25 outubro 2007


Asa esquerda e asa direita, disseste tu. E eu repito-te. Como se me forçasse a acreditar que só assim se faz o voo.

Rio-me. Digo-te que preciso da tua asa direita para equilibrar a minha asa esquerda, como se precisa da fealdade para realçar a beleza.

Porém, não era preciso que me risse. A tua asa direita chega-se a mim e envolve-se na minha asa esquerda; a minha asa esquerda chega de mansinho e insinua-se na tua asa direita.

Podemos então rir os dois das caras de espanto com que nos olham os que não percebem como equilibramos este voo.

E é para a cama onde nos deitamos que levamos as diferenças e as semelhanças e dela, dessa cama que é a nossa, fazemos uma casa.

"São asas. Que só duas fazem voo."

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