Das dores de que falamos quando falamos de Amor, a do coração é a mais conhecida. O coração dói-nos quando o Amor também nos dói. Há também quem fale na dor que sente no peito, quando a palavra "coração" parece demasiado específica e pequenina para falar de Amor. Depois vem a dor de corno, quando o Amor que falhou partiu para parte incerta e nós nos zangámos com o mundo.
Quanto tu me faltas eu falo da dor de pescoço, uma dor de que ninguém fala não sei porquê. Talvez nunca tenha sido diagnosticada nos Amantes falhados apesar de, tenho a certeza, ser bastante comum. É a dor da falta da tua cabeça encostada ao meu pescoço, num abraço que sempre me pareceu o mais bem encaixado do universo. A tua cabeça encostava ao meu pescoço como a peça de um puzzle. Sabes aquela parte redonda que encaixa de forma perfeita na peça ao lado? Era isso... depois abraçava-te e ficávamos assim...
Às vezes, quando estou sozinho e me lembro de ti, vem-me essa dor de pescoço que é também a minha dor de Amor. As dores do Amor são sempre dores de uma parte qualquer do nosso corpo, porque é no corpo que o Amor carimba o tempo que passa.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»