"Entra em mim, entra fundo. Entra na minha cona como se o teu caralho separasse as águas do Mar Vermelho. Não. Esquece esse. O Atlântico. Entra em mim como se o teu caralho separasse o Atlântico em dois, ganha o espaço das minhas pernas que abro para te receber, o ar que sinto beijar-me a cona quando me exponho para te ter dentro de mim, para te sentir magoar-me um bocadinho, quando te empurras, deslizas, escorregas em mim, para lá do espaço que existe. Deve ser isto que me diz que estou viva. Esta dor muda, este picar dos sentidos, talvez seja isso que me resgata desta passagem feroz de um tempo em que parece que nada mexe, como se vivesse numa bolha, como se as coisas fossem intrinsecamente desfocadas. Talvez seja isso, talvez tu me resgates de tudo isso, talvez me dês vida. É possível, penso para mim enquanto me fodes, que me faças sentir coisas que não sabia ou não acreditava que existissem. Ou que existissem para mim. Que lhes tivesse direito, que lhes pudesse chegar, de tão habituada à ausência, ao levar por levar nestes dias de segundas linhas, segundas vidas. E talvez me vença o medo. O medo de que isto seja tão bom que não possa durar, ou não possa ser verdade, e acorde triste um dia, devolvida a uma foda que não me pica, não me dói, não separa o Atlântico em dois, me faz da cona um veículo para algo que explode e passa, sem deixar marca. Em mim. Em ti. Em nada."
João
Geografia das Curvas