uma caralhada a postos
um desassombro à ilharga
um poema sem maneiras
uma voz tão gutural quanto a ideia acendida
um Colombo em Portugal de próstata escafedida
era uma causa
outra causa
e três causas a voar
uma dele e outra dele
e outra mais a acompanhar
um destino
um desatino
a vida a fazer o pino
um Pedro e um Laranjeira
onde pedras e laranjas eram de certa maneira
um cúmplice em cumplicidades
um sacrista dos demónios
ânimo de erguer cidades
sem curar dos heterónimos
um grito rouco que valha
o fio de uma navalha
por ser a vida um truísmo
por dá-cá-aquela-palha
um cigarro natural como quem faz naturismo
um estar ocidental com muito de africanismo
era o Pedro e
afinal
se quisermos guardar dele o melhor que alguém queira
basta lembrá-lo entre nós como Pedro
o Laranjeira!
- Jorge Castro, em memória e homenagem a alguém com quem trocou palavras aos molhos sob a forma de poema, em sítios de desvarios e sempre que houvesse gente de ouvir e de valer a pena.