26 fevereiro 2018

«Sobre 2016: o ano da minha revolução! (3)» - Cláudia de Marchi

(...) Logo, eu aprendi neste ano que falta muito para os homens e mulheres evoluírem e deixarem o egocentrismo de lado, que falta muito para haver sororidade entre as mulheres, aprendi que é fácil apedrejar a Geni enquanto segura a cria no braço direito, afinal em nome da "sociedade, família e bons costumes" você tinha que parir para ser adequada às exigências da hight society (que há anos esta cada vez mais down!) e formar uma hipócrita família feliz de foto no álbum de família e Instagram.
Ou seja, 2016 foi o ano em que vim sozinha com uma mala (com excesso de bagagem, claro) para a capital federal, aluguei um flat, provei a quem comigo conviveu que nem toda acompanhante é o estigma que delas se "tem". Vivi sozinha, amadureci sozinha e cresci, em todos os aspectos, sozinha!
E, hoje, com a minha seletividade, carta de clientes, alegria e paz de espírito eu só posso dizer: antes vender meu tempo por sexo e diálogos com verdadeiros lords, belos e em sua maioria mui joviais, do que vender minha existência a um casamento baseado na carência de ter alguém para chamar de "meu", ter uma vida infeliz e eterno medo da solidão!
Eu aprendi a ser uma mulher inteira, a não ter vergonha do que faço, pois não é desonesto, aliás, é mais honesto do que o proceder de muitos ex-colegas advogados ou professores. Eu aprendi que o empoderamento gera arremesso de pedras, mas também gera reação, luta e coragem. Eu aprendi a ter poder, ainda que tentem me diminuir. Eu aprendi a dizer "me deixa e não se apaixone por mim, não admiro homens infiéis" para muitos daqueles que me ofereceram viagens e sustento em troca de exclusividade.
Eu aprendi que não ser "exclusiva" não tem a ver com não ser leal, eu aprendi que sentimentos superam machismo e conceitos toscos de amor.
Eu aprendi a deixar entrar em mim quem eu quero e a colocar o meu coração, numa gaveta separada e distante, na qual só insiro quem for muito, muito especial!
Eu aprendi que a hipocrisia me causa mais ojeriza do que eu imaginava, pois já ouvi de várias pessoas que devo arranjar um "coroa" rico para me "sustentar". Logo eu pensava: será que as pessoas pensam que a mulher, como um objeto decorativo ao lado de um velho, é mais decente do que uma independente e empoderada acompanhante de luxo? Ou será que as pessoas me acham com cara de reumatismo? Eu gosto de sexo sem Viagra gente! Dispenso cidadão que precisa de remédio pra ficar excitado comigo! Aliás, basicamente eu nem tenho clientes velhos!
Enfim, é socialmente aceito ser interesseira, casar por dinheiro, chamar o velhote de "meu amor" e ser "sustentada" como se inválida ou acéfala fosse, mas fazer sexo por dinheiro não, é "absurdo", é "indecente"! A bonitona que casou com o velhote 30 anos mais velho é a madame "digna" de respeito, não a chamam de "puta" ainda que ela tenha vendido o corpo, as suas manhas e as suas noites e todas as horas de seu tempo a um homem, não raras vezes, sem virilidade, humor e beleza.
Realmente, a sociedade é uma piada! Demoniza o sexo e sacraliza a união por interesse, deturpa a apetência sexual correlacionando-a à imoralidade, enquanto bate palmas para a imoralidade de juras de amor com base na falsidade.
E, sobretudo, eu aprendi que a opinião de pessoa alguma me interessa, me avilta, me afeta, porque deste corpo, mente, saúde e alma eu sei cuidar, e o faço muito, muito, muito bem, obrigada!
2016 foi o ano em que eu nasci para a vida adulta e contente, para alegria de quem me ama e desprezo dos miseráveis que me odeiam!

Simone Steffani - acompanhante de alto luxo!

2 comentários:

Uma por dia tira a azia