14 março 2007

Colchão


Os ditos eram mais que muitos e trocavam-se nos corredores durante os intervalos ou nas mesas do bar. Então, já experimentaste o colchão? É bom para se deitar, não é? E o melhor é que é insuflável, frase que provocava a cúmplice gargalhada geral.

Mantendo a tradição ancestral de Letras que agora já enxameia a maioria das faculdades, as mulheres gracejavam a propósito do indíviduo que a troco de umas anotações das aulas, de um sorriso ou de um simples bora lá, dava o corpo ao manifesto para estudos mais aprofundados de anatomia, investigações detalhadas sobre as erupções vulcânicas masculinas ou aplicação prática do prazer orgásmico como potenciador do desenvolvimento das capacidades cognitivas.

Tinha a enorme vantagem de não ser território virgem e ninguém ir lá ao engano, já que qualquer colega podia fornecer antecipadamente todos os pormenores para banir qualquer espécie de insegurança, incluindo um mapa das distâncias do pescoço ao umbigo e deste ao insuflável, a descrição da respectiva curva de nível, o gráfico de frequências e até um glossário para interpretar o significado dos sons guturais que ele emitia durante a actuação.

Já a minha avozinha dizia que quem boa cama faz, nela se deitará e cada vez me convenço mais que era um dito acertado que o homem hoje é membro da direcção de uma empresa pública.

8 comentários:

  1. Ahahahahaha
    Pois, tanto publicitou o produto, tanto publicitou o produto, que de tanto empreendimento só podia mesmo ir dirigir uma empresa pública, pois.
    Que texto maravilhoso com tão linda ilustração... Hummmmm :-D

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  2. Há alguma empresa pública com sede nas Caldas?...

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  3. Ainda bem que aqui não há o sacripanta do boneco que diz amen a tudo, virando o cu para a adversidade...mas o que eu retenho é a tese expressa no segundo parágrafo...não foi Faculdade de Letras de Coimbra...não me lembro de nenhuma que tenha escrito algo parecido com a famosíssima "La putain de le Republique" como em França...Em Coimbra, sabiam-se fazer as coisas...(e desta vez ainda bem que não há bonecos...!)

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  4. Nas Caldas ás cinco e meia dizem logo que não pintam nem mais um caralho!

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  5. Gosto desta forma magistral como a Maria Floresta conta tudo em três parágrafos...(boneco da vénia) ;)

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  6. Tens de ir para a escola aprender a contar, seu maroto !

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  7. Por acaso, Charlie. Onde é que tiraste os três... parágrafos?...

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  8. É, o primeiro nem o leu...foi só para aquecer as lembranças..e depois foi por ali fora...contou pelos dedos, chegou ao dedo grande e quer dum lado quer do outro dá sempre três...olha foi a conta que Deus fez...atenção ao serviço, Charlie, que tu até és muito bom nestas coisas, mas estás a ficar distraído (etimológicamente, é claro...)

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Uma por dia tira a azia