05 agosto 2007

O rapaz do canudo mágico



A sua voz tonitruante impunha a sua chegada como os seus anéis e birras a sua árvore genealógica e a sua classe nascesse directamente dos aparos das suas canetas. Do alto dos seus cabelos um nadinha grisalhos todos os seus empregados eram criadas de servir, no sentido que se dava no século XIX, coisa que não lhe criava engulhos que para aprender a ligar o computador e procurar sites pornográficos não precisara de tantos mestres e tempo como para tirar o canudo, mas quase.

O negócio que os pais lhe ofereceram de vender ilusões de paraísos em pacotes sempre lhe permitia atender pessoalmente alguma cliente de voz mais sensual ou pernas mais airosas e ostentar a sua gigantesca fotografia numa praia com palmeiras como se da medalha de um vinho se tratasse.

Aliás, por sua vontade só teria admitido fêmeas mas essa era a quota-parte da sua mãezinha e ficou-se por todos os dias zunir à volta das presentes, medir-lhes os flancos como se faz aos cavalos, escovar-lhes os braços e os dedos com as suas mãos suadas no supremo prazer dos silêncios condescendentes.

A gargalhada geral foi presente da farmacêutica, cinquentona bem aviada de carnes capaz de se vestir na Elena Miro que se encantava com as piscadelas e as piadas brejeirotas do senhor doutor e sempre na ânsia de lhe suprir todas as faltas mandou entregar com pompa e circunstância na loja a nova remessa de comprimidos da cor do estádio do Dragão.

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