31 março 2007

A natureza do sexo

Foto de Mircea Bezergheanu

O sexo é natural, o que não quer dizer mais do que: faz parte da natureza. Não significa que é inato nem significa que é desprovido de uma carga social que teima em torná-lo algo... problemático, polémico, controverso...
Para podermos usufruir de tudo o que fazemos com o nosso sexo e o do parceiro ou da parceira, é preciso aprendermos, ultrapassarmos os preconceitos — por exemplo, e escolho um mesmo estapafúrdio, de que a masturbação torna o clitóris defeituoso e prejudica os orgasmos em adulta (algo que cheguei a ler em adolescente!) — e descontruirmos algumas das bases da educação social e da moral vigente.
Comer também é natural, no sentido de que faz parte da vida e precisamos desse acto para sobrevivermos. Tiveram os nossos pais, normalmente, de educar e preparar todo o nosso aparelho digestivo, desde bebés, para comermos os alimentos que vão sendo introduzidos progressivamente desde que não temos dentes, até os termos, numa sequência também lógica da maior para a menor tolerância (acompanhando o desenvolvimento do dito aparelho).
As necessidades fisiológicas, como por exemplo fazer xixi, são absolutamente naturais e necessárias, nascemos com capacidade inata para as realizarmos, mas ensinam-nos a controlar os músculos responsáveis pela vontade de as resolver... e assim passamos das fraldas ao bacio... e por aí diante.
O mesmo é com o sexo, mas aqui parece que tudo é feito ao contrário, o que se me afigura digno de reflexão e questionamento...
Vamos sendo educados para considerar que o sexo só faz sentido numa relação a dois, onde haja amor e onde deve existir só de forma exclusiva. E que os homens, diferentemente das mulheres, terão "necessidades diferentes", normalmente acrescentando um "pronto", sem qualquer acrescento de argumentação (ideia com a qual não concordo e que dará origem a um texto autónomo). Esse tipo de socialização/educação anda de mãos dadas com os tabús e origina a que eu tenha de me esconder por detrás deste nick, porque ainda que exista gente interessante, a maioria das pessoas é profundamente conservadora (e, por profundamente, entendo isso mesmo, que o conservadorismo poderá não se notar logo à superfície e estar lá...)
E, por vezes, pergunto-me porque é que é assim. Pergunto-o a mim e aos outros. Porque é que qualquer pessoa é a encarnação (literal) de o que originariamente começou por ser um acto sexual, com ou sem amor, fruto de uma relação ou de um caso, de um encontro esporádico ou de um entre muitos, e ainda há tanto pudor acerca do que não é mais simples porque não se quer, do que é uma brincadeira entre adultos?
Eu valorizo MUITO o sexo; por isso considero-o uma brincadeira séria. Não o faço por dá cá aquela palha nem com qualquer um que me apareça à frente. Até porque não preciso só do corpo para ter relações satisfatórias, preciso de estar bem comigo e com a minha cabeça, preciso do cérebro — o que de mais erógeno tenho no corpo — e de me entregar a quem considero que me merece. Talvez por isso o encare como uma espécie de arte... Gosto de investir numa pessoa e, assim como em miúda tinha "melhores amigas", em adulta sigo o mesmo princípio de ter "o melhor amante", ou a pessoa a quem me dedico em exclusivo — ou quase, se não se der o caso de ter uma relação amorosa e exclusiva e de amor, etc. Mas tenho de aceitar que, desde que as pessoas se protejam de doenças, quer homens, quer mulheres, devem fazer aquilo que bem lhes apeteça e lhes dê na real gana. Porque, bolas, sexo e reprodução estão separados desde o momento em que é comum comprarem-se preservativos, pílulas, espermicidas, DIU, anéis hormonais e o rol de métodos contraceptivos que actualmente — e há muito — existem.
Sexo deve ser igual a prazer e nem sempre é igual a amor. A partir daí, porque é que a mulher que brinca com um homem hoje e daqui a dois ou três dias com outro, há-de ser uma "puta" (sentido pejorativo) e ao homem ninguém liga puto se ele hoje andar com fulana e amanhã com sicrana? E, inclusivamente, fazem-se anúncios publicitários em que se vangloria que um homem esteja com duas mulheres na mesma cama... e tal é visto de forma divertida...
E eu ainda ia falar da hipocrisia do dia da mulher... mas já fica demais neste texto...

Sirvo-te?!




Ruslan Maksimov

Kama Surftra

Daqui

























Outras Coisas

30 março 2007

Inveja ou Ciúme?

Sophia Loren vs. Jayne Mansfield (Joe Shere, 1958)


A inveja é uma paixão torpe precedida do sentimento penoso que sofre o invejoso pelo bem alheio. Ciúme é o zelo de que o objecto amado se incline para outrem, ou de que ele receba algum dano.
A inveja é o tormento das almas vis, (…) O ciúme tem mais nobre origem, pois nasce do amor-próprio, e da ideia vantajosa que cada um tem da superioridade de seu merecimento; (…).
A inveja concentra-se, roí o coração do invejoso, e não ousa aparecer à cara descoberta. O ciúme não se esconde, não se envergonha de manifestar-se, antes rompe muitas vezes com ímpeto, e com tanta maior violência quanto é maior sua elevação, (…).

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 398

Um grande, grande amor

Uma esplanada. Um homem e uma mulher. Ela bebe um chá verde e come meia torrada com doce de ameixa. Ele um café e meia torrada com manteiga. Falam do tempo, frio. Dos respectivos trabalhos, monótonos. Das suas vidas passadas, poucas, ainda são jovens, mas não do presente, nem do futuro. Encontram-se em terra de ninguém, num momento fora dos seus mundos, fora das suas vidas.
– Posso dizer-te uma coisa?
Ele olhou-a, ergueu ligeiramente as sobrancelhas, cerrou os lábios e acenou que sim com a cabeça.
– Podes – reforçou, curioso, mas procurando não dar expressão à curiosidade.
Ela manteve o seu olhar fixo no dele, hesitou à procura das palavras certas e declarou, sem qualquer inflexão irónica:
– Pensava que gostavas de mim.
Ele arregalou os olhos por um momento breve, controlou a surpresa e a expressão facial e retorquiu, com um ligeiro sorriso:
– Pensavas?
– Pensava – ela reforçava as palavras acenando a cabeça na vertical. – Pensava mesmo, mas agora já não sei.
Ele levou um palito da torrada à boca enquanto ela falava, mordeu metade e mastigou e engoliu em silêncio. Ela piscava os olhos duas vezes de cada vez, num tique nervoso que não conseguia disfarçar e bebeu um gole de chá.
– Não me achas atraente? – perguntou ela de chofre, sem se conseguir conter, ainda com a chávena na mão, arrependendo-se logo que se ouviu falar.
Ele manteve o ar impassível, o que a irritou, e respondeu sorrindo só com a boca.
Vendo-lhe os lábios arrepanhados para cima, mostrando apenas uma nesga dos dentes e os olhos sem brilho, sem expressão, a irritação cresceu e tornou-se em mágoa, numa vergonha difusa, sem objecto, sem sentido, e num súbito desejo de sair dali, de desaparecer, de voltar atrás no tempo. Pousou a chávena, segurando-a entre as duas mãos. Sentia-se atropelada pelos sentimentos e sensações que tomavam forma e substância e se alojavam na garganta, lhe comprimiam o peito e a faziam tremer. Não era isso que queria. Não era isso que queria que ele visse.
– Acho-te muito atraente – declarou ele, por fim e arrancou para um discurso quase de fazer chorar as pedras da calçada.
Ela ouvia-o e via-o agora com distinta clareza, “Tu és um estranho e triste homenzinho” sorriu ao lembrar-se da frase de Buzz Lightyear e, interrompendo-o, perguntou-lhe ainda sorrindo:
– Sabes do que me lembrei?
Ele ouviu-lhe a interrupção em tom sensual, quase lascivo, e vendo-a a sorrir, afastar a chávena quase vazia e o prato onde ainda restava um palito da torrada e agarrar na carteira para pagar, apostou no seu melhor olhar de carneiro mal morto, sorriu de viés, como o caçador que sabe que a presa não tem hipóteses de fuga, sussurrou que já estava tudo pago e dobrando-se sobre a mesa para se aproximar dela murmurou insinuante:
– De quê, querida, lembraste-te de quê?
Ela levantou-se, pousou as mãos na mesa, aproximou o seu rosto do dele, beijou-o na face, com suavidade e ficou frente a frente, nariz com nariz:
– Que tenho mais que fazer, Diogo – deu-lhe um beijo na outra bochecha e despediu-se: – Adeus.
Ele deixou-se cair na cadeira, que permaneceu vazia, e ela, agarrando a mala, seguiu sem olhar para trás, dizendo baixinho: addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye.

CISTERNA da Gotinha



Vamos começar a pensar na praia?

A
São Rosas é uma musa inspiradora para todos os artistas de bom gosto.

Eu cá prefiro sumo de laranja.
E vocês?!

Ilustrações erótico-divertidas.

Origami

Mais aqui





















Outras Coisas

29 março 2007

Leque Vermelho-Sangue



PIERRE SAGE
Fotógrafo francês

via
Freshnudes

Carta secreta de Soror Mariana ao cavaleiro de Chamilly - IV



Escreveu Soror Mariana na sua cela:
Por vós, meu amado cavaleiro, pecadora me tornei.
Quebrei votos e juramentos.
E são tão libidinosos e pecaminosos meus pensamentos...
Que juro-vos, meu amor, minha alma não tem salvação.
Mesmo quando rezar eu tento,
É a vós que eu vejo.
E logo meus lábios se juntam num beijo
Meus dentes se cerram de desejo
De vossas coxas morder,
E minha boca, num gemido, diz vosso nome,
Não uma oração.
Se me pudésseis ver agora, meu cavaleiro, meu amor,
Verias como palpita o meu peito
Como se arqueiam minhas ancas
Como pronta estou para vos receber.
Ah… Como eu anseio a vossos pés poder ajoelhar
Correr meus dedos, não pelo terço, mas por vossa lança
E morrer trespassada pela vossa espada nestas lajes frias.
Onde por vós eu clamo, na hora em que soam as Avé-Marias.

Resposta do cavaleiro de Chamilly:

Ah Mariana… Se soubésseis o efeito que em mim causou
Ler vossas palavras tão cheias de desejos e fantasias…
E não podia, Mariana, não podia…
Ao lê-las, logo tocando vossos seios me imaginei
E a vós de joelhos senti, tocando minhas virilhas.
E mesmo preso, por vós, meu sexo se agigantou
Fiquei em fogo, ruboresci, todo eu tremia.
E não podia, Mariana, não podia…
Não podeis imaginar a confusão que se gerou.
A capa nada cobria, era curta, pois estamos no Verão,
E mesmo cruzando as pernas o vulto enorme se via.
Duas damas desmaiaram ao notarem o que eu tentava ocultar,
E tive de sair correndo, apontado a dedo, o sexo teso,
Da recepção a que assistia no Solar da Viscondessa,
Minha tia.
E não devia, Mariana, não devia…

Foto: Rafal Bednarz

Encandescente
Blog Erotismo na Cidade
Três livros de poesia publicados («Encandescente», «Erotismo na Cidade» e «Palavras Mutantes») pelas edições Polvo (para já...).
Crica aqui para leres a carta anterior. Ou aqui para relembrares as cartas I e II, bem como a nossa ida memorável a Beja, ouvir a leitura da carta III pela Gisela Cañamero em frente à janela do convento.

Viajar é preciso...


ilustração: daqui


Tenho na pele
Umas gotas leves.
De sal e de mar
Das quais eu sou feita.
Deste querer foder
Que a todo momento espreita,
Espuma, que a rebentar,
na tua maré-cheia se ajeita…
Escorre a seiva
pelas minhas coxas nuas
Umas gotas - navio
Da tua língua madura,
Em assaltos de pressa
No acostar que eu não quero.
Sabes do meu rio,
Abrigo e enseada.
Desejo profundo,
Descanso e chegada…
Mas sabes das velas
Que se enchem de aragem
Não é o porto o desejo delas
Mas o durar da viagem...

Margarida.

Projecto Y

Colecção de fotografias


















Outras Coisas

28 março 2007

À cause des mouches


Quando é apenas para dar uma quecas qualquer gajo com um rolo de fita adesiva na boca para evitar que diga banalidades e um saco enfiado na porção que nos custar mais a encarar serve, porque a bem dizer, desde que aquela parte que lembra o elefante que toca a sineta no Jardim Zoológico funcione, que se dane o resto.

Embuída nesta sabedoria popular lá seleccionei uns candidatos naqueles clubes de amizade netianos que não escarrapacham na página de entrada "112 de fodas rápidas" apenas para arrebanhar como peixe tudo o que venha à rede. Mas o meu mau feitio foi mais forte e comecei por eliminar todos os que não alinhavavam duas frases seguidas e os que usavam o cê cedilhado em palavras como você. Ficaram pouquinhos e aí o critério foi o ananim ananão ficas tu e eu não.

Redigi ao sorteado uma mensagem a marcar um encontro, para um cafezinho como vem nas regras da etiqueta e foi fácil localizá-lo à porta do estabelecimento naquela posição característica de gajo que faz das suas mãos protecção de boladas. Lá fomos tomar algo para o estômago e para ganhar o espaço para desenrolar aquelas perguntas da praxe sobre a actividade profissional, os passatempos, os gostos gastronómicos e essas coisadas todas porque os gajos são muito sensíveis nisso e temos de lhes fazer crer que eles são especiais para nós pelas suas características próprias e nunca atirar-lhes de chofre com um gostava de te foder, vamos a isso? que é daquelas expressões que eles julgam ser um exclusivo masculino.

E como o gajo até tinha boa figura à vista desarmada, falara sem erros de pronúncia e tinha acesso à net, não me pareceu mal encaixado falar-lhe de blogues e da boa aceitação que tinha tido a imagem do pescoço de galinha o que o levou a recordar-se da casa da sua avó na província onde havia muitas galinhas e "piruns". Ao ouvir isto, o tímpano começou a dar-me vertigens e o estômago começou a revolver-se como se não conseguisse desmanchar os galináceos que se encaminhavam vertiginosamente para pressionar o meu esófago numa enxurrada prestes a sair pela boca e tive de deixar o mouro na costa murmurando que me devia ter parado a digestão.

CISTERNA da Gotinha



Fotonovela erótica de Alice no País das Maravilhas.

Manual de boxe: todas as regras e segredos postos a nu. Literalmente.


Vagina Origami pelo Mestre Sugoi

O resultado final deixa a desejar...


Outras Coisas

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27 março 2007

Há falta de material novo...

...volto à guerra com o velho.

Em tempos idos de algum fervor artístico revolucionário, fruto de uma juventude abundante em hormonas, decidi candidatar-me a alguns subsídios para produção e realização de uma peça cinematográfica, vulgo filme.
Enviei então um sketch videogravado de um dos meus argumentos e o guião completo de outro.
Nunca ninguém me contactou de volta.

Litofânios eróticos

Há compras que faço para a minha colecção que me deixam especial e abundantemente molhadinha.
Estas placas em porcelana vieram da Austrália (mas desconheço onde foram fabricadas). Extremamente finas (menos de 2mm de espessura), utilizam o relevo para, à contraluz, originarem zonas mais luminosas e zonas de sombra.
A este respeito, na Infopédia, aparece apenas «litofania», processo de obter efeitos de transparência na porcelana, no vidro opaco, etc. (do grego líthos, «pedra» + phaínein, «brilhar; transparecer»).
Com esta explicação não vamos longe. Mesmo da palavra inglesa «lithofane» não se encontra grande coisa. Vale-nos Ernesto Leibovich, especialista brasileiro em coleccionismo, que explica tudo nesta página: "Litofânio - Painel translúcido de porcelana biscuit em entaglio (desgaste selectivo), com decoração moldada visível somente quando colocado à luz. Processo introduzido em 1828. Pela sua beleza artística e fidelidade, assemelha-se a uma fotografia, sendo incluído nos chamados objectos pré-fotográficos (...)"


"O litofânio mais comum é formado por um painel fino e rectangular de porcelana chinesa, de aproximadamente sete a dez centímetros. Sem o reflexo da luz, a superfície do painel parece feita de rugas e depressões que formam uma pintura crua e meramente visível. No entanto, quando visto contra uma luz forte, as cenas magicamente ganham vida e aparecem como o efeito de meia-tinta. A transformação da superfície feia e irregular numa pintura subtilmente graduada de luz e sombra é uma revelação (...)"






Que tal? Hmmm...?

Desejo




Rudolf A. Mentaer

A queda de um mito...


Ora aqui está o gato escondido com o rabo de fora. Nestas coisas da intramete, este pessoal é sempre (?) bem "aviado de mercearia". No entanto...

26 março 2007

As noites claras II

Por Charlie

-...A primeira vez é a que custa.....-

Despertou estranhamente muito antes do que esperara ser acordada conforme horas antes lhe pedira. Ainda sentia a cabeça dorida da noitada anterior e voltou-se longamente para outro lado derramando o corpo sobre a maciez dos lençóis. Tornou a fechar os olhos voltando a abri-los numa fina tira, apenas a linha que liga o sono ao despertar, por onde observava as lâminas de luz que das persianas traziam fatias quase imperceptíveis do dia para dentro do quarto.
Durante os minutos soltos da semi-vigilia, apontamentos vagos, meros fragmentos da sua vida passaram-lhe diante dos olhos. A aldeia, a sua mãe, a escola na Vila e os primeiros insípidos namorados, e depois a vinda para Lisboa. Para a Universidade onde nunca chegara a completar todas as cadeiras do primeiro ano. Veio-lhe com toda força a lembrança da primeira noitada de copos com uns colegas. Da doçura de ter feito amor com aquele pelo qual se havia apaixonado loucamente, e do amargo e profunda mágoa que lhe rasgara a alma quando ele mesmo, no meio de risadas e cerveja, e esfumadas as juras de amor ditas no auge, lhe pedira para ir também com os outros...
Rodou o corpo na cama e esfregou o púbis contra o lençol do colchão, olhos novamente fechados, arrastando a lembrança incómoda das lágrimas e o desespero que então lhe haviam tomado todo o ser quando se afastara a fugir e as semanas seguintes em que tudo fizera para esquecer-se dele, pesasse embora o inevitável de se encontrarem frente a frente entre as aulas por diversas ocasiões. Ele sempre devidamente acompanhado de novas namoradas que ela fingia não ver enquanto ostensivamente o ignorava. Desaparecia então o mais depressa que podia para o refúgio de si própria onde se alimentava da dor e da autocomiseração, chorando no seu quarto enquanto olhava para os livros sem ver..
Depois, cansada de tudo, num salto em frente, um outro namorado para esquecer a fogueira de mágoas daquela paixão, e outro a seguir, e outro. Fora ela mesmo quem mais tarde se rira de si própria e da sua ingenuidade de jovem mulher quase ainda adolescente quando descobrira as outras fronteiras que o sexo franqueava. Lembrou-se da angústia da primeira vez que abrira o corpo a um estranho, um homem que mal acabara de conhecer…
- A primeira vez é a que custa...- Levara esta frase dentro de si, quando tendo gasto todo o dinheiro que a mãe lhe enviara nas noitadas e paródias que se haviam tornado rotina, fora apertada pelo senhorio para pagar de imediato os três meses da renda do quarto que estavam em atraso. Olhara-a gulosamente enquanto ela saíra porta fora sem dar resposta mas ela nem lhe olhara para os olhos quando na manhã seguinte lhe tocara à campainha e entregara uma parte comprometendo-se a pagar o resto nos dias seguintes...

Levantou-se, subiu um pouco as persianas afogando em luz o quarto, remetendo os pensamentos para as fronteiras das memórias distantes, enquanto mordiscando os lábios apreciava ao espelho as formas ainda jovens do seu corpo seminu. Olhou para o telemóvel e inspirou. Tirou-o da bolsinha olhando através da fresta da porta do quarto para a sala, certificando-se que estava só.
Retirou a nota de duzentos Euro dobrada em quatro que havia separado das outras, horas antes deixadas em cima da mesa, e que o homem com quem vivia tinha guardado aquando da sua chegada.
Experimentou um breve sorrir.
Este cliente prometia...

(Continua)

Just Like Heaven

Fizeram amor, sem se olhar, sem se beijar, num movimento rotineiro de entra e sai.
Isto deve ser o débito conjugal, pensou ela, ainda que não fosse casada, gemendo para apressar a função.
Enquanto se vinha, olhando a parede branca à sua frente, onde detectou uma minúscula racha, ele sentiu-se vazio, não conseguindo continuar a arfar. AAAAH!, conseguiu ainda improvisar, como se tivesse gostado.
UUmmUm, suspirou ela, para lhe fazer o favor.
Levantaram-se e foram-se lavar.
Amo-te muito, Diogo, disse ela.
Também te amo muito, disse ele.
Beijaram-se nos lábios e deitaram-se na cama, que permaneceu vazia.

CISTERNA da Gotinha



Leeann Tweeden na revista FHM

Imogen Bailey não deixa os seus créditos por curvas alheias!

Quem é que vai olhar para os carros com estas meninas do salão Automóvel de Geneva?! Show babes - vídeo

Fotografia de Vincent O Byrne: sugestão da Fresquinha.

Calendário da Gemma Atkinson: como tudo aconteceu.

A arte de Claudia Hart

A Fresquinha apresenta-nos Claudia Hart, artista de animações 3D. Um exemplo do seu trabalho:

Machina, 2006
ver imagem animada

25 março 2007

O futuro


O marmelo tinha vinte e pouco anos mas vociferava para o comensal da frente, segurança de profissão como ele, que a honra é que é o ponto e que isso é que não se pode abandonar. Em decibéis largos, ele tinha sido abandonado pela mulher com quem vivia há bastantes meses que directamente lhe comunicara a coabitação com outro. E infernizava-o o facto de ter sido traído que ela fizera questão de lhe referir que já tinha estado com o outro, logo a ele que considerava que a honra é que é o ponto, que até parece que ser monogâmico é estranho. Sim, que ele era como o seu paizinho que nunca traíra a sua mãe que ele bem o sabia. Já a ela, ele nunca lhe perdoaria ter-se metido na cama com outro homem que não o seu paizinho mesmo que ela pedisse desculpa e lhe recordasse que o pai lhe batia como ele vira tantas vezes e que não o podia abandonar a ele e à irmã mas que uma mulher não era de ferro e tinha de ter alguma alegria na vida.

O casaco do uniforme militarizado estava nas costas da cadeira e ele cofiava o cabelinho de um milímetro de altura enquanto desfiava o rosário de ter de lhe tocar a ele uma coisa daquelas, a ele que nunca gostara de pretos desde os tempos da escola da Damaia e teve logo de ir meter-se com uma brasileira. Branca, claro mas brasileira que só porque encontra um gajo mais giro o deixa logo apeado, a ele um defensor da monogamia quanto mais não seja por causa das doenças. Isto está que não se pode e nem sei como será no futuro.

Levou a mão à face para conferir a pele escanhoada, puxou de um cigarro e virou-se directamente para a minha bica lhe ler o futuro, quiçá nas borras e lá tive de responder que pelo que ouvira, o futuro só podia ser como um penso higiénico, branquinho e absorvente mas pelo meu ponto tão cheio de coisas putrefactas e fétidas que o mais ecológico seria reciclá-lo.

Já vos disse que tenho alergia à mudança de hora?

O melhor remédio? Comprar um relógio «reverso» para a minha colecção:


De frente: tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac...



De trás: tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac...

crica para visitares a página John & John de d!o

24 março 2007

3... 2... 1...


Preparados para a Mudança da Hora?!




José Manchado

acabada de chegar


Nascida p’ rós caminhos da Paixão
Faustosa vida estava destinada
A esta que aqui está bem agradada
Por pertencer à excelsa Funda São

Na busca da difícil compreensão
Que aos homens é devida e arrancada
Aqui me confesso já muito cansada
De andar nesta procura da razão

Qual razão? É simples de explicar
Não fosse eu a Fausta apaixonada
São dúvidas demais a apoquentar

Uma pessoa simples mas danada
P’ra compreender criaturas de encantar
Que me deixam a pele arrepiada

___________________________
O Nelo já se apresentou ao serviço, mas só para conversas de melheres:
"Melhér Faúshta
Que paresses bôa
Çeim cuidar de mais reparos,
Çou uma bisha ao té dispôr
Desjde que nãm me dês trabalhus
Neim me fales de coizas novas
Neça arte de ir hás covas
Quéu dou-me mais cuns belos caralhos!

Éi açim quéu çôu melhér
Um amigo bisha pra valer
Pra falar de pishas çe quizer
Eim todas as ocaziões
Çempre que nam te meteres
Com as mãuzinhas que namoram
Us rapáses que çe diverteim
Cu meu mexer-lhes nus culhões

Falaremos de moda trapos e shita
de converças esquizitas
E de coizas de melhéres.
E çempre que tu quizeres
Duma coiza difrente
Podes esquesser toda a gente
O Nelo çabe o que ei estar quente
E dum home que te satisfaz

Nelo, uma bisha ao çeu çervisso..."

O povo é malandreco...

... e por isso também faz coisas que merecem estar na minha colecção:

Fearless little love poems - beetleBLUE


Pequenos poemas de amor sem medo


Descobertos pela Fresquinha

23 março 2007

Bom fim de semana


Springtime


Foto: Janosch Simon
Picasso


O acto sexual é a origem da transmissão de muitas doenças, algumas da quais de consequências bem funestas. Quando se compram em público por preço mais ou menos subido e por forma mais ou menos disfarçada as carícias sexuais, não há sempre cuidado em observar a qualidade da mercadoria que a maior parte dos compradores não estão em condições de apreciar convenientemente, e daí as doenças que se vão espalhando duns a outros por forma ininterrupta.

MONIZ, Egas (1904) A Vida Sexual – Physiologia (1.º Vol.).
Lisboa: Livraria Ferreira. 2.ª Edição – Pág. 332-333

CISTERNA da Gotinha



Isto será o sonho dos homens?!


Coca-Cola: always e
em todo o lado.

Vídeo: Leah Remini



Concurso
Miss Hooters



Galeria de relógios

Aqui















Outras Coisas

22 março 2007

Escultura do olhar

(Foto © JR, Axis of Symmetry)


Esquadrinhar-me era o seu passatempo favorito e de cortinas afastadas avaliava o meu corpo despido. Traçava a bissectriz das minhas curvas com o indicador levantado a focar a perspectiva e ajeitava-me as mamas como se o calor das suas mãos e o frio da saliva da sua língua compusessem o modelo perfeito.

Media o ângulo exacto do desenho dos meus pêlos púbicos, pintava-os de espuma e depois, em gestos precisos removia-os até nada mais restar que um risco vertical que aplainava a cuspo em pinceladas de língua. Lavava a ponta dos dedos na minha furna enquanto eu lhe enchia os godés das orelhas de água com enzimas e era impossível não estremecer ao contacto do seu escopro latejante nas minhas virilhas.

A intensidade do sol baixava no horizonte enquanto ele prensava o seu corpo contra o meu numa técnica de colagem dos poros mas queixava-se que sem luz nada mais podia fazer e eu, numa recta definida em que lhe agarrei o cinzel e comprimi mais as suas nádegas contra mim, aleguei que não transformasse o momento numa norma da TLEBS já que até de olhos fechados podia vir acabar a pintura, espremendo até à medula a arte que tinha em si.

Sanctorum

Jesucristo

Livro polémico: Jesus Cristo a masturbar-se está a causar polémica no país vizinho.
Aqui está o portfolio "Sanctorum" de Jam Montoya.

Peter Franck - fotografia e pintura

Sugestão da Fresquinha:


www.PeterFranck.de
(série Dark Side Hotel)



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Série Noir



série Bright Side

Bordel Alemão faz descontos de 50%

Mais detalhes aqui






Outras Coisas