cabem todas as vozes
no peito ávido dos olhares
trilhados pelos caminhos longínquos
e pelas ondas.
cabem todas as mágoas
nos olhares das aves, e todas as aves
nos olhares das mulheres.
no desassossego do voo,
existes tu, folha caída de uma árvore
sem raízes. existes onde as águas
desassossegam o mar líquido
do ventre, e as folhas
perenes agitam
as sombras.
não existe nada, para além das aves,
e das ondas, e das sombras...
talvez existam as memórias,
as folhas caídas e
o que fomos ontem:. um homem,
e uma mulher - atraídos pelo vôo
das palavras que, por serem ditas,
soavam a eternidade.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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