[a propósito deste post da Chama a Mamãe, já de há 2 anos, sobre o uso de vernáculo, houve este comentário que por lapso ficou no baú dos rascunhos]
Pois...
Também me satisfaz um "vai-te foder" quando me dano com alguém, também não me consigo rir de anedotas sem asneirada da "grossa", também solto um "tou fodido" cada vez que abro uma carta da finanças, também me delicio na esplanada a comentar uma "bela peida" que vá passando, também berro uns bons "ah caralho que me venho" durante o sexo.
E, realmente, quando martelo um dedo, o meu cérebro não me comanda a boca para dizer "ai penetração vaginal para este excremento que me doeu". Mas não consigo entender quem numa frase de dez palavras e sem qualquer lógica tenha de usar um "foda-seeee" e dois "caraaaalho". Sobram 7 palavras e raramente fazem qualquer sentido.
Sim, sempre considerei que o "vernáculo", a "asneira", a "grosseria" (chamem-lhe o que quiserem) faz parte integrante de uma língua. Sempre gostei de saber a origem, o porquê, das palavras, sejam elas quais forem. Mas também nunca irei considerar que, pelo facto de vários intelectuais (alguns que muito admiro) - o último que me lembre e que fez furor foi o Miguel Esteves Cardoso - defenderem isso, se deva usá-la ad-hoc e sem enquadramento algum. A língua, efectivamente, nunca será "mal-educada". O uso estúpido e abusivo dela é que muita vez o é.
EmZe