menos agora serei condenado com justiça!
O ingénuo Carlos enganou-se de novo. O Tribunal absolveu-o por considerar que o que ele fez foi para lavar a sua honra. Uma espécie de legítima defesa e, como tal, sem responsabilidade criminal.
Vá-se lá entender a Justiça!
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Por isso interrogava-se, e da mesma forma o faziam os seus amigos, por que razão um dia a Fernanda, sua mulher, sem mais nem menos, o acusou de adultério exigindo-lhe o divórcio. A ele, que nunca conhecera sexualmente nenhuma outra mulher para além da Fernanda!
Estarrecido, e desta vez incrédulo, assistiu no tribunal ao modo como o Juiz permitiu, magnânimo, ao advogado da sua mulher interrogar, alegar, argumentar, ao mesmo tempo que, com ar intimidatório, lá do alto da sua cátedra, impedia o inexperiente e jovem advogado oficioso que tinha sido nomeado para o defender, de desempenhar o seu papel, interrompendo-o a cada palavra sua, desfazendo-lhe todas as tentativas de promover a sua defesa.
A Fernanda enunciou, perante o ar benevolente do Juiz, com inteira liberdade, uma por uma, as acusações de adultério que lhe fizera e quando ele procurou negá-las o Juiz mandou-o calar, dizendo-lhe que já estava suficientemente esclarecido...
O Juiz decretou o divórcio! E por efeito dele, a divisão dos bens do casal, como é de lei. Ainda por cima, todos esses bens tinham sido adquiridos com o seu exclusivo trabalho...
Felizmente não havia filhos, o que evitou a discussão sobre a quem caberia a sua guarda...
Passado algum tempo, o Carlos descobriu que o Juiz que o condenara era, desde há muito, amante da Fernanda e entendeu então a razão da sua rápida condenação sem provas, sem direito a defesa, a partilha dos bens...
Revoltado, congeminou a vingança e certa noite invadiu a casa do Juiz e matou-os aos dois enquanto dormiam. Entregou-se à polícia, confessou o duplo homicídio e voltou a ser julgado no mesmo Tribunal onde antes tinha sido injustiçado, dizendo para os seus botões: - Ao menos agora serei condenado com justiça!
O ingénuo Carlos enganou-se de novo. O Tribunal absolveu-o por considerar que o que ele fez foi para lavar a sua honra. Uma espécie de legítima defesa e, como tal, sem responsabilidade criminal.
Vá-se lá entender a Justiça!
Rui Felício
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Segredo das Caldas
Boneca das Caldas da Rainha com um segredo: por debaixo da saia, sai uma garrafa... das Caldas.
Um dos muitos segredos da minha colecção.
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22 maio 2015
Postalinhos da Turquia - 4
"Pilar fálico do período romano, no jardim do Museu das Civilizações da Anatólia, em Ankara."
Paulo M.
Paulo M.
«Lembras-te das palavras que disseste?» - João
"Havia luz. Tenho dificuldade em dizer de onde, admito que da rua fria, talvez dos candeeiros lá fora, mas os nossos olhos já estavam habituados à escuridão, os nossos corpos já se tinham agredido com amor tantas vezes, e nenhuma promessa de descanso era cumprida, era só um processo de intenções que ficava pelo caminho. Na verdade, pensando nisso, o cansaço sobreveio variadas vezes, diria que a vontade na alma era muitas vezes mais forte que a força no corpo, mas havia luz, ténue mas luz. E aquele calor imenso. Lembras-te? Lembras as palavras que disseste? Porque elas ecoam sempre e em toda a parte."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
21 maio 2015
Postalinho mais picante
"No ano passado mandei-te uma ou duas fotos deste cacto, só com a coroa de flores.Este ano ele está muito mais bonito, com os apêndices que entretanto nasceram e estão também floridos...
Beijocas
Teresa B."
Beijocas
Teresa B."
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