preciso do silêncio,
das aves
e da solidão nomeada
pelas sílabas
largas
do vôo por fazer.
preciso da sombra que nasce
da insuspeita asa
da árvore
que traduz o ar
e perpetua a vida.
preciso, enfim, da asa branca
das névoas quando o mar
incendeia as arribas,
derruba os fósseis
e reencaminha o ímpeto de viver.
é sobre o totem vivo
da tua vontade que me ergo.
diz-me onde estás.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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02 fevereiro 2020
01 fevereiro 2020
«Os perigos da poesia» - Fernando Gomes
Todos os dias ia à biblioteca e era sempre o primeiro a chegar. Requisitava um livro de poesia e sentava-se virado para a entrada. Mal a porta se abria, descolava disfarçadamente os olhos das palavras, observando quem chegava. Se não fosse uma mulher, voltava ao livro em menos de um segundo; se fosse, os olhos seguiam-na atentamente, na estéril tentativa de lhe ler a alma. Passou anos a fio nisto, entre poemas e sonhos, à espera da mulher da sua vida.
Um dia, tinha acabado de voltar da cafetaria onde engolira à pressa o rissol e o galão do costume, ela entrou. Ele não conseguia afastar os olhos daquela figura esbelta que distribuía ao mundo um sorriso sublime. Coincidência ou destino, ela sentou-se mesmo à frente dele. Foi aí que reparou: tinham pedido a mesma antologia poética. Tossiu secamente duas vezes. Ela ergueu cabeça, e ele arregalou os olhos para o livro dela, enquanto o indicador batia repetidamente na capa do seu. Ela sorriu, desta vez só para ele, e uma felicidade desmedida fê-lo tremer até aos ossos.
Não conseguiu ler nem mais um verso. Passou o tempo a rever mental e freneticamente tudo o que tinha planeado para tão ansiada ocasião: a pose, os gestos, as frases, o tom... Até à hora do fecho, os olhares cruzaram-se uma boa dúzia de vezes, tantas quantas ela lhe sorriu e ele corou violentamente, desviando a cara para o infinito, num infrutífero esforço de se mostrar alheio à omnipresença dela.
Quando a deusa saiu, seguiu-a. Já na rua, momentos antes de lhe falar, ainda compôs um pensamento eloquente em forma de quadra popular de métrica duvidosa:
Nem queria acreditar. Tinha encontrado a mulher da sua vida. Ela estava ali, a três metros. Avançou, emocionado e decidido, longe de imaginar que a perderia poucos minutos depois. Na realidade, não teve prosa para ela.
Fernando Gomes
Um dia, tinha acabado de voltar da cafetaria onde engolira à pressa o rissol e o galão do costume, ela entrou. Ele não conseguia afastar os olhos daquela figura esbelta que distribuía ao mundo um sorriso sublime. Coincidência ou destino, ela sentou-se mesmo à frente dele. Foi aí que reparou: tinham pedido a mesma antologia poética. Tossiu secamente duas vezes. Ela ergueu cabeça, e ele arregalou os olhos para o livro dela, enquanto o indicador batia repetidamente na capa do seu. Ela sorriu, desta vez só para ele, e uma felicidade desmedida fê-lo tremer até aos ossos.
Não conseguiu ler nem mais um verso. Passou o tempo a rever mental e freneticamente tudo o que tinha planeado para tão ansiada ocasião: a pose, os gestos, as frases, o tom... Até à hora do fecho, os olhares cruzaram-se uma boa dúzia de vezes, tantas quantas ela lhe sorriu e ele corou violentamente, desviando a cara para o infinito, num infrutífero esforço de se mostrar alheio à omnipresença dela.
Quando a deusa saiu, seguiu-a. Já na rua, momentos antes de lhe falar, ainda compôs um pensamento eloquente em forma de quadra popular de métrica duvidosa:
Dou graças a cada instante
À espera na biblioteca.
O dia está cintilante,
E a vida já não é uma seca.
Nem queria acreditar. Tinha encontrado a mulher da sua vida. Ela estava ali, a três metros. Avançou, emocionado e decidido, longe de imaginar que a perderia poucos minutos depois. Na realidade, não teve prosa para ela.
Fernando Gomes
Poemas políticos e eróticos
Livro de poesia de Anne Quetzal.
Editora Rosmaninho, 1ª edição, 2017.
Poesia nunca é demais... na minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook.
Editora Rosmaninho, 1ª edição, 2017.
Poesia nunca é demais... na minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
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> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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31 janeiro 2020
Sabes o que é um "Cabo"?
O DiciOrdinário ilusTarado explica:
Cabo– parte por onde se pega na ferramenta; dar _ - oferecer o instrumento a alguém que o mereça; de _ a rabo – opção de oferta.
Faz a tua encomenda aqui.
Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.
Cabo– parte por onde se pega na ferramenta; dar _ - oferecer o instrumento a alguém que o mereça; de _ a rabo – opção de oferta.
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Não façam filmes - Ruim
Quando estão em jantares, por vezes, quando olham à volta para toda a gente naqueles curtos e breves momentos em que ninguém está a falar convosco, não têm a ligeira sensação que estão todos a combinar uma orgia e que vocês não estão incluídos? Jantares de aniversário, baptizados, casamentos, fico sempre com essa sensação. Começo a alimentar esta ideia e procuro sinais que validem a minha teoria (e a do vinho), mas sem dizer nada a ninguém. A observar, caladinho, à procura do mais ínfimo e microscópio sinal de que a seguir vai haver depravidão total entre amigos, amigas, namorados, namoradas, a mãe de alguém que se lembrou de aparecer, um regabofe primitivo sem qualquer tipo de pudor ou respeito pelas regras de conduta social a que esta sociedade contemporânea nos obriga. E ali fico a sorver o meu copinho a planear quem vai ser a primeira, a segunda, por cima, por trás, até ser interrompido na minha linha de pensamento por uma rapariga desconhecida que me pergunta "estás a pensar no mesmo que eu?".
F#da-se, eu sabia. Eu logo vi que esta hárpia de perna fácil que se sentou ao meu lado transpirava a sexo casual com estranhos.
- Vamos todos f#der a seguir, não vamos? Qual Lux, qual quê...
- Eu ia dizer para dividirmos uma sobremesa, mas tudo bem...
Portanto, não façam filmes. É bom ter uma imaginação fértil, mas tenham calma.
Ruim
no facebook
F#da-se, eu sabia. Eu logo vi que esta hárpia de perna fácil que se sentou ao meu lado transpirava a sexo casual com estranhos.
- Vamos todos f#der a seguir, não vamos? Qual Lux, qual quê...
- Eu ia dizer para dividirmos uma sobremesa, mas tudo bem...
Portanto, não façam filmes. É bom ter uma imaginação fértil, mas tenham calma.
Ruim
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30 janeiro 2020
«Em cada momento partilhado contigo» - Áurea Justo
Oiço,
O som de uma porta que range
O som do vento quando uiva
Ou do comboio quando parte.
O som líquido de um bom vinho quando é servido no copo de vidro cristalino.
O som do fogo a crepitar na lareira,
Ou do mar enfurecido lá fora.
O som da chuva quando bate à janela,
Ou da tua respiração entrecortada quando fazemos amor.
O som de uma caixa de música quando vibra,
Ou de uma lágrima quando cai pela minha face.
O som das teclas do piano quando entoa a melodia do Amor!
Em cada momento partilhado contigo.
In Notebook
Áurea Justo
no Facebook
O som de uma porta que range
O som do vento quando uiva
Ou do comboio quando parte.
O som líquido de um bom vinho quando é servido no copo de vidro cristalino.
O som do fogo a crepitar na lareira,
Ou do mar enfurecido lá fora.
O som da chuva quando bate à janela,
Ou da tua respiração entrecortada quando fazemos amor.
O som de uma caixa de música quando vibra,
Ou de uma lágrima quando cai pela minha face.
O som das teclas do piano quando entoa a melodia do Amor!
Em cada momento partilhado contigo.
In Notebook
Áurea Justo
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Sex issue[s]
Vogue Portugal de Maio 2019.
A revista foi editada com duas capas, ambas com a Sharon Stone: dentro de água e sentada de pernas abertas. O o exemplar da colecção é com a primeira capa.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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A revista foi editada com duas capas, ambas com a Sharon Stone: dentro de água e sentada de pernas abertas. O o exemplar da colecção é com a primeira capa.
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> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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29 janeiro 2020
Cristina não vais levar a mal
Sou um pai de família ciente dos seus deveres tanto que levo os meus dois miúdos às aulas de natação. Duas vezes por semana. Mas lá por ser um homem muito bem casado não sou cego e aproveito para ver detalhadamente as mães que como eu levam as suas meninas à piscina. O tamanho e a formas das mamas claro está. O contorno das pernas e, com sorte, que ali fica tudo sentado, uma mirada no rabo para lhe avaliar o redondo e a rijeza aproveitando o cavalheirismo de deixar as senhoras passarem à minha frente.
É muito fácil puxar conversa sobre os nossos queridos filhos e nenhuma acha estranho que as olhe meio de soslaio como se fosse tímido mesmo que esteja é a espreitar-lhes o decote e as mamas que sou muito homem, muito macho e a carne está sempre no meu horizonte visual. E depois ponho o meu ar inocente e amparo muito as mães solteiras ou muito bem divorciadas que estão frágeis e carentes para me dizerem o quanto me querem e me desejam que para isso estou sempre em estado de prontidão, tanto que às vezes nem dou conta que vou com a mão ao abono de família para o aquietar.
E aquela já passava das marcas. Estava farto de lhe ouvir as lamúrias sobre o ex e de encostar a minha perna à dela enquanto víamos a piscina. E naquele dia ela apareceu com um decote enorme que deixava mesmo ver as mamas, mesmo oferecida como se me estivesse a dizer come-me, come-me e, sem ninguém ver pus-lhe uma mão por trás das costas e desci a apalpar-lhe as nádegas macias e a pressentir que tinha umas cuecas daquelas mesmo pequeninas só com um fio pelo rego do rabo e extremamente excitantes. Ela tirou os olhos do plano de água, olhou-me nos olhos e eu tive de lhe dizer Cristina não vais levar a mal mas foder-te é fundamental.
Postalinho do Centro do Universo
"Para a festa de anos da minha cachopa, fiz questão que o bolo de aniversário tivesse uma imagem do saudoso Penis Migratoris. A cabecinha ficou para ela.
Para quem não conhece o Migras, tem aqui a lenda e aqui a realidade."
Joca S.
Para quem não conhece o Migras, tem aqui a lenda e aqui a realidade."
Joca S.
28 janeiro 2020
Busca-me
Busca-me no meio desta sociedade podre.
Leva-me para o recanto dos teus braços, do teu cheiro, da
tua casa.
Eleva-me a um sorriso de orelha a orelha ou apenas sereno.
Aqui me tens, aqui tens a minha fragilidade. Sono, vale o esforço. Imagino-te,
desenho-te com a mente e alegram-me os teus amigos, que te amparam na minha
ausência. Serei eu o teu recanto?
Intocável aqui, ali, em qualquer parte do mundo, em qualquer
recanto da tua alma, do teu sonho, do teu coração.
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