02 outubro 2015

«Comer um gajo por engano» - Ruim

Normalmente costumo identificar-me com o que escrevo, seja o assunto línguas de veado ou impressos das finanças. Já vivi, ou conheço quem tenha vivido histórias que são muitas das inspirações que me levam a escrever, dar-lhe a minha interpretação pessoal, meter uma piada de pichas pelo meio e tá feito. Mas há coisas que eu não acredito. Coisas como as pulseiras Power Balance, a baba de caracol, os casacos do Goucha ou quando algum amigo diz que comeu um gajo por engano. Ninguém come ninguém por engano. Ninguém vai andar na rua, tropeça numa pinha e aterra de boca em marsapo ereto.
Vou contar uma história que me aconteceu há uns anos:
Uma vez numa badalada discoteca da Margem Sul estava com o meu fiel amigo Tinoco. Como já falei aqui antes, o Tinoco, é um individuo alto e com o porte atlético de uma cadela etíope. Não é difícil acreditar que depois de dois gins, o Tinoco pareça que tenha caído de boca num alambique de destilar aguardente pois aquele louva-a-deus em forma de pessoa vira completamente o barco. Ele desaparece naquele mar de putas menores que são as pistas de dança como um Vasco da Gama do putedo, em que em vez do caminho marítimo para a India vai em busca do caminho alcoólico para a Crica. Dou por mim sozinho a tentar fingir que sei dançar afrobeat ou que merda é aquela que os DJ’s aqui da zona metem quando estão com as mãos no deck (porque normalmente estão com as mãos no ar a reunir a força universal do Son Goku). Dez minutos depois e como os meus passos de dança estão a secar vaginas, vou ver do desenho animado que veio comigo. Dou com o menino nuns sofás atracado a alguém e pensei que afinal Deus protege mesmo os retardados. Mas quando começo a observar de perto a coisa e reparo melhor naquele cenário dantesco, noto que a mesma é um gajo devidamente transvestido e que conseguia enganar apenas o Tinoco, que por esta altura já vai no 6º gin. E fiz o que todo o bom amigo faria nesta altura: esperei que eles se mamassem e dancei afrobeat ao pé deles a dizer “Vai Tinoco vai Tinoco”. Confrontar um amigo depois com isto cabe a cada um. Eu pessoalmente nunca disse que a Neuza afinal se chamava Wilson ao Tinoco e por isso ainda hoje somos amigos apesar de ambos sabermos no fundo o que se passou. Ninguém come ninguém por engano, a lambice é que é tanta em certas alturas que o standard começa a descer de gaja para gajo, de gajo para cadáver, de cadáver para objeto inanimado.
E para quem está a ler isto as hipóteses são:
- És o Tinoco e estás neste momento a lavar a língua com decapante e a chorar no chuveiro
- És o Wilson e estás a rir
- Não conhecias esta história mas assemelha-se a alguma que presenciaste
- És amigo do autor desta página e sabes a história real por detrás disto e estás a rir
- És amigo do autor desta página e sabes a história real por detrás disto e estás a retirar o like à página
- És um DJ da Margem Sul e estás de mãos no ar ofendido comigo e eu quero que tu e o teu gosto musical de merda se fodam

Ruim
no facebook