–
Queres dizer que… já tinham acabado quando fizeram sexo pela primeira vez?
–
Foi.
–
Acabaram e depois foderam?!
–
Sim.
–
Que raio de merda… E depois?
–
Vestimo-nos.
–
Foda-se! Não é isso!... Andaram três meses…
–
Quase quatro.
–
Ainda pior! E durante esse tempo nunca, nada?
–
Algumas coisas, muitas vezes.
–
Mas… Mas, sexo com penetração não.
(ri)
– Não, sexo com penetração nesses quase quatro meses não.
–
E depois, sim.
–
Sim.
–
Logo depois?
–
Não, logo depois não. Já tínhamos acabado aí à meia-hora.
–
Ahn?!
–
À vontade. Foi mais de meia hora. Para aí uns quarenta minutos.
–
Andam quase quatro meses e nada e quarenta minutos depois de acabarem...
–
Pois.
–
Mas que lógica é essa?!
–
Aconteceu. Estávamos mais soltos, mais à vontade. Já não havia
constrangimentos, sei lá… Aconteceu.
–
E agora?
–
Agora, o quê?
–
Sei lá… Nunca mais se viram?
(olha
em volta e murmura) – Não, vimo-nos… (ri com a expressão involuntária que lhe
saiu). Temo-nos visto.
–
E não só visto…
–
E não só visto, de facto. Na maior parte do tempo estamos nus.
–
Desculpa?
–
Era um trocadilho com o facto de não ser só visto. Na maior parte do tempo eu não
visto nada e ela também não. Não teve graça.
–
E porque é que olhaste em volta antes de responder?
–
Olhei?
–
Olhaste.
–
É que (torna a olhar em volta) andamos com outra pessoas.
–
Tu e ela?
–
Sim. E não há necessidade de alguém saber e não gostar. Entre nós não há
qualquer ligação sentimental, nada. É uma coisa física, mais nada. Ambos
sabemos o que temos e o que queremos e não queremos.
–
Não querem mais.
–
De algumas coisas sim, de outras não. (ri)
–
Isso é evidente. (ri)