Como não sei ficar parada a olhar, fartava-me de baixar em cada vez que ia com ele tomar café no balcão da pastelaria da rua. É que ele tinha aquela característica tipicamente masculina, que não é a de coçar os tomates com maior ou menor descrição, mas aquela de não suportar usar carteira e espalhar as notas, as moedas e os cartões de débito e crédito pelos bolsos, a bem do bungee jumping do dinheiro.
Um contraste num homem tão arrumado em tudo, com a vida tão organizadinha que até se casara há mais de um dezena de anos para ter mais uma pasta arquivada que não o preocupasse, tal e qual o fado do Fernando Farinha que alvitrava já tenho o dever cumprido e não estou arrependido, como se tatuasse por si todo a marca do homem de sucesso concretizando tudo o que dele era esperado no lema de que a vida é um conjunto de merdas para cumprir.
E estando ele assim armado de tanta segurança, nem valia a pena preocupá-lo a confessar que notava que tanta insistência em tomar cafezinho naquela casa onde o dito saía invariavelmente queimado e qualquer italiana sabia a café cheio se prendia com os corpos das jovens empregadas que gracejavam num doce português do Brasil e cujos peitos empertigados provavam que não tinham sido escolhidas a dedo mas à mão cheia.
Um contraste num homem tão arrumado em tudo, com a vida tão organizadinha que até se casara há mais de um dezena de anos para ter mais uma pasta arquivada que não o preocupasse, tal e qual o fado do Fernando Farinha que alvitrava já tenho o dever cumprido e não estou arrependido, como se tatuasse por si todo a marca do homem de sucesso concretizando tudo o que dele era esperado no lema de que a vida é um conjunto de merdas para cumprir.
E estando ele assim armado de tanta segurança, nem valia a pena preocupá-lo a confessar que notava que tanta insistência em tomar cafezinho naquela casa onde o dito saía invariavelmente queimado e qualquer italiana sabia a café cheio se prendia com os corpos das jovens empregadas que gracejavam num doce português do Brasil e cujos peitos empertigados provavam que não tinham sido escolhidas a dedo mas à mão cheia.
Às duas mãos cheias!
ResponderEliminarBungee jumping do dinheiro! :-D
ResponderEliminarEu começo a ler os teus textos, Maria que vai florir agora com a Primaver, e já os identifico!
Uma dúvida: és de folha caduca ou perene, Maria Árvore?...
ResponderEliminarA escolha dos temas é o core business da autora...quase nem é preciso mais nada para reconhecer quem escreve, mas também invariavelmente (com uma ou outra excepção por texto) cada período é um paraágrafo...e encadear tudo, sem perder o norte, não é fácil...pena que ainda não tenha aparecido nos textos um "homem que tenha valido a pena" ...é que não são trastes, são coitadinhos que é bem pior...
ResponderEliminarTu não te chegas à frente?...
ResponderEliminarPara me chegar à frente, tenho mesmo de saber o que está à minha frente, não ?...e tenho de treinar muito as técnicas de "manipulação pura" não vão os cartões e as notas começarem a espalhar-se pelo GR e eu de cu no ar a catar uma por uma...e depois, os perfumes, os aromas, os elevadores, o "está feito, o que é que estás aqui a fazer ?"...muito complicado ! Dá-me ideia que o que se passou em França com o Escândalo ELF, o René Dumas, o Giscard e os diamantes do Idi Amin, a mulher do Laurent Fabius...tinhamos aqui pano (ou melhor, linho...) para lençóis...
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