A mulher sabe que a beleza acaba. Pensa nisso todas as manhãs, quando se vê ao espelho da casa de banho e repara que está com os cabelos desgrenhados e com uma ou outra ruga. Às vezes até uma branca. Penteia-se durante alguns minutos e o pensamento dela centra-se no tempo que passa.
O homem também acorda, coça os tomates e, quando a vê pentear-se, o pensamento centra-se sempre na presente beleza dela. É boa. O futuro não interessa.
Neste aspecto, o homem sempre teve a inteligência de ser mais estúpido do que a mulher. O Amor é quase só isso, aquele momento em que a mulher se penteia semi-nua em frente ao espelho, com um ar tão sério que só pode estar a pensar no almoço.
Esta estupidez inteligente é, aliás, a sorte do homem, que não tem que ser bonito para que a mulher se apaixone por ele. A mulher sabe que o Amor tem que ser muito maior do que esse pequeno pormenor da beleza ou da feiura. Já com ela, a exigência é maior por a exigência ser menor. O homem só a quer bonita, então ela penteia os seus cabelos desgrenhados todas as manhãs, lutando contra o tempo. Ele não.
É por isso que o homem é melhor amante e a mulher é melhor a Amar. Não é grave, as coisas equilibram-se no exacto momento em que a mulher se afasta por uns momentos e ele fica com vontade de abraçar o vento. É com a ausência dela que ele a percebe e que ela lhe ensina que o Amor se prolonga para além do que se vê.
Um homem também pode perder a inteligência que o faz ser estúpido.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»