13 janeiro 2013

As regras


Desde tenra idade que os aplausos da mamã, do papá e dos familiares em geral o fizeram acreditar que ele tinha gracinha e como quem veste um pijama ele encasquetou esta qualidade como sua. Valha a verdade que na adolescência quando apalpava as mamas às colegas emitindo sonoros poim-poim e trocista dizia gosto das tuas buzinas conseguira mais risos do que estaladas.

O seu humor também me fisgou e lá passei a manteiga no seu pãozinho quente, ora agora barras tu ora agora barro eu. Eram mesmo momentos de pão para a boca que se a intimidade é perceber um pintelho a mais ou a menos, fazer de olhos fechados o gps para um sinal de nascença ou saber palmo a palmo a distância das nádegas ao escroto eu passo a acreditar no Pai Natal, no Tio Patinhas e na retoma da economia nacional como favas contadas.

Ora acontece que sempre que eu não estava sorridente como uma boneca insuflável ora porque discordava da opinião dele ora porque reclamava uma merda qualquer aquela boquinha graciosa desdenhava que era do período, como o seu melhor argumento para acabar com a conversa. E tive que lhe dizer que em boa verdade tinha regras, sendo uma delas não aturar gajos que discriminam as mulheres por uma questão de género já que também não o faço com aqueles que mijam de alto obrigando as sanitas a suportar aquele ensurdecedor ruído de cascata.


[Foto © Insomnia, 2006, Onde está a publicidade???]