20 janeiro 2013

Vem, meu Amor...


Vem, meu amor, 
e descalça-te 
à entrada da porta, toda esta noite, 
assim, imensa, vermelha, gigante 
já não nos surpreende a saudade. 
Vem, meu amor, 
e despe-te 
contra mim, toda esta noite, 
assim, a solidão chega rente 
à cama e não se estende: é cobarde, 
nesta terra de pele onde me arde 
a tua imagem, não se entranha, bate 
mas volta para trás. Vem, meu amor, 
e esconde-te 
entre mim e o meu corpo, toda esta noite, 
assim, é apenas um inimigo muito forte 
mas só cai dos céus porque se rende 
mas só vem à terra porque se rende. 
Vem, meu amor, 
e deixa-te 
cair, assim, que o meu corpo já pende 
sobre o teu e o escuro sobre a noite. 
Vem, meu amor...